Relatório 02

20 a 26 de abril

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O Monitor da Extrema Direita (MED) se transformou no Monitor do Debate Público (MDP). Na verdade, foi uma expansão do projeto original, que contemplava somente grupos focais contínuos de bolsonaristas convictos e moderados. Tornamos mais complexa a combinação dos critérios de seleção de participantes para produzir quatro categorias de grupos:

G1 – Bolsonaristas Convictos: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, aprovam as invasões de 08/01, acreditam que o ex-presidente é perseguido pelas instituições e não assistem à Rede Globo.

G2 – Bolsonaristas Moderados: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, desaprovam as invasões de 08/01, não há consenso sobre o ex-presidente ser perseguido pelas instituições e não rejeitam a Rede Globo.

G3 – Preferências Flutuantes: votaram Branco/Nulo no segundo turno, mas em outros candidatos no primeiro turno. Os demais critérios são diversos.

G4 – Lulodescontentes: votaram em Lula no segundo turno, mas reprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.

G5 – Lulistas: votaram em Lula no segundo turno e aprovam sua gestão. Os demais critérios são diversos.

Dessa maneira, o novo Monitor do Debate Público (MDP) será capaz de captar um escopo bem mais amplo da opinião pública e dos fenômenos que regem o comportamento político no Brasil de hoje.

Nossa metodologia permite que os participantes respondam aos temas colocados no tempo que lhes for mais conveniente, liberdade essa inexistente nos grupos focais tradicionais, que são presos à sincronia do roteiro de temas e questões colocados pelo mediador. O instrumento de pesquisa, assim, se acomoda às circunstâncias e comodidades da vida de cada um, reduzindo a artificialidade do processo de coleta de dados e, portanto, produzindo resultados mais próximos das interações reais que os participantes têm na sua vida cotidiana.

É importante salientar que os resultados apresentados são provenientes de metodologia qualitativa, que tem por objetivo avaliar posicionamentos e opiniões. Mesmo quando quantificados, tais resultados não podem ser tomados como dados estatísticos provenientes de amostragem aleatória, ou seja, as totalizações dos posicionamentos de grupos específicos não devem ser entendidas como dotadas de validade estatística mas como dado indicial.

O sigilo dos dados pessoais dos participantes é total e garantido, assim como sua anuência com a divulgação dos resultados da pesquisa.

Síntese dos Principais Resultados

Entre os dias 20 a 26/04, dois grupos foram monitorados a partir de suas opiniões sobre questões do momento. Compõem esses grupos 36 participantes, todos eleitores de Jair Bolsonaro no segundo turno de 2022, divididos entre bolsonaristas Radicais (G1) e bolsonaristas Moderados (G2).
Cada grupo foi composto de modo a combinar variáveis como sexo, idade, etnia, renda, escolaridade, região de moradia e religião.
Três temas foram explorados ao longo dessa segunda semana: i) o envolvimento do Ministro do GSI, General Gonçalves Dias, nos atos de invasão de 08/01; ii) a votação do STF para tornar réus os manifestantes das invasões de 08/01; e iii) o envolvimento de Jair Bolsonaro, nos atos de invasão de 08/01.
Ao todos, foram analisadas 1406 interações, que totalizaram 4752 palavras.

G1 (Bolsonaristas Radicais) G2 (Bolsonaristas Moderados)
Participação do Ministro do GSI no dia 08/01A maioria no grupo avaliou o general como culpado e alguns até como sendo o líder da invasão, que teria ocorrido por existirem manifestantes infiltrados da esquerda.Quase unanimamente o grupo avaliou que o ministro era culpado e que o fato dele ter pedido demissão, sem tentar se defender era prova disso.
Indiciamento dos Invasores do dia 08/01O grupo avaliou que os invasores deveriam, sim, ser julgados de acordo com seus atos no dia, mas levantou muitos questionamentos acerca de inocentes estarem presos e os verdadeiros culpados soltos. Não houve detalhes de quem seriam esses "verdadeiros culpados", mas a esquerda foi novamente citada.O grupo unanimamente afirmou desejar a punição dos envolvidos, mas pontuando a necessidade de se mensurar os atos de cada um, entre os que estavam "apenas" se manifestando pacificamente e os que destruíram o patrimônio público (com punições mais severas a esses).
Envolvimento de Bolsonaro nos atos do dia 08/01 Majoritariamente o grupo avaliou Bolsonaro como inocente, afirmando categoricamente que ele não estava envolvido nos atos, por amar o país e ser incapaz de qualquer ação fora da constituição. A maioria do grupo avaliou Bolsonaro como inocente, mas alguns pontuaram que sua omissão pode ter sido estímulo aos invasores e que ele deveria ser investigado, para que houvesse certeza de que não se envolveu diretamente.
Pergunta 03
Após a divulgação de vídeos em que aparece dentro do Palácio do Planalto, na invasão do dia 08/01, o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), General Gonçalves Dias, pediu ontem a exoneração do cargo. O que acham disso, ele é culpado ou não??
Culpado!

A maioria dos participantes, de ambos os grupos, julgaram que o general estava envolvido com os atos de 08/01, sendo as imagens mostradas nos vídeos prova indubitável de sua participação no dia e de seu envolvimento com os invasores. Seu pedido de demissão foi visto como uma declaração de culpa.

Alguns participantes defenderam o benefício da dúvida e a necessidade de um julgamento e apuração dos fatos, mas ninguém o considerou inocente.

"Pra mim, ele tem muita responsabilidade sim, pois ele foi nomeado para cuidar da segurança do palácio e não fez! Ta claro nos vídeos que ele interage com as pessoas, ri, conversa com seguranças, ou seja, não existe ali nenhuma represália ou ação dispersiva! Isso deixa claro pra mim que esse ato nada tem a ver com os manifestantes que realmente apoiam o ex-presidente e sim com pessoas que tem interesse em prejudica-lo!" (G1, 39 anos, contadora, BA)

"Bom dia creio que tenha uma parcela sim , se não tivesse os vídeo não teria pedido a exoneração" (G1, 33 anos, assistente administrativa , SP)

"Sim, da pra ver claramente no vídeo que ele tava organizando tudo e dai prenderam muitos inocentes e acredito que tenham políticos envolvidos." (G1, 18 anos, aprendiz, SP)

"Pra mim ele e culpado tanto pelo motivo de as imagens ser claras, quanto pelo motivo que ele nem quis se defender, logo pediu exoneração, pois podia muito bem ir se defender e se explicar antes mesmo de ter pedido, sendo assim assinando sua própria sentença" (G2, 24 anos, eletrotécnico , GO)

"A prova e cabal e irrefutável. Se não tivesse culpa não teria pedido pra sair." (G2, 54 anos, gerente senior, PA)

"No entanto, é importante lembrar que todas as informações e evidências devem ser avaliadas de forma justa e imparcial antes de se chegar a qualquer conclusão sobre a culpa ou inocência do General Gonçalves Dias." (G1, 38 anos, gerente de imobiliária , SP)

Envolvimento da esquerda

Para muitos participantes, o vídeo foi considerado uma prova de que a invasão de 08/01 foi orquestrada pela esquerda, para culpar os manifestantes bolsonaristas.

"Sim, está claro que a ""invasão "",foi forjada! Pessoas foram presas injustamente devido Comunistas estarem infiltrados!" (G1, 42 anos, técninca administrativa, PA)

"Totalmente culpado, todos sabem disso, mas fingem que não sabe, tudo foi facilitado pra forçar um capitólio igual no US. Infelizmente no Brasil não tem mais justiça, estamos refém do judiciário aparelhado pela esquerda!" (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)

"Bom eu penso que foi o povo da esquerda que invadiu o Planalto se passando por apoiadores do Presidente Bolsonaro. A esquerda odeia o Brasil e os Brasileiros, mas nós povo do bem vamos vencer." (G1, 47 anos, secretária, MG)

"A cupula do governo e a Globo devem ta compactuando pra dizer que é fake" (G2, 43 anos, agente de turismo , GO)

"Envolvido até o pescoço, culpado na minha opinião,ele como minstro de estado não deveria está ali tem muita gente do PT envolvida nisso,vai dá muito pano pra manga" (G2, 45 anos, funcionário público, BA)

"É óbvio que ele e culpado e esta claro e ñ e só ele ñ viu o pai dos pobres e tão culpado qto ele pq o chefão da quadrilha estava sabendo de td, foi td armado entre todos eles a gang toda estavam sabendo disso..." (G2, 55 anos, corretora de imoveis, PE)

Pergunta 04
O STF está julgando, desde a semana passada, se as pessoas envolvidas na invasão dos prédios da Praça dos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro, devem se tornar réus em ações criminais. O que vocês pensam sobre esse julgamento? As pessoas envolvidas devem ser punidas?
A favor do julgamento

Em ambos os grupos os participantes mostraram-se favoráveis ao julgamento dos envolvidos nos atos do dia 08/01, pontuando a necessidade apenas de que ele fosse condizente aos atos cometidos, diferenciando invasores de protestantes e daqueles que quebraram e destruíram o patrimônio público.

Houve consenso de que os atos foram prejudiciais à democracia e que seus perpetradores devem ser punidos, a fim de reprimir novas ocorrências.

"As pessoas envolvidas devem ser julgadas e receber uma sentença justa e adequada de acordo com a lei. É importante que as instituições jurídicas e legais do país trabalhem para garantir que a justiça seja feita e que as leis sejam aplicadas de forma justa e consistente para todos os cidadãos. É importante lembrar que a invasão de prédios públicos é uma ação que coloca em risco a segurança e a estabilidade das instituições democráticas, e não pode ser tolerada em uma sociedade que valoriza a democracia e o Estado de Direito." (G1, 38 anos, gerente de imobiliária , SP)

"Acho que devem ser punidos aqueles que aparecem nas imagens, na verdade só as câmeras irão comprovar os verdadeiros responsáveis pelos atos de vandalismo!" (G1, 42 anos, técninca administrativa, PA)

"Eu na minha opiniao acho q sim as atitudes desses vandalos merece puniçao.as autoridades tem q tomar providencia e prender cada um para proteger o planalto .porque isso aconteceu uma vez mas podera acontecer novamente se nao houver cadeia pra esses criminosos." (G2, 29 anos, desempregada, PI)

"Necessitam que TODOS os envolvidos independente de classe social, idade, gênero, escolaridade, etc sejam devidamente punidos pelo vandalismo praticado em nossa capital." (G2, 24 anos, promotora de eventos , DF)

"devem ser punidas as pessoas que depedraram os patrimônios públicos não o que estavam protestando em paz" (G2, 43 anos, motorista de aplicativo , GO)

"Sim ,devem ser punidas. Não importa se são da direita ou da esquerda, foi um ato de vandalismo. Alguns falam há mais não pode punir aqueles que não fizeram nada , só estavam lá manifestando. Só o fato de invadir já é uma infração grave." (G2, 34 anos, técnica de enfermagem , AP)

"Devem sim ser punidos na forma da lei todos os crimes imputados aos envolvidos que depredaram o patrimônio público, criminalmente e civilmente arcando com a restituição dos valores. É incabível a população ser prejudicada sendo tirado dos cofres públicos (que acredito que já foram) os valores das obras ali destruídas." (G2, 26 anos, administrador , GO)

"Apoiar a luta pela democracia é uma coisa, agora quebrar e destruir o patrimônio, eu não acho que foi inteligente da nossa parte!" (G1, 39 anos, contadora, BA)

Insistência na esquerda

No G1 (radicais) houve insistência no argumento de que os vândalos eram pessoas da esquerda e de que os ataques foram orquestrados pelo atual governo.

Muitas falas foram feitas no sentido de buscar "os verdadeiros culpados", uma vez que acreditavam ter sido pessoas da esquerda, com problemas mentais, que invadiram a praça para jogar a culpa no colo dos manifestantes pacíficos da direita.

"Eu acho que as pessoas que estão presas são todas inocentes, ainda mais depois dos vídeos das câmeras do palácio do Planalto, não resta mais dúvidas que foi tudo arquitetado por esse governo que está aí, são tantas provas que vai ser difícil condenar quem está preso desde o dia 08/01/2023. Se existe ainda um resquício de justiça nesse país essas pessoas tem que estar livre imediatamente e colocar na cadeia os verdadeiros culpados pelo vandalismo." (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)

"E as pessoas que foram presas não estiveram no palácio do Planalto, foram presas quem estava no acampamento no QG de Brasília, pessoas que não tem nada a ver com o vandalismo, que foram enganadas pra entrar nos ônibus com promessa que os deixariam fora da cidade e na verdade foram covardemente presas, inclusive crianças e idosos com mais de 80 anos." (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)

"A esquerda planejou e realizou, agora tem que arcar com as consequências." (G1, 47 anos, secretária, MG)

"Manifestações pacíficas e sem vandalismo eu apoio, mas o que aconteceu no dia 8/01/2023 foi uma armação contra os patriotas, que são pacificadores, famílias com crianças e idosos que estavam no acampamento, quem fez o vandalismo está bem claro nos vídeos que foram liberados essa semana, só que no Brasil a direita não tem vez e nem voz, porque nosso país está aparelhado pela extrema esquerda que já tá sendo considerada uma doença mental segundo um livro de psiquiatria americano." (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)

Pergunta 05
Algumas pessoas consideram o ex-presidente Bolsonaro um dos responsáveis por estimular os atos do 8 de janeiro. Vocês acreditam que ele esteja envolvido? Deve ser investigado?
Bolsonaro é inocente

A maioria dos participantes avaliou que Bolsonaro é inocente, argumentando que ele ama o país, que sempre agiu em acordo com a constituição e que não estava no Brasil no dia, fatores que o isentariam totalmente de qualquer culpa pelos atos do dia 08/01.

A esquerda foi reiteradamente acusada de arquitetar uma armação para incriminar os manifestantes "de bem" que estavam em Brasília.

"Não acredito que ele esteja envolvido, ele ama o Brasil." (G1, 47 anos, secretária, MG)

"Eu não acredito que ele está envolvido não ele foi um ótimo presidente para o Brasil ele cuido com muito amor e lutou até o final." (G1, 26 anos, especialista em TI, PR)

"Eu não acredito nisso, ele nunca saiu das quatro linhas da constituição, jamais iria se envolver com esse vandalismo, isso é tudo armação desse novo governo." (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)

"eu acredito que ele não está envolvido, deixe investigar quem não deve teme não vai achar nada ele é um homem íntegro e justo." (G1, 48 anos, do lar, SP)

"Não havia o que ser estimulado, uma vez que ao meu ver, esses atos foram armados justamente para incrimina-lo! O tempo todo ele se manteve longe de holofotes, justamente por ter percebido a armação e não se prejudicar! Mas, essas pessoas já tinha bem claro a ideia e fizeram toda aquela quebradeira para agravar e sujar a imagem do Presidente! Ele é inocente! É um homem de bem!" (G1, 39 anos, contadora, BA)

"Também não acredito, não é porque eram apoiadores dele, que ele teria organizado o ato. Acredito que que quem organizou é colocou em prática que tem que ser investigado." (G2, 31 anos, contadora, BA)

"Também não acredito isso pra mim foi da esquerda para culpar o ex presidente todos viram o vídeo um absurdo agora tudo é culpa do ex presidente perseguição" (G2, 43 anos, motorista de aplicativo , GO)

"Eu acho que Bolsonaro não está envolvido não, nem aqui no Brasil ele estava." (G2, 39 anos, administradora, BA)

"Acredito que não esteja envolvido, mesmo estando diversos apoiadores estando no local, porem envolvimento direto não..." (G2, 24 anos, eletrotécnico , GO)

A favor do julgamento

Alguns (poucos) participantes, mesmo considerando Bolsonaro inocente, apoiaram a ideia de que fosse julgado.

Dois motivos foram elencados: i) para evidenciar sua inocência e ii) por considerarem que, mesmo indiretamente, sua omissão perante os atos e seu comportamento depois da eleição podem ter motivado a invasão.

"Então, acho que devem ser investigado, porque se ele for o culpado com certeza haverá provas, tem vários meios de se comprovar ou não a culpa dele nisso, pelo que vi até hoje acredito que não tenha" (G2, 28 anos, autonôma, DF)

"Acredito que ele não e o principal mentor e articulador dessa invasão . contudo ele tem sim uma grande parcela de culpa. Pois com certeza ele sabia dessa articulação para a invasão e não tomou nenhum posicionamentos contra. E portanto deve tamber ser julgado e caso sentenciado deve pagar por sua parcela de culpa" (G2, 54 anos, gerente senior, PA)

"Acredito que sim , que ele esteve envolvido na situação, não de forma direta , ele agiu ali camuflado." (G2, 34 anos, técnica de enfermagem , AP)

"Acredito que sim, ele tem algum envolvimento de influência aos seus apoiadores pelo motivo de ter permanecido calado e não ter aceitado a vitória de Lula. Acho se ele tivesse aceito a derrota, talvez não teria chegado a esse ponto de vandalismo. Também é preciso ser investigado outros tipos de envolvimentos diretos." (G2, 26 anos, administrador , GO)

"eu acredito que Jair Bolsonaro (PL) teve algum grau de responsabilidade pelos atos de vandalismo que aconteceram em Brasília no dia 8 de Janeiro, e deve ser investigado sim!" (G1, 16 anos, técnica em computação, SE)

"Na minha opinião sim tem a sua parcela de culpa pois com certeza deve ser investigado pois ele derrepente não estava ligado diretamente no ato mas estava a par de tudo e deixou a acontecer todo o ato. Ou até mesmo ele pode ser a cabeça que planejou junto tudo aquilo .então deve sim ter uma investigação pra por tudo a tona seja culpado ou não" (G1, 38 anos, vendedor, RS)

Considerações Finais

A análise dos resultados mostra que o tema dos atos terroristas de 8 de janeiro já divide os bolsonaristas e tem o potencial de se tornar ainda mais divisivo.

As falas dos participantes revelam um paradoxo, pois sua adesão em geral, de radicais e moderados, a uma concepção "lei e ordem" de justiça os força a majoritariamente condenar os atos e a apoiar a investigação, julgamento e condenação dos culpados. A maneira como muitos evitam o paradoxo é culpar a esquerda pelos atos, mas esse argumento se tornaria mais frágil à medida que houvesse mesmo investigação, identificação, e punição de culpados.

Os resultados também mostram que os bolsonaristas continuam a ter acesso a narrativas alternativas sobre os fatos, ou seja, seu sistema de comunicação continua operando, ainda que não saibamos exatamente como.

A avaliação acerca da culpabilidade do ex-presidente dividiu de fato os grupos entre os radicais, que o isentaram majoritariamente, e os moderados, com vários participantes concebendo a possibilidade de real envolvimento ou de responsabilização por omissão. Assim como no caso anterior, a investigação e maior exposição pública do envolvimento de Bolsonaro com os atos potencializaria o efeito divisivo desse tema.

A produtividade do efeito divisivo, logicamente, depende da permeabilidade da esfera comunicativa bolsonarista a narrativas vinda "de fora", do sistema de justiça e de alguns órgãos de mídia.

Distribuição da Participação
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Monitor da Extrema Direita

Os temas da semana são: (1) Investigações sobre os depósitos an

As técnicas tradicionalmente utilizadas para investigar a opinião pública são os surveys e os grupos focais. Ambas são muito úteis, mas têm com limitações da ordem prática e orçamentária, particularmente se deseja realizar um monitoramento contínuo.

O Monitor do Debate Público (MDP) é baseado em uma metodologia inovadora para monitorar de modo dinâmico a opinião pública e suas clivagens no que toca temas, preferências, valores, recepção de notícias etc.

O MDP é realizado por meio de grupos focais de operação contínua no WhatsApp, com participantes selecionados e um moderador profissional.

Assim como na metodologia tradicional de grupos focais, os grupos contínuos no WhatsApp do MDP permitem que o moderador estimule o aprofundamento de temas sensíveis e difíceis de serem explorados por meio de pesquisas quantitativas ou mesmo pela aplicação de questionários estruturados.

O caráter assíncrono dos grupos do MDP, possibilitado pela dinâmica da comunicação no WhatsApp, permite respostas mais refletidas por parte dos participantes, o que é adequado para eleitoral, dado que o voto é também uma decisão que demanda reflexão.

Por sua natureza temporal contínua, grupos focais do MDP são propícios para criar situações deliberativas, nas quais as pessoas se sentem compelidas a elaborar suas razões a partir das razões dadas por outros participantes do grupo.

O telefone celular é hoje o meio mais democrático e acessível de comunicação. Assim, a participação nos grupos do MDP não requer o uso de computador ou mesmo que os participantes interrompam suas atividades para interagirem entre si.

Equipe MDP

Carolina de Paula – Diretora geral

Doutora em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Coordenou o IESP nas Eleições, plataforma multimídia de acompanhamento das eleições 2018. Foi consultora da UNESCO, coordenadora da área qualitativa em instituto de pesquisa de opinião e big data, atuando em diversas campanhas eleitorais e pesquisas de mercado. Realiza consultoria para desenho de pesquisa qualitativa, moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade. Escreve no blog Legis-Ativo do Estadão.

João Feres Jr. – Diretor científico

Mestre em Filosofia Política pela UNICAMP e mestre e doutor em Ciência Política pela City University of New York, Graduate Center. Foi professor do antigo IUPERJ de 2003 a 2010. É, desde 2010, professor de Ciência Política do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP-UERJ). Coordenador do LEMEP, do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA) e do Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB).

Francieli Manginelli – Coordenadora de recrutamento

Cientista Social e mestre em Sociologia pela UFPR, com experiência em relações de consumo e estratégias de comunicação. Possui formação em UX Research e cursos de gestão e monitoramento de redes sociais e estratégias eleitorais, mídias digitais e gerenciamento de redes. Possui experiência em pesquisas de mercado e campanhas políticas. Realiza moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade.

André Felix – Coordenador de TI

Mestre em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Tem experiência em planejamento e desenvolvimento de sistemas computacionais de pequeno e médio porte, manutenção de servidores web e possui especialização em modelagem e implementação de bancos de dados relacionais.