Relatório 107

De 8 a 14/9

Temas:

  • Declarações de Tarcísio de Freitas
  • Reações às falas dos Ministros
  • Condenação de Jair Bolsonaro
Realização:
Apoio:
Metodologia

O Monitor da Extrema Direita (MED) se transformou no Monitor do Debate Público (MDP). Na verdade, foi uma expansão do projeto original, que contemplava somente grupos focais contínuos de bolsonaristas convictos e moderados. Tornamos mais complexa a combinação dos critérios de seleção de participantes para produzir quatro categorias de grupos:

G1 – Bolsonaristas Convictos: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, aprovam as invasões de 08/01, acreditam que o ex-presidente é perseguido pelas instituições e não assistem à Rede Globo.

G2 – Bolsonaristas Moderados: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, desaprovam as invasões de 08/01, não há consenso sobre o ex-presidente ser perseguido pelas instituições e não rejeitam a Rede Globo.

G3 – Preferências Flutuantes: votaram Branco/Nulo no segundo turno, mas em outros candidatos no primeiro turno. Os demais critérios são diversos.

G4 – Lulodescontentes: votaram em Lula no segundo turno, mas reprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.

G5 – Lulistas: votaram em Lula no segundo turno e aprovam sua gestão. Os demais critérios são diversos.

Dessa maneira, o novo Monitor do Debate Público (MDP) será capaz de captar um escopo bem mais amplo da opinião pública e dos fenômenos que regem o comportamento político no Brasil de hoje.

Nossa metodologia permite que os participantes respondam aos temas colocados no tempo que lhes for mais conveniente, liberdade essa inexistente nos grupos focais tradicionais, que são presos à sincronia do roteiro de temas e questões colocados pelo mediador. O instrumento de pesquisa, assim, se acomoda às circunstâncias e comodidades da vida de cada um, reduzindo a artificialidade do processo de coleta de dados e, portanto, produzindo resultados mais próximos das interações reais que os participantes têm na sua vida cotidiana.

É importante salientar que os resultados apresentados são provenientes de metodologia qualitativa, que tem por objetivo avaliar posicionamentos e opiniões. Mesmo quando quantificados, tais resultados não podem ser tomados como dados estatísticos provenientes de amostragem aleatória, ou seja, as totalizações dos posicionamentos de grupos específicos não devem ser entendidas como dotadas de validade estatística mas como dado indicial.

O sigilo dos dados pessoais dos participantes é total e garantido, assim como sua anuência com a divulgação dos resultados da pesquisa.

Síntese dos Principais Resultados

Entre os dias 8 a 14/9, cinco grupos foram monitorados a partir de suas opiniões sobre questões candentes do debate público. Compõem esses grupos 50 participantes. Todos os grupos foram montados de modo a combinar variáveis como sexo, idade, etnia, renda, escolaridade, região de moradia e religião em proporções similares às da população brasileira.
Cada grupo possui características únicas. São elas:
G1 – Bolsonaristas Convictos: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, aprovam as invasões de 08/01, acreditam que o ex-presidente é perseguido pelas instituições e não assistem à Rede Globo.
G2 - Bolsonaristas Moderados: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, desaprovam as invasões de 08/01, não há consenso sobre o ex-presidente ser perseguido pelas instituições e não rejeitam a Rede Globo.
G3 – Preferências Flutuantes: votaram Branco/Nulo no segundo turno, mas em outros candidatos no primeiro turno. Os demais critérios são diversos.
G4 – Lulodescontentes: votaram em Lula no segundo turno, mas reprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.
G5 - Lulistas - votaram em Lula no segundo turno e aprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.
Evangélicos - Compusemos também um "grupo virtual" formado pela agregação das falas dos participantes evangélicos, a fim de capturar tendências específicas da opinião desse contingente demográfico.

Ao longo do período, três temas foram abordados: i) posicionamento de Tarcísio de Freitas durante atos do Dia da Independência; ii) reações às falas dos ministros Flávio Dino e Alexandre de Moraes, no primeiro dia de leitura das sentenças de Bolsonaro; iii) considerações sobre a condenação de Jair Bolsonaro e demais acusados.

Ao todo, foram analisadas 203 interações, que totalizaram 8.706 palavras

Bolsonaristas Convictos Bolsonaristas Moderados Eleitores Flutuantes Lulodescontentes Lulistas Evangélicos
Declarações de Tarcísio de Freitas O grupo apoiou unanimemente as manifestações e falas de Tarcísio. Alguns desconfiaram das suas reais intenções, avaliando-as como eleitoreiras. As falas foram vistas de modo positivo, como defesa essencial de Bolsonaro, mas também interpretadas como movimento estratégico e eleitoreiro de Tarcísio. O grupo criticou as manifestações, classificando-as de antidemocráticas. O discurso de Tarcísio foi taxado de oportunista, que busca se alinhar com o lado mais conveniente. As manifestações foram percebidas como perda de tempo e reforço de mentiras, e Tarcísio foi chamado de oportunista, antidemocrático e já em campanha presidencial. As falas foram vistas como expressão do alinhamento de Tarcísio à extrema direita e como estratégia para se aproximar da base bolsonarista, reforçando discursos radicais e sem fundamento. Os participantes elaboraram suas respostas alinhados a seus grupos de pertencimento.
Julgamento de Bolsonaro O julgamento foi interpretado como farsa e perseguição política, reforçando narrativas de fraude e parcialidade. As falas de Moraes e Dino foram execradas, interpretadas como teatrais, enviesadas e usadas para justificar uma condenação previamente decidida. Predominou a percepção de que não havia provas suficientes e que o processo era enviesado, embora houvesse também expectativa de absolvição ou reconhecimento da injustiça da condenação. As falas dos ministros foram avaliadas como parciais, demonstrando posição pessoal contra Bolsonaro e os acusados. O grupo apresentou uma divisão: parte apoiou as falas dos ministros, considerando-as corretas e necessárias para punir os envolvidos, enquanto outra parte criticou a falta de imparcialidade e considerou o julgamento político. Assim, as falas foram vistas tanto como legítimas quanto como prova de perseguição. Majoritariamente o grupo adotou posições favoráveis às falas de Moraes e Dino, sustentando que os atos foram graves e que a condenação era necessária para garantir justiça e evitar a impunidade. A maioria defendeu que os planejadores e lideranças deveriam receber punições mais severas. Houve forte apoio às falas de Moraes e Dino, vistas como firmes, claras e fundamentais para legitimar as punições, embora alguns destacassem que apenas os menores seriam penalizados. O tom predominante foi de valorização das falas como peça central para expor a autoria dos crimes e reforçar a necessidade de justiça. Os participantes elaboraram suas respostas alinhados a seus grupos de pertencimento.
Condenação de Bolsonaro Foi interpretada como produto de manipulação e perseguição política, conduzida de forma a retirar Bolsonaro do cenário eleitoral. Houve consenso de que o resultado era previsível e encomendado, visto como parte de um processo parcial e direcionado. Apareceram expectativas em torno de recursos e possíveis reviravoltas. As opiniões dividiram-se entre a percepção de perseguição e manipulação jurídica e a defesa de que a condenação foi justa. Em comum, predominou a descrença na efetividade das penas, com expectativa de recursos. Predominou a aprovação do julgamento, visto como correto e justo, ainda que permeado de dúvidas sobre a real aplicação das penas. Houve confiança simbólica na decisão, mas ceticismo quanto ao cumprimento integral. O julgamento foi celebrado como justo, histórico e necessário, tanto pela tentativa de golpe quanto pelo legado da pandemia. As falas uniram alívio, desejo de punição exemplar e expectativa de responsabilização mais ampla. Os participantes formularam suas respostas de acordo com seus grupos de pertencimento.
Pergunta 75
Ocorreram ontem, 7/9, diversos desfiles e manifestações pelo país, motivados pelo dia da Independência. Em São Paulo, o governador Tarcísio de Freitas, que vinha apresentando uma postura mais moderada, mudou seu posicionamento e defendeu a anistia para Jair Bolsonaro, réu por golpe de Estado, e criticou o que chamou de ""tirania"" do ministro Alexandre de Moraes, do STF, relator do processo contra o ex-presidente. Tarcísio questionou as provas reunidas no processo por golpe de Estado e chamou de ""mentirosa"" a delação de Mauro Cid, ex-ajudante de Bolsonaro que colaborou com as investigações. Vocês acompanharam as manifestações de ontem? O que pensam sobre as falas de Tarcísio de Freitas?
Mobilizações expressivas e legítimas

Nos grupos 1 e 2 (bolsonaristas convictos e moderados) prevaleceu uma percepção positiva tanto das manifestações de 7 de setembro quanto do posicionamento de Tarcísio de Freitas. As mobilizações foram descritas como expressivas, grandiosas e legítimas, interpretadas como sinais de força política e de união em torno da defesa de Bolsonaro. Esse entusiasmo esteve diretamente associado à leitura de que a participação popular reforçava a narrativa de injustiça contra o ex-presidente e criava condições para pressionar instituições a reverem decisões. A legitimidade atribuída aos atos, portanto, não se limitou ao caráter cívico da data, mas foi ampliada pela associação a uma luta política vista como necessária, reforçando um sentimento de orgulho e pertencimento.

Em relação às falas de Tarcísio, os dois grupos demonstraram aprovação, entendendo-as como firmes, coerentes e alinhadas ao que se esperava de uma liderança próxima ao bolsonarismo. Houve a valorização de sua defesa explícita da anistia e das críticas às provas reunidas contra Bolsonaro, vistas como frágeis ou manipuladas. Ao mesmo tempo, embora houvesse um reconhecimento de sua importância política — por governar o maior estado do país e dar visibilidade à causa —, também surgiu a ressalva de que sua postura poderia estar ligada a cálculos eleitorais. Assim, os grupos oscilaram entre a admiração por sua coragem em se posicionar e a cautela quanto à sinceridade de suas intenções, mantendo, contudo, um consenso em torno do apoio ao conteúdo de suas falas.

"Sim, eu acompanhei a manifestação pelas redes sociais X e Instagram, foi gigantesca em toda cidade que teve. Achei que o governador Tarcísio foi bastante firme nas palavras, em defesa da anistia para os presos políticos e o presidente Bolsonaro. As palavras dele foram bastante impactantes porque ele governa o maior estado do Brasil e isso tem um peso muito grande, falou as verdades que o Xandão tinha que ouvir, acredito que possa ter mudança nesse julgamento depois do 7 de setembro porque foi gigantesca e isso não tem como esconder do Brasil e do mundo.""" (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)

"Acompanhei pela redes sociais e achei bem acertada as palavras de Tarcísio, e concordo firmemente com ele.""" (G1, 38 anos, assistente administrativo , AM)

"Eu vi pelo YouTube, alguma coisa no Instagram, e o verde e amarelo foi lindo de se ver! A nossa bandeira nunca foi e nunca será vermelha! Tarcísio tomou a decisão certa, foi coerente. Mas dizer que confio nele, aí já é outra coisa." (G1, 64 anos, empresário, PR)

"Acompanhei sim e concordo plenamente com Tarcísio,e com certeza o Mauro teve seus incentivos para fazer aquela delação.""" (G2, 54 anos, aposentado, PB)

"Acompanhei e acho que ele está certo,isso deve ser investigado mais a fundo." (G2, 26 anos, vendedora , AL)

"Vi um corte no Instagram sobre as falas de Tarcísio. No meu ponto de vista,o governador de São Paulo está honrando e defendendo o ex-presidente Bolsonaro com unhas e dentes, até que todos provem ao contrário, não deixarei de acreditar em Tarcísio como um apoio moral enorme a Jair Messias.""" (G2, 42 anos, assistente logístico , PE)

Alienação e uso indevido da data

Nos grupos 3, 4 e 5 (eleitores flutuantes, lulodescontentes e lulistas) apareceram percepções convergentes marcadas pelo ceticismo e pela crítica às manifestações de 7 de setembro e às falas de Tarcísio de Freitas. As mobilizações foram vistas como sinais de alienação, perda de relevância ou uso indevido de uma data cívica para fins políticos, reforçando a ideia de desgaste da pauta bolsonarista. De modo geral, os participantes interpretaram esses atos como instrumentos de pressão ilegítima sobre as instituições, voltados a garantir impunidade para Bolsonaro e seus aliados, e não como expressão genuína da sociedade. Esse tom descrente se combinou a sentimentos de indignação diante da repetição de estratégias políticas entendidas como manipuladoras.

Em relação a Tarcísio, predominou a leitura de que suas falas refletiam cálculo político e não convicção, seja para agradar a base bolsonarista, seja para projetar-se nacionalmente como candidato presidencial. Ele foi caracterizado como oportunista, sem firmeza ética, e até mesmo como representante da extrema direita, em sintonia com os discursos mais radicais do bolsonarismo. Dessa forma, os grupos rejeitaram sua imagem de moderação, interpretando seu alinhamento público à defesa da anistia como uma estratégia eleitoral e não como gesto de coerência. Essa percepção consolidou um consenso crítico: tanto as manifestações quanto a atuação do governador serviam para aprofundar divisões e fragilizar a credibilidade institucional.

"Boa tarde, acompanhei um pouco pois a manifestação foi muito perto da minha casa (moro perto da prefeitura). Teve também evento em comemoração ao 7 de setembro, tudo lá perto, então foi difícil saber se o movimento de pessoas e o trânsito parado era só pela manifestação ou pelos 2 eventos. Eu acho que Tarcísio de Freitas tá naquela de torcer pro time que tá ganhando. Ele talvez esteja vendo que tem muita chance de. Bolsonaro com Conseguir a anistia, então mudou o discurso" (G3, 37 anos, médica veterinária , PR)

"Vi algumas matérias e até fiquei confusa pois eu estava achando que seria uma manifestação contra a anistia e me surpreendeu que foi a favor da anistia e tinha muita gente, bem mais que a que teve contra, pois no fim acabou tendo as duas manifestações. O mais engraçado de tudo é que tem mais gente contra ou favor de corruptos do que gente na rua manifestando pelos nossos direitos, é revoltante ver um bando de alienados. A história sempre a mesma ... no caso do Tarcísio so esta do lado de quem hoje está lhe favorecendo." (G3, 36 anos, autônoma, SP)

"Não acompanhei muito próximo as manifestações, mas pelo que pude ver sobre o assunto continuam seguindo a mesma linha desde o inicio de desqualificar a investigação e até mesmo os ministros, o que discordo pois estão sempre questionando a autoridade do STF sem provas concretas, isso está rachando o país e piorando a situação da população." (G4, 36 anos, instrutor de informática , SP)

"Não estou acompanhando pois nos sabemos que isso tudo não vai da em nada e quanto ao Governador de São Paulo e tão sem vergonha quanto o ex Presidente e farinha do mesmo saco lógico que vai devender o amigo dele pois é tão safado como ele" (G4, 53 anos, dona de casa, BA)

"Acho ótimo que o Tarcísio se posicione como realmente é: alguém da extrema direita. Esse papel de Tarcisío moderado e que poderia ser a melhor opção para a direita estava me irritando muito, fica claro que de moderado ele não tem nada. Até agora eu ainda não engoli a questão da equipe de segurança desse ser que assasinou o Felipe, jovem morador de Paraisópolis que estava desarmado e indefeso. Isso só demonstra o caráter e também o pensamento que ele tem sobre a periferia, corraborado pelo seu secretário de segurança, que vem cometendo verdadeiras chacinas no Estado inteiro. Enfim, que a esquerda consiga utilizar desse discurso para mostrar quem é o verdadeiro Tarcísio e o que ele defende.""" (G5, 33 anos, tradutor, SP)

"não acompanhei nenhuma manifestação, mas minha colega me enviou alguns vídeos de manifestações que ocorreram aqui na cidade (eu n assisti nenhum). ele como uma pessoa pública, governador, não deveria expor sua opinião dessa forma, ainda mais considerando que é uma opinião burra. mas é bom que cada vez mais esse tipo de gente fale mesmo, para que assim, conseguirmos enxergar mais e mais eles, e para que mais pessoas vejam como os bolsonaristas agem e abram os olhos." (G5, 21 anos, auxiliar administrativa, RO)

Pergunta 76
Começou nesta terça-feira (9) a fase da leitura dos votos dos ministros do STF no julgamento do ex-presidente Bolsonaro e demais acusados. Algumas falas de Alexandre de Moraes e Flávio Dino geraram repercussão. Alexandre de Moraes afirmou: “Esse julgamento não discute se houve ou não tentativa de golpe, discute a autoria"". Sobre o plano “Punhal Verde e Amarelo (plano de assassinato de Lula e Alckmin, atribuída a generais do Exército Brasileiro, com suposto apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro), os ministros disseram: “Isso não foi impresso numa gruta, isso não foi impresso escondido numa sala de terroristas, isso foi impresso no Palácio do Planalto” (Moraes) e “O nome do plano não era 'Bíblia Verde e Amarela', era 'Punhal Verde e Amarelo’ e nenhuma manifestação foi realizada em porta de igrejas, mas em frente a quartéis” (Dino). Os dois ministros votaram pela condenação de todos os envolvidos. Vocês seguem acompanhando o julgamento? O que acham dessas falas dos ministros?
Manifestações enviesadas, teatrais e planejadas

Nos grupos 1 e 2 (bolsonaristas convcitos e moderados), prevaleceu a visão de que o julgamento já estava decidido desde o início e que se tratava de um processo conduzido de forma política e parcial. As falas de Moraes e Dino foram interpretadas não como argumentos técnicos ou jurídicos, mas como manifestações enviesadas, teatrais e direcionadas a reforçar uma narrativa de perseguição a Bolsonaro. A ideia central foi a de que não havia provas suficientes para sustentar uma condenação, mas que os ministros utilizavam interpretações e discursos fortes para justificar um resultado previamente combinado.

Nesses grupos, a percepção de injustiça foi acompanhada de descrença profunda nas instituições, reforçando o entendimento de que o julgamento tinha como objetivo retirar Bolsonaro da disputa política futura e consolidar o poder da esquerda. Prevaleceu um discurso de deslegitimação do processo e de vitimização de Bolsonaro.

"Julgamento ridículo e enganoso. Só mentira atrás de mentira. Uma grande vergonha" (G1, 27 anos, microempreendedora, MG)

"Boa tarde! Eu acho que independente de julgamento ou não, a condenação já está na cara, e esses dois não eram pra estar nesse julgamento porque vivem falando que Bolsonaro é um golpista, o outro chamou de diabo, o que esperar desses dois, apenas a condenação e assim será com os demais, até o Fux que hoje está divergindo não é porque é bonzinho, está com medo da lei Magnistsky, esse país se tornou uma piada de muito mal gosto, com tantos inquisidores no poder, não se pode esperar mais nada de bom da parte desses que eram pra proteger a constituição, se não vier uma solução dos Estados Unidos, estamos perdidos, é minha opinião." (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos, RJ)

"Urnas que são controladas pelo STF? Bolsonaro se elegeu em 2018 pq o sistema não acreditava na força do povo conservador. Agora que já conhecem não vão mais deixar eleger ninguém que não seja da panela deles." (G1, 54 anos, músico, RS)

"Bom dia. Acho que tudo é suposição, eles não tem nada que prove de fato que o Presidente Jair Bolsonaro tenha feito tudo isso de que é acusado." (G2, 54 anos, aposentado, PB)

"Boa tarde. Estou acompanhando o desenrolar desse julgamento. Continuo na esperança que o ex-presidente Bolsonaro não seja condenado, apesar da culpa que o magistrado lhe impõem. Vou continuar na torcida pela absolvição de Bolsonaro." (G2, 42 anos, assistente logístico, PE)

"Boa noite, essas falas só demonstram que os ministros tem uma parcialidade ou algo pessoal contra os envolvidos no processo." (G2, 26 anos, autônomo, DF)

Pronunciamentos fundamentais

Entre os grupos 3, 4 e 5 (eleitores flutuantes, lulodescontentes e lulistas) houve valorização das falas dos ministros, destacando-se uma percepção de que os pronunciamentos de Moraes e Dino foram fundamentais para evidenciar a gravidade dos atos ocorridos e justificar punições severas. Nessas falas, os ministros foram vistos como atores que conseguiram construir uma narrativa clara, acessível e cronológica, capaz de desconstruir a defesa dos acusados e mostrar o caráter golpista das ações. Mesmo quando surgiram ponderações sobre a necessidade de diferenciar níveis de responsabilidade entre os envolvidos, prevaleceu a ideia de que a condenação era indispensável para afirmar a autoridade das instituições e para evitar que atos antidemocráticos permanecessem impunes.

Ao mesmo tempo, nesses grupos também apareceu uma preocupação com a legitimidade e a eficácia do julgamento, especialmente em relação à morosidade do processo e ao risco de que apenas os participantes de menor expressão política fossem efetivamente responsabilizados. Ainda assim, o tom predominante foi de confiança maior no STF, reconhecendo que as falas firmes e diretas dos ministros reforçaram a gravidade da tentativa de golpe e ajudaram a sustentar a imagem de um processo necessário para a proteção da democracia.

"Bom dia. Acho válida e correta a fala e postura de ambos. Os barraqueiros e baderneiros tem que ser punidos." (G3, 37 anos, assistente administrativa, MG)

"Boa Noite, não estou mais acompanhando. Mas não acredito que será um julgamento adequado, já que não existe imparcialidade." (G3, 45 anos, turismóloga, RJ)

"Espero que sejam condenados, é um grande absurdo o que fizeram e achei muito pertinente as falas de Dino e Alexandre de Moraes. Que a justiça seja feita!" (G4, 49 anos, artesã, CE)

"Acompanhei alguns vídeos sobre as falas e aí entendi o motivo da Justiça demorar tanto no Brasil. Só espero que quem realmente tenha culpa seja punido, e as pessoas que só entraram em uma cilada achando que estavam participando de uma simples manifestação não sejam punidas tão severamente." (G4, 32 anos, engenheiro mecânico, BA)

"Acho as falas essenciais para exemplificar o porquê das punições serem severas e incluírem todos os envolvidos nessa tentativa de golpe e também pelo incentivo do ataque terrorista ao Congresso. É muito bom que esses depoimentos sejam firmes e desconstruam toda a tentativa de defesa dos réus." (G5, 33 anos, tradutor, SP)

"Boa noite. Estou totalmente de acordo com as falas dos Ministros, acho muito importante transmitir a verdade com falas claras sem termos jurídicos para que todos os brasileiros possam pelo menos enxergar um pouco do terror que foi e está sendo isso tudo." (G5, 21 anos, auxiliar administrativa, RO)

"Boa noite! Eu acompanhei alguns cortes do julgamento, achei muito justo e correto no meu ponto de vista. Tudo que foi dito foi necessário, foi muito técnico, cheio de detalhes." (G5, 28 anos, gerente comercial, AM)

Pergunta 77
O ex-presidente Jair Bolsonaro e outros sete réus foram condenados por participação na tentativa de golpe de Estado em 2022. A maioria dos ministros da Primeira Turma concluiu pela punição, da forma como proposta pela Procuradoria-Geral da República. Além de tempo de prisão, os ministros definiram uma série de efeitos civis e administrativos para os réus, como inelegibilidade, perda de cargos e mandatos, pagamento de indenização por danos morais coletivos. O que vocês acharam do julgamento? E como avaliam que Bolsonaro e aliados devem enfrentar essa decisão?
Fraude, armação e perseguição política

Nos grupos 1 e 2 (bolsonaristas convictos e moderados), prevaleceu a mesma leitura vigente desde o início das acusações: de que o julgamento não possuía legitimidade, sendo interpretado como parte de uma engrenagem já montada para condenar Bolsonaro e seus aliados. A percepção compartilhada foi a de que havia um roteiro previamente definido, no qual provas e argumentos jurídicos eram secundários diante do objetivo político de retirar o ex-presidente do cenário eleitoral. Essa narrativa reforçou o sentimento de descrédito em relação às instituições, que foram vistas como atuando de forma parcial e persecutória, em clara desconexão com a ideia de justiça imparcial. Alguns participantes do grupo 3 (eleitores flutuantes) partilhavam desse posicionamento, dando respostas, inclusive, baseadas em desinformação.

Ainda que dominados pela indignação, os grupos também expressaram expectativa de que a decisão pudesse ser contestada no futuro. A aposta em recursos ou em reviravoltas políticas funcionava como uma válvula de esperança frente à percepção de injustiça. Nesse ponto, destacou-se no segundo grupo a ideia de que a busca pela anistia poderia se tornar um movimento significativo, caso viesse a reverter a condenação — percepção que ampliava a crítica ao julgamento para além do momento presente, projetando a disputa em termos de estratégia e futuro político.

"Bom dia esse julgamento foi uma fraude para tirar Bolsonaro do caminho deles,até mesmo o Fux falou que as provas que juntaram estava todas desorganizadas que eles levariam 48 anos p juntar td aquilo de provas ou seja até o Fux deixou bem claro que era uma perseguição,agora só resta os advogados deles recorem." (G1, 57 anos, confeiteira, PE)

"Esse julgamento foi uma farsa e todos nós sabemos que tudo foi planejado no dia 8 de janeiro para culpar o nosso presidente Jair Messias Bolsonaro, o que me deixa encucado é por que os deputados e senadores não têm poder para anular essa condenação, foi um julgamento cheio de mentiras e parcialidade." (G1, 45 anos, padeiro, PB)

"Boa tarde! Isso não foi um julgamento, foi uma inquisição onde os réus inocentes, independente de provas que já estavam condenados mesmo antes do julgamento. Isso que se viu foi a maior injustiça já feita na última instância o STF. Só um milagre pra salvar esses inocentes dessa perseguição política nunca vista na história do Brasil." (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos, RJ)

"Esse julgamento foi pedra cantada,todos sabiam o resultado ,antes mesmo dele acontecer. Agora é esperar para ver o que vai acontecer." (G2, 54 anos, aposentado, PB)

"Achei que foi encomendado. Estou chocada com o desenrolar. Vamos aguardar no que vai dar. Eles devem recorrer da sentença." (G2, 43 anos, professora, SP)

"Olá Boa noite. Eu achei péssimo demais para o Brasil como uma nação democrática,tudo o que era democrático aqui nesse foram pelas cucuias. O STF julgou pessoas inocentes, condenando por pura perseguição política, o que acontecerá daqui por diante não sabemos." (G2, 42 anos, assistente logístico, PE)

Alívio, justiça simbólica e desejo de punição exemplar

Nos grupos 3, 4 e 5 (eleitores flutuantes, lulodescontentes e lulistas), foi possível observar uma presença significativa de falas que aprovaram o julgamento e comemoraram a condenação, mesmo quando acompanhadas de diferentes graus de entusiasmo. No grupo 3 as opiniões se mostraram mais divididas, mas a maioria apoiou a decisão, vista como correta e necessária. Nos grupos 4 e 5, esse apoio se consolidou de forma mais enfática: o julgamento foi interpretado como justo, histórico e como um marco de responsabilização diante de atos considerados antidemocráticos e de condutas anteriores de Bolsonaro, especialmente durante a pandemia.

Apesar do tom de celebração e da confiança simbólica de que o julgamento representava um passo importante, predominou nos três grupos uma descrença generalizada quanto à efetividade prática da punição. A expectativa de que os réus recorreriam e de que as penas poderiam ser reduzidas ou anuladas gerou a percepção de que a condenação não se traduziria integralmente em cumprimento real. Dessa forma, mesmo entre os que apoiaram a decisão, a comemoração veio acompanhada de cautela e de um olhar crítico sobre as brechas legais e os limites da Justiça brasileira.

"Bom Dia! Eu fiquei surpresa com o resultado do julgamento, e foi justa as penas e punições estabelecidas. Agora o Bolsonaro, e seus aliados com certeza, vão enfrentar a decisão entrando com recursos em todas as instâncias para que seja anulada ou reduzida a sentença." (G3, 45 anos, professora, MT)

"Achei que o resultado foi bom das condenações,agora é esperar pra ver quando vão começar a pagar porquê os advogados vão recorrer até onde não puderem mais e o tempo vai passar esperar pra vê se vão pagar,pois já deveriam sair de lá presos mas a lei tem muitas brechas que favorecem esses bandidos." (G3, 41 anos, funcionária pública, GO)

"Eu gostei bastante da seriedade do julgamento,acho justo cumprirem suas penas. Acho que vai haver um desespero da família Bolsonaro que sempre se acharam acima do bem e do mal. Vamos aguardar o que vai acontecer!" (G4, 49 anos, artesã, CE)

"Achei que finalmente ouve um julgamento justo espero que dê verdade o Bolsonaro cumpra a pena que lê foi imposta e não consiga fugir pra fora do país cadeia nele e em todos que estiverem envolvidos 👏" (G4, 53 anos, dona de casa, BA)

"Eu comemorei muito ontem, muito mesmo! Não é só pela tentativa de golpe, mas também pelas milhares de famílias que perderem os seus entes queridos porque esse ser desprezível não quis comprar vacina e ficou debochando de quem estava com Covid. Isso é histórico, é marcante e super importante para a nossa democracia." (G5, 33 anos, tradutor, SP)

"Julgamento não poderia ter sido melhor. Enfim justiça vai ser feita nesse país. Eles devem fazer o que tem que ser feito, aceitar e cumprir a sentença." (G5, 37 anos, restauradora, SP)

"Eu confesso que adorei o julgamento porém tenho ressalvas, se fosse uma pessoa normal seria assim rapido?? Porém é um grito de liberdade,de alívio pelas tantas vidas perdidas na covid,pela tanto faz na época agora ele vai ter que aceitar aliás a família toda." (G5, 38 anos, chefe de RH, BA)

Monitorando a Desinformação
Pergunta 77

Foram compartilhados 4 vídeos, todos oriundos do grupo de bolsonaristas convictos, em resposta à questão sobre a condenação de Bolsonaro. Houve predominância de conteúdos falsos ou conspiratórios, baseados em desinformação ou manipulação de informações.

1) Narrativa conspiratória (feitiçaria, “sósias”, “homem da garrafa” etc.) - O conteúdo responsável pela maior parte desses segmentos enganosos veio de um vídeo divulgado pelo perfil Cristão Legítimo (@cristaolegitimo), no qual um autor desconhecido especula sobre a existência de rituais e “sacrifícios”, praticados por Lula, Partido dos Trabalhadores (PT) e Alexandre de Morais, além da existência de “sósias” que estariam no lugar dessas pessoas.

2 e 3) Já os fatos verificados foram frequentemente apresentados com enquadramentos parciais para sustentar a tese de perseguição e ilegitimidade da condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro. Esse foi o caso de dois vídeos que tratavam do background profissional e pessoal dos ministros da 1ª Turma do STF e de seus votos (mais especificamente, de Cristiano Zanin e Luiz Fux), insinuando que o julgamento seria ilegal por conta de relações passadas entre Lula e os atuais ministros.

Por fim, apenas um vídeo compartilhado não apresentou nenhum tipo de desinformação ou meias-verdades: a reportagem do Jornalista Maicon Leão (Portal Léo Dias), que informava os procedimentos legais subsequentes à condenação.

Em relação aos comentários escritos dos participantes, alguns foram fundamentados em informações falsas e enganosas. Essa semana, ocorreram também no grupo 3 (eleitores flutuantes). Entre elas, destacaram-se alegações de que ministros seriam todos “indicados por Lula”, de que Cristiano Zanin teria agido de forma parcial por ter sido advogado de Lula, de que Luiz Fux teria provado a inexistência de evidências. Ademais, houve circulação de desinformação relativa ao tamanho da pena (“27 anos de cadeia” e “30 milhões em multa”). Também apareceram versões conspiratórias de que os atos de 8 de janeiro teriam sido “planejados para culpar Bolsonaro”.

Exclusivamente no grupo de bolsonaristas convictos, as falas incluíram alegações de fraude nas urnas e controle do STF sobre os resultados eleitorais, expectativas de intervenção estrangeira, menções a supostas ameaças inexistentes e até sugestões de violência política como solução.

1) Narrativa conspiratória (feitiçaria, “sósias”, “homem da garrafa” etc.):

“Lula teria ‘três sósias’ (ou ‘clones’) usados para substituí-lo.” / “A ex-primeira-dama Marisa Letícia foi ‘ofertada’ em ritual.” / “Alexandre de Moraes teria passado por ‘rituais’ (banho de fezes etc.).” / “Michelle Bolsonaro é uma mulher ‘de luz’ / oração com poder espiritual.” / “Há um ‘homem da garrafa’ atuando nos bastidores do Planalto.” / “Rituais de feitiçaria/magia estariam influenciando decisões do STF e o destino do país.” / “Pessoas do governo teriam feito ‘pactos’ com entidades malignas.” /

2) Zanin presidiu o julgamento de Bolsonaro:

"O julgamento é ilegal, pois haveria impedimento/suspeição de Zanin por ter sido advogado de Lula";

3) Postagens do Senador Márcio Bittar sobre o voto de Luiz Fux:

“Fux é o único juiz de carreira do STF" / “Incompetência absoluta do STF porque nenhum réu tem foro; deveria ir para 1ª instância.” / “Fux pediu anulação total por cerceamento de defesa, a discordância dele deveria anular todo o julgamento.” / “Não há ‘organização criminosa armada’ — como pode ser ‘armada’ sem arma?”

Falas dos participantes:

“Foi como eu disse ontem o único que foi pela jurisprudência foi o FUX [...] Bolsonaro condenado a pagar 30 milhões em multa, mas as de Lula foram anuladas na lava jato. Bolsonaro condenado a 27 anos de cadeia, nem estrupador fica tudo isso preso.” (G3, 36 anos, autônoma, SP) / “O julgamento foi preparado para a condenação [...] Os que julgaram ali foram amigos e indicados pelo Lula entao meio que óbvio que bolsornaro seria condenado.” (G3, 36 anos, autônoma, SP) / “Outro ponto, como um julgamento desse é sério, se o advogado de Lula em sua ação penal era o Zanin, e hoje é o que está condenando o Bolsonaro 😂😂😂, pasme, não tem como ser imparcial nunca esse julgamento, foi tudo tramado, orquestrado.” (G1, 36 anos, assistente jurídico, BA) / “Esse julgamento foi uma farsa e todos nós sabemos que tudo foi planejado no dia 8 de janeiro para culpar o nosso presidente Jair Messias Bolsonaro.” (G1, 45 anos, padeiro, PB)

"Urnas que são controladas pelo STF? Bolsonaro se elegeu em 2018 pq o sistema não acreditava na força do povo conservador. Agora que já conhecem não vão mais deixar eleger ninguém que não seja da panela deles." (G1, 54 anos, músico, RS) / "...se não vier uma solução dos Estados Unidos, estamos perdidos, é minha opinião." (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos, RJ) / "Até o Whindersson Nunes fez ameaças ao Nikolas" (G1, 46 anos, cuidadora infantil, PR) / "Deus que me perdoe, mas, aqui no Brasil , só tinha jeito, se fizessem igual aos jovens fizeram no Nepal 😢" (G1, 45 anos, padeiro, PB)

Considerações finais

O contraste entre os grupos de bolsonaristas e os grupos mais progressistas foi presente nas três questões debatidas, evidenciando dois polos de leituras distintas, tanto sobre as manifestações e as falas de Tarcísio de Freitas quanto sobre as percepções sobre o julgamento, em seus protocolos e resultado.

Na questão sobre Tarcísio, predominou nos dois grupos bolsonaristas o entusiasmo: as mobilizações foram vistas como grandiosas e legítimas, e o posicionamento do governador de São Paulo foi interpretado como firme e necessário em defesa de Bolsonaro, ainda que temperado por alguma cautela quanto às suas intenções eleitorais. O tom foi de apoio, confiança e esperança de que sua postura pudesse influenciar os rumos do julgamento, fortalecendo a narrativa da anistia. Já nos demais grupos, as percepções se organizaram a partir da crítica e do ceticismo. As manifestações foram entendidas como uso indevido da data simbólica e estratégia de alienação, enquanto as falas de Tarcísio foram vistas como oportunistas, eleitorais e expressão clara de alinhamento com a extrema direita. A figura do governador apareceu não como liderança firme ou moderada, mas sim como alguém que reforçava práticas de impunidade.

Em relação ao julgamento e análise dos argumentos de Flávio Dino e Alexandre de Moraes, as falas oscilaram entre descrédito absoluto nas instituições e legitimação da atuação do STF. Entre os bolsonaristas, a tônica foi novamente a de um julgamento decidido ex ante, conduzido de forma enviesada e sem provas consistentes. Essas falas destacaram perseguição política, parcialidade e manipulação institucional, sustentando a ideia de que a condenação não resultava de fundamentos jurídicos, mas de interesses políticos. Nos grupos que reconheceram a gravidade dos atos (eleitores flutuantes, lulodescontentes e lulistas), emergiu uma leitura de que as falas foram firmes, esclarecedoras e necessárias para sustentar a responsabilização. Nesses segmentos, ainda que houvesse críticas à morosidade do processo e preocupações quanto à proporcionalidade das penas, predominou a noção de que a Justiça precisava punir exemplarmente os responsáveis para reforçar a autoridade das instituições democráticas.

Tais posicionamentos foram retomados na avaliação dos resultados do julgamento. Entre os bolsonaristas e dessa vez alguns eleitores flutuantes, predominou a ideia de que a condenação representava uma armação previamente definida, usada como instrumento de perseguição para inviabilizar a participação de Bolsonaro no futuro eleitoral. Os ritos processuais e o julgamento em si, mesmo com apresentação de evidências e provas, não foram suficientes para mudar as opiniões previamente adotadas pelos bolsonaristas. Nos grupos que aprovaram o processo, a decisão do julgamento foi celebrada como marco de justiça, tanto em relação à tentativa de golpe quanto a episódios anteriores associados a Bolsonaro, como sua condução na pandemia. Em comum, todos os grupos partilhavam da premissa de que a decisão seria contestada, evidenciando desconfiança persistente no sistema judicial brasileiro, ainda que interpretada sob lentes políticas opostas: para os bolsonaristas tal possibilidade foi vista com esperança, já para os demais grupos foi avaliada como descrédito e frustração.

Por fim, cabe chamar a atenção para algumas respostas informadas por notícias falsas, que apareceram nas narrativas de participantes do grupo de eleitores flutuantes. Essas falas reproduziram versões distorcidas sobre o julgamento e seus desdobramentos, evidenciando como a circulação de desinformação influencia diretamente a formação das percepções políticas, mesmo em segmentos menos alinhados ideologicamente a um dos polos.

Distribuição da Participação

As técnicas tradicionalmente utilizadas para investigar a opinião pública são os surveys e os grupos focais. Ambas são muito úteis, mas têm com limitações da ordem prática e orçamentária, particularmente se deseja realizar um monitoramento contínuo.

O Monitor do Debate Público (MDP) é baseado em uma metodologia inovadora para monitorar de modo dinâmico a opinião pública e suas clivagens no que toca temas, preferências, valores, recepção de notícias etc.

O MDP é realizado por meio de grupos focais de operação contínua no WhatsApp, com participantes selecionados e um moderador profissional.

Assim como na metodologia tradicional de grupos focais, os grupos contínuos no WhatsApp do MDP permitem que o moderador estimule o aprofundamento de temas sensíveis e difíceis de serem explorados por meio de pesquisas quantitativas ou mesmo pela aplicação de questionários estruturados.

O caráter assíncrono dos grupos do MDP, possibilitado pela dinâmica da comunicação no WhatsApp, permite respostas mais refletidas por parte dos participantes, o que é adequado para eleitoral, dado que o voto é também uma decisão que demanda reflexão.

Por sua natureza temporal contínua, grupos focais do MDP são propícios para criar situações deliberativas, nas quais as pessoas se sentem compelidas a elaborar suas razões a partir das razões dadas por outros participantes do grupo.

O telefone celular é hoje o meio mais democrático e acessível de comunicação. Assim, a participação nos grupos do MDP não requer o uso de computador ou mesmo que os participantes interrompam suas atividades para interagirem entre si.

Equipe MDP

Carolina de Paula – Diretora geral

Doutora em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Coordenou o IESP nas Eleições, plataforma multimídia de acompanhamento das eleições 2018. Foi consultora da UNESCO, coordenadora da área qualitativa em instituto de pesquisa de opinião e big data, atuando em diversas campanhas eleitorais e pesquisas de mercado. Realiza consultoria para desenho de pesquisa qualitativa, moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade. Escreve no blog Legis-Ativo do Estadão.

João Feres Jr. – Diretor científico

Mestre em Filosofia Política pela UNICAMP e mestre e doutor em Ciência Política pela City University of New York, Graduate Center. Foi professor do antigo IUPERJ de 2003 a 2010. É, desde 2010, professor de Ciência Política do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP-UERJ). Coordenador do LEMEP, do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA) e do Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB).

Francieli Manginelli – Coordenadora de recrutamento

Cientista Social e mestre em Sociologia pela UFPR, com experiência em relações de consumo e estratégias de comunicação. Possui formação em UX Research e cursos de gestão e monitoramento de redes sociais e estratégias eleitorais, mídias digitais e gerenciamento de redes. Possui experiência em pesquisas de mercado e campanhas políticas. Realiza moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade.

André Felix – Coordenador de TI

Mestre em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Tem experiência em planejamento e desenvolvimento de sistemas computacionais de pequeno e médio porte, manutenção de servidores web e possui especialização em modelagem e implementação de bancos de dados relacionais.

INCT ReDem

O Instituto Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação Representação e Legitimidade Democrática (INCT ReDem) é um centro de pesquisa sediado no Departamento de Ciência Política da Universidade Federal do Paraná (UFPR), financiado pelo CNPq e pela Fundação Araucária.

Reunindo mais de 50 pesquisadoras(es) de mais de 25 universidades no Brasil e no exterior, o ReDem investiga, a partir de três eixos de pesquisa (Comportamento Político, Instituições Políticas e Elites Políticas) as causas e consequências da crise das democracias representativas, com ênfase no Brasil.

Sua atuação combina metodologias quantitativas e qualitativas, como surveys, experimentos, grupos focais, análise de perfis biográficos e modelagem estatística, produzindo indicadores e ferramentas públicas sobre representação política, qualidade da democracia e comportamento legislativo.

O objetivo central do ReDem é gerar conhecimento científico de alto impacto e produzir recursos técnicos que auxiliem cidadãos, jornalistas, formuladores de políticas e a comunidade acadêmica a compreender, monitorar e aperfeiçoar a representação política democrática no Brasil.


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Janones, Declarações de Lula sobre Dino, Indulto de Natal

Falas de Michele, Auxílio a Caminhoneiros e Taxistas, Apoios de Criminosos

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#Pronunciamento de Janja #Redução dos custos das Passagens Aéreas #Redução dos custos dos Combustíveis

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Desvio de Armas, Jair Renan na Política, 2a. Condenação de Bolsonaro

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GUERRA: Crianças, Resgate de Brasileiros, Conselho de Segurança

Violência no RJ, Fake News da Vacina, Oriente Médio

Inclusão de Pessoas Trans, Grampos de Moro, Conselho Tutelar

Golpismo renitente, Canais de informação bolsonaristas, Gal. Heleno

Rede Globo, Jair Renan, Casamento Civil Homoafetivo

Desfile da Independência, Operação Lava Jato, Desastre no RS

O silêncio de Jair e Michele, Hábitos de Consumo de Informação, Voto Secreto no STF

Zanin, Faustão e a Taxação das Grandes Fortunas

Relatório #19 MED

ESPECIAL: O CASO DAS JOIAS

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Tarcísio vs. Bolsonaro, Lula no Mercosul e Aprovação de Lula

Condenação, Plano Safra e Inércia Bolsonarista

Julgamento, PIX e Condenação de Bolsonaro

Julgamento, Cid e políticas sociais

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Temas: Zanin / substituto de Bolsonaro

Monitor da Extrema Direita

Os temas da semana são: (1) Investigações sobre os depósitos an