Relatório 73

De 21 a 27/10

Temas:

  • Participação do Brasil no BRICS
  • Mudanças de candidato no 2T
  • Caso Gustavo Gayer
Realização:
Apoio:
Metodologia

O Monitor da Extrema Direita (MED) se transformou no Monitor do Debate Público (MDP). Na verdade, foi uma expansão do projeto original, que contemplava somente grupos focais contínuos de bolsonaristas convictos e moderados. Tornamos mais complexa a combinação dos critérios de seleção de participantes para produzir quatro categorias de grupos:

G1 – Bolsonaristas Convictos: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, aprovam as invasões de 08/01, acreditam que o ex-presidente é perseguido pelas instituições e não assistem à Rede Globo.

G2 – Bolsonaristas Moderados: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, desaprovam as invasões de 08/01, não há consenso sobre o ex-presidente ser perseguido pelas instituições e não rejeitam a Rede Globo.

G3 – Preferências Flutuantes: votaram Branco/Nulo no segundo turno, mas em outros candidatos no primeiro turno. Os demais critérios são diversos.

G4 – Lulodescontentes: votaram em Lula no segundo turno, mas reprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.

G5 – Lulistas: votaram em Lula no segundo turno e aprovam sua gestão. Os demais critérios são diversos.

Dessa maneira, o novo Monitor do Debate Público (MDP) será capaz de captar um escopo bem mais amplo da opinião pública e dos fenômenos que regem o comportamento político no Brasil de hoje.

Nossa metodologia permite que os participantes respondam aos temas colocados no tempo que lhes for mais conveniente, liberdade essa inexistente nos grupos focais tradicionais, que são presos à sincronia do roteiro de temas e questões colocados pelo mediador. O instrumento de pesquisa, assim, se acomoda às circunstâncias e comodidades da vida de cada um, reduzindo a artificialidade do processo de coleta de dados e, portanto, produzindo resultados mais próximos das interações reais que os participantes têm na sua vida cotidiana.

É importante salientar que os resultados apresentados são provenientes de metodologia qualitativa, que tem por objetivo avaliar posicionamentos e opiniões. Mesmo quando quantificados, tais resultados não podem ser tomados como dados estatísticos provenientes de amostragem aleatória, ou seja, as totalizações dos posicionamentos de grupos específicos não devem ser entendidas como dotadas de validade estatística mas como dado indicial.

O sigilo dos dados pessoais dos participantes é total e garantido, assim como sua anuência com a divulgação dos resultados da pesquisa.

Síntese dos Principais Resultados

Entre os dias 21 a 27/10, cinco grupos foram monitorados a partir de suas opiniões sobre questões candentes do debate público. Compõem esses grupos 50 participantes. Todos os grupos foram montados de modo a combinar variáveis como sexo, idade, etnia, renda, escolaridade, região de moradia e religião em proporções similares às da população brasileira.
Cada grupo possui características únicas. São elas:
G1 – Bolsonaristas Convictos: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, aprovam as invasões de 08/01, acreditam que o ex-presidente é perseguido pelas instituições e não assistem à Rede Globo.
G2 - Bolsonaristas Moderados: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, desaprovam as invasões de 08/01, não há consenso sobre o ex-presidente ser perseguido pelas instituições e não rejeitam a Rede Globo.
G3 – Preferências Flutuantes: votaram Branco/Nulo no segundo turno, mas em outros candidatos no primeiro turno. Os demais critérios são diversos.
G4 – Lulodescontentes: votaram em Lula no segundo turno, mas reprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.
G5 - Lulistas - votaram em Lula no segundo turno e aprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.
Evangélicos - Compusemos também um "grupo virtual" formado pela agregação das falas dos participantes evangélicos, a fim de capturar tendências específicas da opinião desse contingente demográfico.

Ao longo do período, três temas foram abordados: i) conhecimentos sobre o BRICS e a posse de Lula como presidente do bloco, em 2025; ii) decisões do voto no segundo turno; iii) acusações sofridas pelo deputado Gustavo Gayer.
Ao todo, foram analisadas 176 interações, que totalizaram 5.561 palavras.

Bolsonaristas Convictos Bolsonaristas Moderados Eleitores Flutuantes Lulodescontentes Lulistas Evangélicos
BRICS Poucos participantes conheciam algo sobre o bloco e avaliaram com desconfiança, considerando uma união de países de esquerda, com governos autoritários e agendas ideológicas. A maioria desconhecia o tema. Alguns avaliaram com ceticismo a participação do Brasil e consideraram o bloco como a união de países de esquerda. A maioria demonstrou desconhecimento ou compreensão superficial. Alguns criticaram a participação do Brasil, questionando sua capacidade de cumprir compromissos internacionais. Poucos participantes conheciam o bloco, mas avaliaram-no como ineficiente e desequilibrado, por ser dominado por interesses políticos de países específicos (China e Rússia). Alguns participantes conheciam as funções do bloco, enxergando potencial no BRICS para promover equilíbrio geopolítico. Os participantes responderam alinhados com seus grupos originais de pertencimento.
Mudanças de candidato no 2T Todos disseram que manteriam, se possível, o voto do primeiro turno, justificando a confiança no candidato escolhido, principalmente por ser da direita. Os participantes expressaram tendência de continuidade no voto, com ênfase na convicção de que suas escolhas refletiam alinhamento ideológico. A maioria adotou preferência pela manutenção do voto. Alguns mencionaram a possibilidade de abstenção, caso seu candidato original não estivesse no segundo turno. Os participantes afirmaram que manteriam seus votos nos mesmos candidatos, apontando convicções de suas escolhas realizadas no primeiro turno. Os participantes escolheram a continuidade do voto, justificada pela confiança nas propostas, nos debates e na trajetória do candidato anteriormente escolhido. Todos responderam alinhados com seus grupos originais de participação.
Caso Gustavo Gayer A maioria acreditava que as acusações eram tendenciosas e fruto de perseguição política contra figuras de direita. Alguns defenderam que, se houver provas, o deputado deve ser punido. A maioria defendeu a necessidade de investigação criteriosa e punição justa, mas alguns acreditavam na honestidade do deputado e em perseguição política. O grupo manifestou um sentimento de frustração com a corrupção, vista como prática comum na política. Muitos também demonstraram ceticismo sobre a possibilidade de punições efetivas. Os participantes demonstraram indignação com a prática comum de corrupção na política. Muitos pediram por investigações e punição, mas com um tom de descrença na justiça. Os participantes criticaram a hipocrisia política de representantes da direita, mas também a falta de fiscalização e combate à corrupção, e defenderam o uso de punições severas. Os participantes adotaram posicionamentos condizentes aos seus grupos originais de participação.
Pergunta 82
A partir de 1º de janeiro de 2025, o Brasil volta a assumir a presidência do Brics, 6 anos depois da última vez que comandou o grupo, sob o lema: “Fortalecendo a Cooperação do Sul Global para uma Governança mais Inclusiva e Sustentável”. Vocês já ouviram falar do Brics? Vocês sabem para que serve esse bloco de países cooperativos e quais as pautas que defendem?
Conhecimento superficial

A maioria dos participantes, de todos os grupos, desconhecia ou tinha conhecimento bastante superficial sobre as funções do bloco econômico.

Nos grupos 4 e 5 (lulodescontentes e lulistas), alguns participantes reconheceram o BRICS como um mecanismo de cooperação entre países emergentes, mas poucos apresentaram clareza sobre suas pautas e objetivos. Algumas respostas demonstraram um ceticismo quanto à eficácia do BRICS, destacando a falta de resultados práticos e alegando que o bloco estaria mais alinhado aos interesses específicos de países como China e Rússia.

No grupo 3 (eleitores flutuantes) a liderança do Brasil foi criticada. Algumas respostas expressaram críticas em relação à participação do Brasil, questionando a capacidade do país de se engajar em projetos internacionais enquanto enfrenta dificuldades internas.

"Eu sei muito pouco sobre, sei que Brics não é um bloco econômico, mas um mecanismo de cooperação internacional. E não coloco muita fé na minha opinião tem tudo pra dar certo se o atual presidente começar a pensar e começar focar no BRICs realmente. Na minha opinião deveria ter mais países..." (G4, 27 anos, analista de sistemas , SP)

"O que sei do Brics que é um grupo de países que se reúnem para cooperar em diversas áreas. Por ex no lado econômico social e servem também para discutir políticas externas. O objetivo seria promover crescimento econômico e desenvolvimento socioeconômico. Acho que é parecido com o g7" (G4, 53 anos, artesã , SP)

"Eu conheço um pouco sobre os BRICS. Esse grupo tem, em teoria, a intenção de fazer negociações que visem o benefício comum aos países membros, mas não tem nenhum tratado econômico comum. Serve muito mais como um trampolim político da Rússia e da China. De sustentável e inclusiva a política desse BRICS não tem nada - principalmente da parte da Rússia e da China. É cada qual por si. Infelizmente não tem efeitos práticos nenhum." (G4, 44 anos, funcionário público estadual, PR)

"Eu sei sim o que representa e para que serve o Brics! Esse bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos tem a intenção de equilibrar o jogo geopolítico global, diminuindo o poder de influência dos países da União Europeia! Ele tem uma importância fundamental no desenvolvimento de países ricos, mas ainda em desenvolvimento, casos da Índia e do Brasil, os quais, conseguem alianças comercias mais favoráveis dentro desse bloco. Por fim, ainda serve como uma força nas decisões em conjunto desses países, que representam 20% da economia mundial." (G5, 33 anos, tradutor, SP)

"Sim eu já ouvi falar do BRICS, ele serve para o fortalecimento econômico dos países envolvidos com cooperação mútua para o desenvolvimento de ambos. As pautas são em torno da cooperação econômica, cultural e de segurança. Ao mesmo tempo que o BRICS fortalece os países que o integram ele também exerce uma forte influências em várias instituições mundiais." (G5, 46 anos, vendedora, AL)

"Até aonde eu sei brics é composto por um grupo de paises com as melhores taxas de crescimento. Então não sei o que o Brasil está fazendo no meio, já que não dá conta nem das suas obrigações."" (G3, 29 anos, vendedora , GO)"

"Ouvi sim sim. BR não tá dando conta nem das coisas daqui não acho viável e inteligente colocar na previdência do BRICs." (G3, 37 anos, assistente administrativa, MG)

Acordos comunistas

Os participantes dos grupos 1 e 2 (bolsonaristas convictos e bolsonaristas moderados) trouxeram interpretações críticas e politizadas do tema, sugerindo uma associação do bloco com ideologias de esquerda, influências marxistas e até a inserção de regimes controversos e ditatoriais. Muitos ainda reprovaram o tratado, simplesmente por ter sido assinado durante o governo de Dilma Rousseff.

"Eu já ouvi falar um pouco sobre o BRICs, e vcs fazem ideia de quem trouxe para o Brasil, Dilma Rousseff, por aí já imaginam. Eu não vejo nesse desgoverno alguma coisa positiva não."" (G1, 64 anos, empresário, PR)

"Sei que é um banco que alguns paises de esquerda fazem parte, inclusive a Dilma já foi presidente desse banco, então não deve ter muita coisa boa" (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)

"Já ouvi falar sim... e pelo que teu conhecimento é um bloco de países que são presididos majoritariamente por governos socialistas/comunistas/Ditadura ( Brasil,Rússia,China,Irã entre outros) e que disputa politicamente a nível global espaço com o bloco da União européia.. Eu vejo que estes blcos disputam pura e simplesmente poder .. usam palavras bonitas nos seus slogan(inclusão,sustentabilidade,proteção ambiental) mas no fundo o que realmente planejam é o controle da população a nível global seja economicamente ou em suas liberdades..... Quem ai não ouviu o Lula falar que o mundo precisa ter um órgão de governança mundial? Pesquisem e verá.. o plano destes blocos e pura e simplesmente controlar e adestrar a população.. eo grande teste foi a covid em 2020."" (G1, 54 anos, músico, RS)

"Brics é um grupo de países em desenvolvimento, atualmente com a maioria dos países com governos mais à esquerda, vem sendo influenciados pela ideologia marxista. Há proposta para adesão de mais países com vies socialista e agora também com ideiasjihadistas e antissemitas, como Irã por exemplo, outro regime que tenta sua entrada no brics é o talibã." (G2, 43 anos, administradora, GO)

"O BRICs foi elaborado líderes influentes, ministros e até mesmo presidentes de seus países. Mas,eu acredito que Esse grupo na minha opinião é mais um bloco que tenta implantar um viés político esquerdista mundial,por isso estão envolvidos fortemente na economia global e setores bastante específicos,que aos poucos se consolidam como uma força política muito forte"" (G2, 42 anos, assistente logístico , PE)

Pergunta 83
Domingo ocorre o segundo turno em algumas cidades do Brasil. Para os que vão votar: vocês pretendem manter o mesmo voto ou no segundo turno podem trocar de candidato? Caso seu candidato do primeiro turno não tenha passado, como farão pra escolher o novo candidato de vocês? E para os que não precisam votar: supondo que houvesse segundo turno, vocês votariam novamente no mesmo candidato ou poderiam mudar, avaliando que o segundo turno é uma nova oportunidade de definir o voto? Justifiquem suas respostas.
Fidelidade

Praticamente todos os participantes afirmaram que manteriam seus votos do primeiro turno, tanto em locais onde ocorreria a nova disputa quanto em cenários hipotéticos. A decisão de manter o voto foi sustentada pela afinidade e aprovação das propostas dos candidatos, satisfação com os trabalhos já apresentados, alinhamento ideológico e convicção nas escolhas realizadas anteriormente.

"Aqui na minha cidade já foi definido prefeito e vereador no primeiro turno. Então, eu votaria no mesmo candidato, pois para prefeito o que votei seria o único de direita, o outro candidato é meio duvidoso. E teria o candidato do PT, óbvio que foi excluído das minhas intenções de voto." (G1, 64 anos, empresário, PR)

"Votarei no segundo turno no mesmo candidato. Pois o candidato que votei no primeiro turno passou para o segundo turno e é de direita. Espero que ele vença a eleição." (G1, 38 anos, assistente administrativo , AM)

"Na minha cidade não terá segundo turno,mais se tivesse com certeza votaria no mesmo candidato,ele já faz muito pela minha cidade e continuará fazendo,no próximo mandato." (G2, 26 anos, vendedora , AL)

"Eu vou votar no mesmo candidato que votei no primeiro turno, pois é o único que tem as propostas e é ideologicamente alinhado aos meus anseios como cidadã" (G2, 43 anos, administradora, GO)

"Vai ter segundo turno na minha cidade e vou votar no mesmo candidato que votei do primeiro turno que aliás é o prefeito atual gosto do trabalho que ele vem fazendo na minha cidade."" (G3, 40 anos, auxiliar de classe , SP)

"Eu vou manter o meu voto, porque é gente nova no poder, com novas propostas de trabalho. Estou na expectativa que aconteça mudanças no meu município."" (G3, 45 anos, professora , MT)

"Aqui não terá segundo turno e se tivesse iria manter o meu voto no mesmo candidato pois já estava decidida em quem votar e o fato de ter um segundo turno não faria eu mudar o meu voto." (G4, 27 anos, autônoma, PA)

"NA MINHA CIDADE VAI TER SEGUNDO TURNO E NAO VOU MUDAR MEU VOTO O MESMO QUE VOTEI NO PRIMEIRO TURNO" (G4, 51 anos, professora , RS)

"Sim votaria no mesmo candidato. Acho que fiz a melhor escolha e não me arrependo ."" (G5, 27 anos, enfermeira, PE)

"Pretendo manter o mesmo candidato do primeiro turno. Pois acredito nas ideias , ouvi o debate e ele conseguiu me convencer ."" (G5, 38 anos, chefe de RH, BA)

Nova decisão

Somente os participantes que estavam diante da ausência de seu candidato escolhido no segundo turno demonstraram postura de troca. Em alguns casos, a escolha deu-se pela alternativa "mais aceitável ou menos rejeitada". Outros participantes demonstraram incerteza e desagrado, considerando a possibilidade de anular o voto.

"Aqui eu votarei no Nunes, acredito que ele ganha, Não votei nele no primeiro turno, mas e melhor que o Boulos." (G1, 26 anos, recepcionista , SP)

"Eu tinha uma decisão referente ao meu candidato,mas nos últimos debates algumas coisas me fizeram mudar de opinião." (G2, 50 anos, auxiliar , SP)

"O candidato que votei não foi por segundo turno então se eu for votar neste domingo será em branco. Não quero votar em alguém que não gostei das propostas."" (G3, 29 anos, vendedora , GO)"

"O candidato que votei não foi para segundo turno, então estou trocando de candidato. Dei uma estudada nos dois, mas detestei um deles, então foi uma decisão fácil" (G3, 37 anos, médica veterinária , PR)

"Aqui o candidato que votei no primeiro turno não ganhou,então decidi votar em outro que não seja bolsonarista." (G4, 49 anos, artesã , CE)

"Aqui terá segundo turno e meu candidado(a) não passou. Ainda não sei como farei para escolher, meu escolhido tá apoiando um deles, mas os 2 que estão concorrendo, eu não gosto de um e o outro mais o menos. Ainda não sei o que farei ou se irei anular o voto." (G5, 21 anos, auxiliar administrativa, RO)

Pergunta 84
O deputado federal, Gustavo Gayer (PL-GO) foi alvo de buscas da Polícia Federal nessa sexta (25/10). Gayer é suspeito de ter desviado recursos públicos de verbas parlamentares para financiar suas empresas particulares, locando espaços como gabinetes políticos e sediando nos locais uma escola de inglês e uma loja de camisetas, em Goiânia. Segundo as investigações, existe a suspeita de que Gayer também teria participado ativamente na criação e manipulação de entidades fictícias para desviar verbas por meio de emendas parlamentares. Vocês viram essa notícia? O que pensam sobre o caso?
Perseguido politicamente

A maioria dos participantes do grupo 1 (bolsonaristas convictos) e alguns do grupo 2 (bolsonaristas moderados) defendeu o deputado, considerando-o inocente e alvo de perseguição política, especialmente pelo deputado ser um legítimo representante da direita. Interessante observar que o grupo estava totalmente "informado" sobre os acontecimentos, a partir de narrativas particulares, como vídeos do Youtube e a rede social do deputado.

"Já vi essa notícia sim, inclusive no Instagram do Gustavo Gayer está lá ele falando sobre esse episódio. Acredito no Gustavo e sempre vi ele falando a verdade. Alexandre de Moraes persegue todo que lutam a favor da democracia, da liberdade e da verdade. Persegue todos que são da direita política." (G1, 46 anos, cuidadora infantil, PR)

"Essa situação aconteceu em 2003 e querem colocar em cima do Gustavo, 21 anos depois, que nada tem a ver com a situação. Pq não foram atrás antes e querem jogar a conta para o Gustavo? Isso é perseguição política." (G1, 46 anos, cuidadora infantil, PR)

"Eu vi essa notícia no Instagram e confio no Gustavo Gayer, isso é perseguição política, todos que são de direita são perseguidos, eles vão cavar qualquer coisa pra incriminar quem é a favor da liberdade, isso é perseguição em alto grau, não perseguem os ladrões de esquerda que roubam milhões dos cofres públicos, são canalhas!!"" (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)

"Não acompanhei a notícia, mas acredito que a maioria dos políticos de direita são honestos. Claro que pode haver exceções, mas nesse caso específico, penso que pode se tratar de perseguição política." (G1, 45 anos, padeiro , PB)

"Penso q todos os parlamentares de direita sofrerão perseguição, não me lembro de uma ação semelhante contra parlamentares de esquerda. Sabemos que isso acontecerá com frequência p/ todos que se posicionarem no espectro da direita. Não importa se é verdade ou não, o q importa é a narrativa, conforme o próprio presidente Lula declarou recentemente..." (G2, 43 anos, administradora, GO)

"Estarrecedor,um absurdo o que está acontecendo no Brasil...vi está notícia pela manhã no Instagram do deputado Gustavo gayer. Gente é óbvio que esse homem não cometeu nenhum crime, é nítido que tendo uma perseguição política infelizmente estamos vivendo uma falsa democracia." (G2, 42 anos, assistente logístico , PE)

Investigado

A maioria dos participantes do grupo 2 (bolsonaristas moderados) e alguns dos demais grupos (incluindo até mesmo bolsonaristas convictos) adotou posicionamento favorável às investigações, numa postura mais cautelosa e ponderada, defendendo que, se houvesse comprovação de irregularidades, o parlamentar deveria ser responsabilizado, independentemente de sua filiação partidária.

"Ainda não vi essa notícia, mas se for verdade que ele seja punido. Não compactuo com índoles erradas. Mesmo a pessoa sendo de direita." (G1, 38 anos, assistente administrativo , AM)

"Eu não cheguei a ver, mas na minha opinião se realmente for comprovado que ele fez isso, que ele pague por tudo!. Não e por que e de direita que e Santo, por que no fundo políticos são todos iguais, com exceção de alguns." (G1, 26 anos, recepcionista , SP)

"Como já disse em outros fatos,se provarem que ele errou,roubou ou cometeu atos ilícitos,tem que ser punido ,seja ele um gari ou o presidente da República,a lei deveria ser a mesma para todos." (G2, 54 anos, aposentado, PB)

"Li algo sobre isso, acho que devem ser apuradas,e se constatado de fato que ele cometeu atos ilícitos,que venha se punido da maneira correta,sem regalias." (G2, 26 anos, vendedora , AL)

"Não vi nada sobre o caso, mas esse homem deve ser punido e perder o cargo de deputado pois não é digno do mesmo, essas situações não surpreendem vindo de políticos, onde a maioria só pensa em si mesmo." (G4, 27 anos, autônoma, PA)

"Não vi, porém não acho difícil isso ser realmente verdade e penso que é fundamental a investigação." (G4, 37 anos, analista de RH, ES)

"Eu não nada sobre essa situação mas se acaso isso for verdade ele deveria ser punido , mas também aonde não a tem corrupção entre deputados prefeito etc não entra verbas pra nada resumindo todos são corruptos" (G4, 30 anos, gestão em TI, SP)

"Ainda não vi essa notícia, mas espero que a polícia federal investigue ate o fim e comprovando ele perca os direitos de politico, por que é um absurdo isso!!!" (G5, 25 anos, estudante, AL)

"Ainda não tinha visto essa notícia, eu penso que comprovado o crime o deputado tem que perder os direitos políticos, ser preso e os seus bens deverão ser bloqueados e como em muitos desses casos os bens são colocados em nome de familiares será necessário também o rastreamento desse dinheiro desviado para que volte aos cofres públicos." (G5, 46 anos, vendedora, AL)

Ceticismo e descrença

Unanimemente os participantes do grupo 3 (eleitores flutuantes) e também de modo recorrente nos grupos 4 e 5 (lulodescontentes e lulistas) expressou indignação com a prática comum da corrupção na política. Esses expressaram um desencanto profundo com o cenário político brasileiro, refletindo a percepção de que a corrupção é um problema sistêmico e enraizado, independentemente de ideologias. Muitos participantes manifestaram pessimismo quanto à possibilidade de mudança concreta, destacando que casos semelhantes tendem a terminar sem punições efetivas, contribuindo para uma sensação de impunidade.

"Acabei de ver essa notícia. Não é mais suspeito, a polícia federal já juntou provas. Um deputado de direita, slogan pátria , família … usando de situação privilegiada ( deputado ) para ganho particular. Enriquecendo ilicitamente. Deve ser punido já !" (G3, 50 anos, pedagoga, RJ)

"Nao vi sobre o deputado, mas o problema é que a corrupção dentro da politica já esta enraizada. Na verdade só entra na politica a maioria quem for corrupto se não for nem entra. Me lembro uma epoca em que Silvio Santos tentou se eleger e caiu fora quando viu que ia brincar com coisa "feia" e fez a melhor escolha não concorrer. Agora essa palhaçada de um rouba aqui e outro ali já vem de tempos né seja de direita ou esquerda, o problema é se faz, o processo fica anos para provar-se e quando prova nada acontece, não existe punição assim deixando claro que outros policitos podem fazer o mesmo que nada irá acontecer." (G3, 36 anos, autônoma, SP)

"NAO ESTOU POR DENTRO DEST NOTICIA MAS NAO ME SURPREENDE E NEM ME ABALA É NORMAL NO BRASIL A CORRUPÇAO ENTRE OS POLITICOS E PIOR NUNCA OU QUASE NUNCA PAGAM PELOS SEUS ERROS." (G4, 51 anos, professora , RS)

"Não sei nada a respeito, porém em partes de política nada me surpreende, por isso que hoje em dia tem aquele famoso raciocínio do povo que todo político é ladrão, e sinceramente é real e eles mesmo criaram essa fama." (G4, 27 anos, analista de sistemas , SP)

"Ainda não tinha visto essa notícia, mas não me surpreende em nada, vindo desse partido! Infelizmente, usaram o rótulo de anticorrupção, mas na verdade são ainda piores, já que fazem as coisas dentro da Câmera e Senado e quase ninguém fica sabendo. Mais uma demonstração de como essa história de antipolítica é uma falácia e não irá resolver nossos problemas." (G5, 33 anos, tradutor, SP)

"Esses deputados se valem do direito de terem um foro privilegiado para cometer crimes sabendo que a pena deles vai ser mais leve do que seria para uma pessoa sem esse foro privilegiado e eu acredito que deveria ter penas muito mais duras para eles que deveriam ser nossos representantes mas eles só estão ali para representarem os próprios interesses" (G5, 28 anos, auxiliar administrativa, RS)

Considerações finais

As análises demonstraram que, apesar de o BRICS ser uma aliança internacional de projeção mundial, o desconhecimento e a falta de clareza sobre seus objetivos foram predominantes. Em todos os grupos, muitas respostas evidenciaram uma compreensão limitada ou superficial do bloco, refletindo a necessidade de maior comunicação pública sobre seu funcionamento e propósito. Entre os bolsonaristas, a participação do Brasil ou protagonismo de Lula foram minimizados, sobretudo pela percepção de que se trata de um acordo ideológico e que consolida princípios da esquerda e não um bloco de cooperação econômica e desenvolvimentista.

Em relação ao comportamento eleitoral do segundo turno, percebemos a tendência dominante de manutenção das escolhas do primeiro turno, quando possível. Entre os que precisariam votar noutro candidato, muitos afirmaram escolher “o menos pior”, seguindo estratégias de minimização de riscos. Os participantes bolsonaristas foram os únicos que mencionaram o aspecto ideológico como um condicionante fundamental, escolhendo apenas representantes legítimos da direita (preferindo anular o voto, caso não houvesse), enquanto os demais grupos adotaram outros critérios para suas escolhas.

Em relação ao caso de Gustavo Gayer, prevaleceu nos grupos mais progressistas um sentimento de desilusão e ceticismo, com muitos participantes expressando a ideia de que todos os políticos sucumbem à corrupção, que estaria enraizada na cultura do país, independente do campo ideológico, e ainda a frustração de que os políticos raramente enfrentam punições severas pelos crimes cometidos. Embora não mais de modo unânime, mas ainda com bastante intensidade entre os bolsonaristas convictos, a narrativa de perseguição a políticos da direita fez-se presente, com a defesa do parlamentar e uso de notícias de procedência duvidosa para fundamentar tal posicionamento.

Distribuição da Participação
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Julgamento, PIX e Condenação de Bolsonaro

Julgamento, Cid e políticas sociais

Valores: Marcha, Parada e Aborto

Temas: Zanin / substituto de Bolsonaro

Monitor da Extrema Direita

As técnicas tradicionalmente utilizadas para investigar a opinião pública são os surveys e os grupos focais. Ambas são muito úteis, mas têm com limitações da ordem prática e orçamentária, particularmente se deseja realizar um monitoramento contínuo.

O Monitor do Debate Público (MDP) é baseado em uma metodologia inovadora para monitorar de modo dinâmico a opinião pública e suas clivagens no que toca temas, preferências, valores, recepção de notícias etc.

O MDP é realizado por meio de grupos focais de operação contínua no WhatsApp, com participantes selecionados e um moderador profissional.

Assim como na metodologia tradicional de grupos focais, os grupos contínuos no WhatsApp do MDP permitem que o moderador estimule o aprofundamento de temas sensíveis e difíceis de serem explorados por meio de pesquisas quantitativas ou mesmo pela aplicação de questionários estruturados.

O caráter assíncrono dos grupos do MDP, possibilitado pela dinâmica da comunicação no WhatsApp, permite respostas mais refletidas por parte dos participantes, o que é adequado para eleitoral, dado que o voto é também uma decisão que demanda reflexão.

Por sua natureza temporal contínua, grupos focais do MDP são propícios para criar situações deliberativas, nas quais as pessoas se sentem compelidas a elaborar suas razões a partir das razões dadas por outros participantes do grupo.

O telefone celular é hoje o meio mais democrático e acessível de comunicação. Assim, a participação nos grupos do MDP não requer o uso de computador ou mesmo que os participantes interrompam suas atividades para interagirem entre si.

Equipe MDP

Carolina de Paula – Diretora geral

Doutora em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Coordenou o IESP nas Eleições, plataforma multimídia de acompanhamento das eleições 2018. Foi consultora da UNESCO, coordenadora da área qualitativa em instituto de pesquisa de opinião e big data, atuando em diversas campanhas eleitorais e pesquisas de mercado. Realiza consultoria para desenho de pesquisa qualitativa, moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade. Escreve no blog Legis-Ativo do Estadão.

João Feres Jr. – Diretor científico

Mestre em Filosofia Política pela UNICAMP e mestre e doutor em Ciência Política pela City University of New York, Graduate Center. Foi professor do antigo IUPERJ de 2003 a 2010. É, desde 2010, professor de Ciência Política do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP-UERJ). Coordenador do LEMEP, do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA) e do Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB).

Francieli Manginelli – Coordenadora de recrutamento

Cientista Social e mestre em Sociologia pela UFPR, com experiência em relações de consumo e estratégias de comunicação. Possui formação em UX Research e cursos de gestão e monitoramento de redes sociais e estratégias eleitorais, mídias digitais e gerenciamento de redes. Possui experiência em pesquisas de mercado e campanhas políticas. Realiza moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade.

André Felix – Coordenador de TI

Mestre em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Tem experiência em planejamento e desenvolvimento de sistemas computacionais de pequeno e médio porte, manutenção de servidores web e possui especialização em modelagem e implementação de bancos de dados relacionais.