Relatório 79

De 2 a 8/12

Temas:

  • Isenção do IR
  • PEC dos Gastos Públicos
  • Divergências entre Mercado e Governo.
Realização:
Apoio:
Metodologia

O Monitor da Extrema Direita (MED) se transformou no Monitor do Debate Público (MDP). Na verdade, foi uma expansão do projeto original, que contemplava somente grupos focais contínuos de bolsonaristas convictos e moderados. Tornamos mais complexa a combinação dos critérios de seleção de participantes para produzir quatro categorias de grupos:

G1 – Bolsonaristas Convictos: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, aprovam as invasões de 08/01, acreditam que o ex-presidente é perseguido pelas instituições e não assistem à Rede Globo.

G2 – Bolsonaristas Moderados: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, desaprovam as invasões de 08/01, não há consenso sobre o ex-presidente ser perseguido pelas instituições e não rejeitam a Rede Globo.

G3 – Preferências Flutuantes: votaram Branco/Nulo no segundo turno, mas em outros candidatos no primeiro turno. Os demais critérios são diversos.

G4 – Lulodescontentes: votaram em Lula no segundo turno, mas reprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.

G5 – Lulistas: votaram em Lula no segundo turno e aprovam sua gestão. Os demais critérios são diversos.

Dessa maneira, o novo Monitor do Debate Público (MDP) será capaz de captar um escopo bem mais amplo da opinião pública e dos fenômenos que regem o comportamento político no Brasil de hoje.

Nossa metodologia permite que os participantes respondam aos temas colocados no tempo que lhes for mais conveniente, liberdade essa inexistente nos grupos focais tradicionais, que são presos à sincronia do roteiro de temas e questões colocados pelo mediador. O instrumento de pesquisa, assim, se acomoda às circunstâncias e comodidades da vida de cada um, reduzindo a artificialidade do processo de coleta de dados e, portanto, produzindo resultados mais próximos das interações reais que os participantes têm na sua vida cotidiana.

É importante salientar que os resultados apresentados são provenientes de metodologia qualitativa, que tem por objetivo avaliar posicionamentos e opiniões. Mesmo quando quantificados, tais resultados não podem ser tomados como dados estatísticos provenientes de amostragem aleatória, ou seja, as totalizações dos posicionamentos de grupos específicos não devem ser entendidas como dotadas de validade estatística mas como dado indicial.

O sigilo dos dados pessoais dos participantes é total e garantido, assim como sua anuência com a divulgação dos resultados da pesquisa.

Síntese dos Principais Resultados

Entre os dias 2 a 8/12 , cinco grupos foram monitorados a partir de suas opiniões sobre questões candentes do debate público. Compõem esses grupos 50 participantes. Todos os grupos foram montados de modo a combinar variáveis como sexo, idade, etnia, renda, escolaridade, região de moradia e religião em proporções similares às da população brasileira.
Cada grupo possui características únicas. São elas:
G1 – Bolsonaristas Convictos: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, aprovam as invasões de 08/01, acreditam que o ex-presidente é perseguido pelas instituições e não assistem à Rede Globo.
G2 - Bolsonaristas Moderados: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, desaprovam as invasões de 08/01, não há consenso sobre o ex-presidente ser perseguido pelas instituições e não rejeitam a Rede Globo.
G3 – Preferências Flutuantes: votaram Branco/Nulo no segundo turno, mas em outros candidatos no primeiro turno. Os demais critérios são diversos.
G4 – Lulodescontentes: votaram em Lula no segundo turno, mas reprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.
G5 - Lulistas - votaram em Lula no segundo turno e aprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.
Evangélicos - Compusemos também um "grupo virtual" formado pela agregação das falas dos participantes evangélicos, a fim de capturar tendências específicas da opinião desse contingente demográfico.

Ao longo do período, três temas sobre economia foram abordados: i) proposição do aumento da faixa de isenção no Imposto de Renda; ii) PEC dos gastos públicos; iii) divergências de avaliação da economia, entre mercado e governo.
Ao todo, foram analisadas 165 interações, que totalizaram 6.840 palavras.

Bolsonaristas Convictos Bolsonaristas Moderados Eleitores Flutuantes Lulodescontentes Lulistas Evangélicos
Isenção do Imposto de Renda O grupo avaliou a medida com desconfiança, destacando que a perda de arrecadação será compensada por aumentos de preços ou novos impostos, afetando negativamente a população. Os participantes viam a proposta como socialmente justa. Porém, a maioria respondeu com ceticismo quanto à sua concretização, devido à dependência de aprovação legislativa. O grupo aprovou e celebrou a proposta, mas expressou receios com possíveis compensações fiscais em outras áreas, que poderiam prejudicar a população em geral. A proposta foi amplamente vista como positiva e necessária, mas houve cautela sobre sua implementação e sobre possíveis compensações fiscais que pudessem impactar serviços ou impostos. O grupo avaliou a medida como justa e essencial, ressaltando o potencial de estímulo à economia, mas com preocupação sobre como o governo compensará a perda de arrecadação. Os participantes deram suas opiniões de acordo com seus grupos de participação, sem viés religioso.
Redução dos supersalários Os participantes apoiavam as limitações dos supersalários, pedindo pela inclusão de políticos e magistrados. Muitos demonstraram desacreditar na aplicação da PEC. O grupo concordava com a ideia de limitação dos supersalários, mas houve uma descrença generalizada de que a medida venha a ser aprovada. Todos expressaram apoio à proposta, vista como forma de combate às desigualdades. Porém, demonstraram ceticismo sobre a implementação, por "atingir pessoas poderosas". O grupo defendeu a necessidade de reduzir privilégios salariais no setor público, mas todos demonstraram ter dúvidas sobre a realização efetiva e impacto da proposta. Todos demonstraram apoio à aplicação da PEC para redução dos supersalários de altos cargos. Alguns preocuparam-se com as categorias de profissionais sub-remunerados. Os participantes responderam alinhados com seus grupos originais de participação.
Divergências entre Mercado e Governo Para todos, o mercado estava correto, pois, em suas percepções, os dados do governo não refletiam a realidade cotidiana de dificuldades econômicas, como a alta nos preços e o custo de vida elevado. No grupo predominou a visão de que o mercado é mais confiável. Para muitos, os dados positivos apresentados pelo governo foram vistos como desconectados da realidade percebida. O grupo demonstrou insatisfação com o custo de vida e ceticismo quanto às declarações oficiais do governo, reforçando a ideia de que o mercado retratava melhor a realidade econômica, que é negativa. Os participantes fizeram críticas ao governo, apontando discrepâncias entre os números divulgados e as dificuldades diárias, como o alto custo de vida, a carestia de produtos básicos e a insuficiência do salário-mínimo. As opiniões se dividiram entre as críticas ao mercado, defendendo os avanços em benefício das populações mais vulneráveis, e desconfiança quanto à eficácia das medidas do governo, devido ao alto custo de vida e dificuldades econômicas. Os participantes adotaram posicionamentos condizentes aos seus grupos originais de participação.
Pergunta 100
Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou o projeto de isenção da cobrança de Imposto de Renda para trabalhadores que recebem até 5.000 reais de salário. Atualmente, o limite de isenção é de R$ 2.824 (até dois salários mínimos). A mudança, se aprovada pelo Congresso até o ano que vem, só entra em vigor em 2026. Com a mudança, outros 16 milhões de contribuintes também não pagarão Imposto de Renda. Vocês acompanharam esse anúncio? O que acham dessa mudança?
Céticos e pessimistas

Os participantes dos grupos 1 e 2 (bolsonaristas convictos) viram a proposta com desconfiança, avaliando que Bolsonaro já havia tentado realizar essa alteração e não havia conseguido. Nos dois grupos prevaleceu a desconfiança em relação à sua concretização, com muitos acreditando que ela não passará de uma promessa ou que será adiada indefinidamente. Houve também uma percepção intensa e recorrente de que essa perda de arrecadação seria compensada em outras esferas, prejudicando a população com aumento de impostos e compensações fiscais em outras áreas, como aumento de preços de bens essenciais e serviços básicos.

"E só vai aumentar ,gás ,luz água .... Apesar que dá educação na estão cortando gastos e viva o " amor"" (G1, 37 anos, professora de educação infantil , SP)

"Acompanhei, e sinceramente, o que esse Haddad entende de economia, sendo que fez um curso de três meses para assumir o cargo. E depois, me pergunto de onde vão tirar esse dinheiro que os contribuintes de hoje fazem? Do bolso deles não vai ser né! Então, nós vamos assumir a bronca, aumento de alimentos, combustível, água, luz, etc.... Com esse desgoverno, não tem jeito, estamos ferrados de qualquer jeito! E se isso fosse viável, Bolsonaro já teria feito, mas nem ele conseguiu"" (G1, 64 anos, empresário, PR)

"Bolsonaro já tinha limitado quem ia descontar imposto de renda, mas a esquerda voltou ao poder com sede de dinheiro e sangue nos olhos contra a classe média baixa e passou a descontar o imposto de renda desses trabalhadores que ganham até 5 mil, eles não estão sendo bonzinhos, apenas vão deixar como era pra ser."" (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)

"A medida é uma promessa de campanha que também era feita por Bolsonaro, portanto já esperada. E deveria injetar bilhões na economia, no entanto o momento errado ao qual foi anunciado deverá causar muito dano à economia brasileira." (G2, 43 anos, administradora, GO)

"Sim, acompanhei esse anúncio e vejo como algo positivo, porém já deveria estar em vigor, e não só pra 2026, porém acredito que mesmo chegando 2026 não vai acontecer pois a quantidade de contribuintes é grande, e não vão querer perder ." (G2, 35 anos, contadora, RS)

"Eu vi esse assunto, mas não acredito que vá entrar em vigor. É um assunto recorrente, outros deputados já falaram a respeito no passado." (G2, 43 anos, professora , SP)

Céticos e otimistas

As opiniões nos demais grupos (eleitores flutuantes, lulodescontentes e lulistas) demonstraram uma recepção predominantemente positiva à proposta, com muitos considerando a medida justa e necessária para beneficiar a população de baixa e média renda. Houve um reconhecimento da importância dessa medida, especialmente no contexto de alto custo de vida e da necessidade de aliviar a carga tributária para trabalhadores que enfrentam despesas crescentes.

Entre esses participantes também houve certo receio sobre a capacidade do governo de equilibrar as contas públicas sem deficiências de serviços essenciais, como saúde e educação, ou o aumento de preços. Ainda assim, a proposta foi amplamente vista como positiva e necessária, embora acompanhada por uma cautela generalizada quanto à sua execução e aos impactos de longo prazo.

"Acho super justo, pois 5.000,00 hoje em dia não é nada, dá pra pessoa ter uma condição apenas ok, nada demais. Viver sem fazer muita estripulia, pagando a prestação da casa, ou aluguel, as contas básicas de consumo e uma escola descente para os filhos e só, pra viajar ou adquirir um bem, ainda precisa de muito controle e economia. Então acho justo sim que não tenha essa cobrança para quem recebe até 5mil. Nem diria nada se pelo menos os impostos gerassem educação e saúde de qualidade, evitando que o trabalhador pague por esses serviços, pois assim não teria que gastar com planos de saúde ou escola privada." (G3, 45 anos, turismóloga , RJ)

"Até que enfim, lembraram dos menos favorecidos! Acho super válida e de bom Agrado, já que mtos brasileiros recebem até 5000,00, e não são ricos, nem sequer classe média . Sou a favor de cobrar dos que ganham mais. Só espero que não inventem um imposto para suprir essa demanda, pq sendo assim não vale de nada" (G3, 50 anos, pedagoga, RJ)

"Eu acho muito boa está mudança, pois ajuda muitos. Com toda certeza já deveria estar em vigor. Nosso governo não está muito afim de ajudar a nós mesmo, isso que parece com tanta taxação e demora." (G4, 27 anos, analista de sistemas , SP)

"Vi sobre isso e achei excelente, espero que entre mesmo em vigor, é visível o esforço do Haddad para melhorar a economia, mas vou esperar mais para fazer elogios." (G4, 25 anos, babá, RS)

"Eu acho isso bastante importante, principalmente para classe baixo/media, acredito que essa diminuição voltara de outra forma para o governo" (G5, 25 anos, estudante, AL)

"Eu acompanhei esse anúncio e vejo de forma positiva pois se as pessoas que recebem menos pararem de pagar imposto vai ter mais dinheiro circulando porque todos sabem que realmente o que faz o dinheiro circular são as pessoas que são de classe baixa e classe média pois as pessoas que são de classe alta no Brasil gastam seu dinheiro no exterior e em outros lugares que não seja o Brasil então é importante que esse valor de imposto de renda seja cobrado e aumentado para os mais ricos e diminuição ou isento para os mais pobres pois isso vai ajudar o Brasil como um todo a girar economia"" (G5, 28 anos, auxiliar administrativa, RS)

Pergunta 101
O governo enviou ao Congresso a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que prevê cortes de gastos públicos. Em um dos pilares, o texto estabelece um teto para a remuneração de servidores, permitindo que apenas parcelas indenizatórias previstas em lei complementar ultrapassem o limite atual de R$ 44 mil. A medida busca combater os chamados "supersalários" e eliminar os "penduricalhos" que aumentam os ganhos em algumas categorias. que vocês acham dessa medida? Concordam com ela?
Considerações gerais

Em todos os grupos houve apoio significativo ao conteúdo da proposta, com consenso de que a medida seria justa e necessária para combater privilégios. Houve uma percepção coletiva de que esses altos salários, muitas vezes ainda acrescidos de benefícios adicionais, são incompatíveis com a realidade econômica do país e com o compromisso ético que o funcionalismo público deveria ter. Além disso, os participantes expressaram o desejo de que a PEC seja inovadora de forma abrangente e imparcial, atingindo todas as categorias, incluindo políticos e magistrados, que são frequentemente percebidos como grupos que gozam de imunidade a cortes e ajustes.

"Concordo plenamente tem que acabar com as regalias desses servidores públicos que não levaram um voto nosso e vivem as custas do suor do povo brasileiro, um bando de sangue sugas que ficam fazendo militância e não resolvem nada quando é a favor do povo, todos que tem super salários tem que deixar os penduricalhos como esses arrogantes ministros do STF que tem uma pessoa a disposição pra puxar a cadeira e outra pra ajudar com a toga, isso é o cúmulo do absurdo, e ainda ficam contra o povo, tem que acabar tudo isso!"" (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)

"Concordo sim, essa é uma medida excelente a discrepância entre um profissional desse com qualquer outro que fizesse o mesmo cargo dele é iniciativa privada é absolutamente impossível de se comparar essa medida necessária pois o gasto com os funcionários públicos é absurdamente alto em comparação com os seus esforços uma parcela mínima que realmente move e faz valer o seu salário." (G2, 24 anos, suporte TI, DF)

"Eu acho que já passou da hora do governo, fazer essas mudanças, porque é um absurdo tantos benefícios e salários exorbitantes para uma minoria, enquanto o trabalhor comum é penalizado para manter esse grupo em todos os sentidos."" (G3, 45 anos, professora , MT)

"Eu adorei pois já era hora de fazer algo pois os trabalhadores brasileiros ficam horas fora de casa para ganhar 1 salário mínimo, enquanto quem tem um pouco mais de poder ganha de 10 a 20 salários mínimos, acho um absurdo esses supersalarios." (G4, 27 anos, analista de sistemas , SP)

"Acho totalmente justo. Já que são ""super salários"" , enquanto o dos trabalhadores são salário mínimo." (G5, 27 anos, enfermeira, PE)"

Ceticismo, também generalizado

Embora algumas pessoas tenham demonstrado apoio à ideia, prevaleceu a desconfiança em relação à sua concretização, com muitos acreditando que ela não passará de uma promessa ou que será adiada indefinidamente, reforçando a percepção de que medidas semelhantes frequentemente não saem do papel ou são bloqueadas por interesses de grupos poderosos. Os participantes levantaram dúvidas sobre a inclusão de políticos e altos servidores no escopo da PEC e temeram que uma elite política e econômica pudesse impedir mudanças significativas que afetassem seus próprios benefícios.

"Sou a favor dessa PEC, e que seja válida para os políticos que ganham um valor absurdamente alto, mas fico pensando se não vai ter aquele jeitinho de burlarem a lei, ou mesmo ter algumas cláusulas que beneficiam alguns corruptos desse desgoverno."" (G1, 64 anos, empresário, PR)

"Também acho que isso não vá acontecer com os intocáveis da injustiça" (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)

"Concordar até eu concordo,mas isso nunca vai acontecer no Brasil,mexe com gente grande e com aqueles que realmente mandam no Brasil, então eu acho que isso nunca vai acontecer,agora o salário do pobre e com os impostos aí é diferente."" (G2, 54 anos, aposentado, PB)

"Acho uma ótima ideia. Principalmente se, começassem pelos salários dos próprios políticos, algo que nunca ocorrerá . Duvido muto que seja aprovado" (G3, 37 anos, assistente administrativa , MG)

"A ideia dessa nova limitação salarial é muito boa. Mas, na prática, duvido que seja aprovada e se for aprovada, provavelmente, terá um monte de brechas para continuar a beneficiar os servidores públicos federais que já recebem super-salários. Esperemos para ver no que vai dar." (G4, 44 anos, funcionário público estadual, PR)

"Eu concordo em que o judiciário reveja o salário sim, imagine salário acima de 44 mil,ajustes devem ser feitos, chega a ser injustos,comparando com professoras, policiais e etc. mas cortar salário de professor é facil, quero ver ter culhão pros juízes e próprios salários" (G5, 38 anos, chefe de RH, BA)

Pergunta 102
O ministro da Casa Civil, Rui Costa, apontou na noite desta quinta-feira (5) que a economia brasileira vai bem, e que a tensão do mercado não passaria de especulação. O chefe da Casa Civil ressaltou o resultado positivo do Produto Interno Bruto (PIB) do país no terceiro trimestre. A expectativa apontada é de que a economia encerre o ano em alta de 3,5%. Além deste indicador, Costa saudou os resultados de empregos em alta e de pobreza em queda no país. Por outro lado, o mercado mostrou insatisfação com as recentes mudanças propostas. Quem vocês acham que "está com a razão"? O mercado ou o governo?
Mercado

De modo bastante uniforme, as respostas dos participantes dos grupos 1,2,3 e 4 (bolsonaristas convictos, bolsonaristas moderados, eleitores flutuantes e lulodescontentes) demonstraram uma visão majoritariamente cética em relação aos dados apresentados pelo governo sobre o desempenho econômico do país. Houve consenso de que a realidade vivenciada pela população, marcada por altas nos preços de produtos básicos, dificuldades econômicas e insegurança em relação ao futuro, contrastava com o discurso otimista do governo. A insatisfação com o custo de vida, incluindo itens como alimentos, combustíveis e serviços, reforçou a percepção de que as políticas econômicas não estavam entregando resultados efetivos no cotidiano das pessoas.

Além disso, os participantes do grupo destacaram a falta de confiança na narrativa oficial, atribuindo-a a tentativas de maquiar os problemas existentes e minimizar a pressão popular. O mercado foi frequentemente visto como um reflexo mais confiável da realidade econômica, devido à sua independência das dinâmicas políticas e à coerência com as experiências práticas da população.

"Isso só pode ser piada, o país afundando esse corrupto do Rui Costa de fake news, eles vivem da mentira com aval do STF e de toda corja esquerdistas, não precisa ser especialista em economia pra perceber que estamos ladeira a baixo, só a alta do dólar já entrega tudo, o mercado está com a razão, não tem nada que preste nesse governo do descondenado."" (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)

"O mercado com certeza tem razão! O país está indo de mau a pior. É só sair de casa e ver com seus próprios olhos. No supermercado por exemplo. Os preços exorbitantes." (G1, 38 anos, assistente administrativo , AM)

"Com certeza,o mercado, por quem acompanha os números sabem que nosso país só tem decaído cada dia mais. Em que país esse povo estão pensando quando falam que está progredindo ? Só não é no Brasil."" (G2, 54 anos, aposentado, PB)

"Poxa vida, pessoas falam do mercado com se fosse uma pessoa, o mercado é apenas um termômetro que indica como realmente vai a economia independente da propaganda de quem quer que seja. Os números do governo são baseados nas novas métricas estabelecidas pelo próprio governo pra demonstrar suas contas, mas é difícil enxergar toda essa bonança quando vamos ao supermercado e vemos arroz a 50 reais, coxão duro também a 50 reais, gasolina a 6,50 dolar a 6,15, contagem desemprego levando em conta apenas quem está inscrito no SINE e por ai vai. Os números do governo demonstrados na mídia, estão bons, mas não reflete na realidade de cada brasileiro. A conta não bate." (G2, 43 anos, administradora, GO)

"Do meu ponto de vista como cidadã só vejo que tudo está absurdamente caro, emprego aqui no Rio de Janeiro não está fácil de encontrar, meu esposo e várias pessoas que conheço estão sem trabalho. Então parece que o governo quer mostrar uma coisa e na prática é outra. Não em outros estados como está a percepção da população, mas a minha aqui no Rio é essa." (G3, 45 anos, turismóloga , RJ)

"A economia não está indo bem, para o trabalhador está ficando impossível comprar até o itens básicos de alimentação mesmo pesquisando os preços, os remédios estão no mesmo caminho e as taxas de juros pra comprar itens de valor estão muito altas. O governo está maquiando os resultados para tentar enganar o povo brasileiro."" (G3, 45 anos, professora , MT)

"EU ASSISTI A NOTICIA E NA MINHA OPINIÃO O MINISTRO TA EQUIVOCADO E TOTALMENTE ERRADO,A POBREZA E A FOME SÓ AUMENTAM CADA VEZ MAIS E A CORRUPÇÃO CORREM SOLTA NO BRASIL," (G4, 51 anos, professora , RS)

"Eu não vejo a economia nada bem, tudo está caro demais, até livros que sempre foram acessíveis agora tem taxas dificultando ainda mais o conhecimento, não sei aonde que estão vendo melhora na economia o único lado que melhora é o deles" (G4, 27 anos, analista de sistemas , SP)

Governo

Alguns participantes do grupo 5 (lulistas) defenderam o governo, destacando os avanços para as populações mais vulneráveis, como a redução da pobreza e o aumento de empregos, apontando que as ações do governo estavam voltadas para melhorar as condições de vida das classes mais baixas, mesmo que isso não agradasse ao mercado financeiro, frequentemente visto como alinhado a interesses empresariais. Houve também menções a cenários internacionais, como o da Argentina, para enfatizar que cortes de gastos e medidas pró-mercado não necessariamente beneficiam a população em geral.

"Olha, sempre que o mercado reage contra, é porque a população mais carente está tendo uma vida melhor! Basta ver o que está acontecendo na Argentina, com o FMU e a Banco Mundial elogiando os cortes de gastos do Milei, enquanto a população está comendo lixo, o desemprego aumenta, assim como a pobreza! O mercado será sempre voltado para os grandes empresários e banqueiros, nunca para a população de forma geral. Eu fico muito mais feliz de saber que saimos do mapa da fome da Onu do que manter o dólar a três reais. Como diria a nossa ex presidente, "país rico é um país sem pobreza" e nesse caminho que o Governo está se espelhando!" (G5, 33 anos, tradutor, SP)

"Olhando para os dois lados,normalmente o mercado dita as regras,creio que tudo governo está fazendo tentando acertar para mostrar que nosso país é uma potência" (G5, 41 anos, encanador, MG)

"pensando em pessoas de baixa renda e em situação vulneravel, o governo está certo. estamos com um alto indice de pessoas empregadas, e a queda da probreza, isso é ótimo para a economia do país. o “mercado” que acha ruim, são sempre as empresas que lutam para tentar tirar qualquer direito do trabalhador."" (G5, 21 anos, auxiliar administrativa, RO)

"Eu acredito que o pais ainda esta tentando se reerguer, acho que de certa forma ambos estão certos, tem muito oque melhorar, não podemos agir como se estivesse perfeito, vemos a situação dos nossos paises vizinhos, como a Argentina, que esta passando por épocas difíceis, vejo uma evolução constante, mas, de pouco em pouco" (G5, 25 anos, estudante, AL)

Considerações finais

As questões pertinentes à pauta da economia produziram muita concordância entre os grupos, sobretudo no tocante à desconfiança das instituições e da efetividade de medidas de combate à desigualdade.

No primeiro tema, a análise dos grupos revelou consenso de que a proposta de aumento da faixa de isenção de Imposto seria uma medida justa e necessária para aliviar a carga tributária sobre a classe baixa e média. No entanto, os participantes discutiram questões como a real chance de implementação da medida e as possíveis compensações fiscais, seja por meio de novos impostos, cortes em áreas sociais ou aumento de preços. Essa dualidade apareceu nas falas em todos os grupos, que se diferenciaram mais pela intensidade em que pesavam prós e contras. Os participantes bolsonaristas foram totalmente pessimistas quanto à efetividade do projeto enquanto os demais mostraram-se mais esperançosos da possibilidade de ganhos, mas nem por isso, despreocupados.

Notamos consenso ainda mais forte entre os participantes sobre a necessidade de limitar os supersalários no setor público, como um meio de reduzir as desigualdades. Apesar das diferenças de ênfase entre os grupos, ficou evidente que a proposta foi amplamente vista como justa e urgente, especialmente diante da disparidade entre os ganhos de uma minoria e a realidade salarial da maioria dos brasileiros. No entanto, novamente o ceticismo quanto à implementação prática foi uma constante, refletindo a falta de confiança da população nas instituições públicas para efetivar reformas que impactem diretamente os setores mais privilegiados.

Somente na última questão obtivemos uma pequena diferenciação de opiniões. Mesmo que as respostas nos cinco grupos tenham demonstrado que a percepção geral da população em relação à economia é predominantemente negativa, os lulistas reconheceram os efeitos positivos das ações governamentais, ao menos o tocante à qualidade de vida das camadas mais baixas, como a queda nos índices de pobreza. Já para os bolsonaristas convictos, moderados, eleitores flutuantes e lulodescontentes, a leitura que o mercado faz da economia é mais fidedigna. Usam como argumento para justificar essa posição o alto custo de vida.

Os resultados da semana mostram claramente que o Governo está perdendo a batalha da comunicação no âmbito da economia, tão importante para a formação de preferências políticas e eleitorais. A despeito de a economia real estar há algum tempo dando sinais de vitalidade, como bom crescimento do PIB, aumento da renda dos trabalhadores e baixas taxas de desemprego, não é isso que a população percebe. É fato que o fator da economia mais próximo do dia a dia das pessoas comuns é a inflação, especialmente a dos preços dos alimentos. Ou seja, crescimento do PIB e taxa de desemprego não são coisas palpáveis na experiência diária da imensa maioria das pessoas. É por isso mesmo que elas dependem dos meios de comunicação para serem informadas sobre esses assuntos. E é aí que mora o problema: os grandes meios de comunicação brasileiros militam em uníssono contra a política econômica do Governo Lula, ironicamente, a mesma política que está produzindo esses efeitos positivos.

A ironia não pode ser maior quando constatamos que para os participantes de quatro grupos, o mercado tem a leitura correta da situação, e essa percepção penetra até nos grupos dos lulistas. Esse é o mesmo mercado consultado para o Boletim Focus, que baliza a política de juros do Banco Central, e cuja imensa maioria dos operadores (80%) declaram votar em Bolsonaro, segundo pesquisa recente.

Distribuição da Participação
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ESPECIAL: O CASO DAS JOIAS

Tarcísio, Zema, Avaliação 7 meses do Governo Lula

Bolsa família, Laicidade do Estado e MST

Taxação de fundos exclusivos, Marielle e Porte de Arma

Escolas Cívico-Militares, Ataque a Moraes e Desenrola

Tarcísio vs. Bolsonaro, Lula no Mercosul e Aprovação de Lula

Condenação, Plano Safra e Inércia Bolsonarista

Julgamento, PIX e Condenação de Bolsonaro

Julgamento, Cid e políticas sociais

Valores: Marcha, Parada e Aborto

Temas: Zanin / substituto de Bolsonaro

Monitor da Extrema Direita

Os temas da semana são: (1) Investigações sobre os depósitos an

As técnicas tradicionalmente utilizadas para investigar a opinião pública são os surveys e os grupos focais. Ambas são muito úteis, mas têm com limitações da ordem prática e orçamentária, particularmente se deseja realizar um monitoramento contínuo.

O Monitor do Debate Público (MDP) é baseado em uma metodologia inovadora para monitorar de modo dinâmico a opinião pública e suas clivagens no que toca temas, preferências, valores, recepção de notícias etc.

O MDP é realizado por meio de grupos focais de operação contínua no WhatsApp, com participantes selecionados e um moderador profissional.

Assim como na metodologia tradicional de grupos focais, os grupos contínuos no WhatsApp do MDP permitem que o moderador estimule o aprofundamento de temas sensíveis e difíceis de serem explorados por meio de pesquisas quantitativas ou mesmo pela aplicação de questionários estruturados.

O caráter assíncrono dos grupos do MDP, possibilitado pela dinâmica da comunicação no WhatsApp, permite respostas mais refletidas por parte dos participantes, o que é adequado para eleitoral, dado que o voto é também uma decisão que demanda reflexão.

Por sua natureza temporal contínua, grupos focais do MDP são propícios para criar situações deliberativas, nas quais as pessoas se sentem compelidas a elaborar suas razões a partir das razões dadas por outros participantes do grupo.

O telefone celular é hoje o meio mais democrático e acessível de comunicação. Assim, a participação nos grupos do MDP não requer o uso de computador ou mesmo que os participantes interrompam suas atividades para interagirem entre si.

Equipe MDP

Carolina de Paula – Diretora geral

Doutora em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Coordenou o IESP nas Eleições, plataforma multimídia de acompanhamento das eleições 2018. Foi consultora da UNESCO, coordenadora da área qualitativa em instituto de pesquisa de opinião e big data, atuando em diversas campanhas eleitorais e pesquisas de mercado. Realiza consultoria para desenho de pesquisa qualitativa, moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade. Escreve no blog Legis-Ativo do Estadão.

João Feres Jr. – Diretor científico

Mestre em Filosofia Política pela UNICAMP e mestre e doutor em Ciência Política pela City University of New York, Graduate Center. Foi professor do antigo IUPERJ de 2003 a 2010. É, desde 2010, professor de Ciência Política do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP-UERJ). Coordenador do LEMEP, do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA) e do Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB).

Francieli Manginelli – Coordenadora de recrutamento

Cientista Social e mestre em Sociologia pela UFPR, com experiência em relações de consumo e estratégias de comunicação. Possui formação em UX Research e cursos de gestão e monitoramento de redes sociais e estratégias eleitorais, mídias digitais e gerenciamento de redes. Possui experiência em pesquisas de mercado e campanhas políticas. Realiza moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade.

André Felix – Coordenador de TI

Mestre em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Tem experiência em planejamento e desenvolvimento de sistemas computacionais de pequeno e médio porte, manutenção de servidores web e possui especialização em modelagem e implementação de bancos de dados relacionais.