Relatório 72

De 14 a 20/10

Temas:

  • Privatização de estatais
  • Fake News nas eleições
  • Eleição de policiais e militares
Realização:
Apoio:
Metodologia

O Monitor da Extrema Direita (MED) se transformou no Monitor do Debate Público (MDP). Na verdade, foi uma expansão do projeto original, que contemplava somente grupos focais contínuos de bolsonaristas convictos e moderados. Tornamos mais complexa a combinação dos critérios de seleção de participantes para produzir quatro categorias de grupos:

G1 – Bolsonaristas Convictos: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, aprovam as invasões de 08/01, acreditam que o ex-presidente é perseguido pelas instituições e não assistem à Rede Globo.

G2 – Bolsonaristas Moderados: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, desaprovam as invasões de 08/01, não há consenso sobre o ex-presidente ser perseguido pelas instituições e não rejeitam a Rede Globo.

G3 – Preferências Flutuantes: votaram Branco/Nulo no segundo turno, mas em outros candidatos no primeiro turno. Os demais critérios são diversos.

G4 – Lulodescontentes: votaram em Lula no segundo turno, mas reprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.

G5 – Lulistas: votaram em Lula no segundo turno e aprovam sua gestão. Os demais critérios são diversos.

Dessa maneira, o novo Monitor do Debate Público (MDP) será capaz de captar um escopo bem mais amplo da opinião pública e dos fenômenos que regem o comportamento político no Brasil de hoje.

Nossa metodologia permite que os participantes respondam aos temas colocados no tempo que lhes for mais conveniente, liberdade essa inexistente nos grupos focais tradicionais, que são presos à sincronia do roteiro de temas e questões colocados pelo mediador. O instrumento de pesquisa, assim, se acomoda às circunstâncias e comodidades da vida de cada um, reduzindo a artificialidade do processo de coleta de dados e, portanto, produzindo resultados mais próximos das interações reais que os participantes têm na sua vida cotidiana.

É importante salientar que os resultados apresentados são provenientes de metodologia qualitativa, que tem por objetivo avaliar posicionamentos e opiniões. Mesmo quando quantificados, tais resultados não podem ser tomados como dados estatísticos provenientes de amostragem aleatória, ou seja, as totalizações dos posicionamentos de grupos específicos não devem ser entendidas como dotadas de validade estatística mas como dado indicial.

O sigilo dos dados pessoais dos participantes é total e garantido, assim como sua anuência com a divulgação dos resultados da pesquisa.

Síntese dos Principais Resultados

Entre os dias 14 a 20/10, cinco grupos foram monitorados a partir de suas opiniões sobre questões candentes do debate público. Compõem esses grupos 50 participantes. Todos os grupos foram montados de modo a combinar variáveis como sexo, idade, etnia, renda, escolaridade, região de moradia e religião em proporções similares às da população brasileira.
Cada grupo possui características únicas. São elas:
G1 – Bolsonaristas Convictos: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, aprovam as invasões de 08/01, acreditam que o ex-presidente é perseguido pelas instituições e não assistem à Rede Globo.
G2 - Bolsonaristas Moderados: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, desaprovam as invasões de 08/01, não há consenso sobre o ex-presidente ser perseguido pelas instituições e não rejeitam a Rede Globo.
G3 – Preferências Flutuantes: votaram Branco/Nulo no segundo turno, mas em outros candidatos no primeiro turno. Os demais critérios são diversos.
G4 – Lulodescontentes: votaram em Lula no segundo turno, mas reprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.
G5 - Lulistas - votaram em Lula no segundo turno e aprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.
Evangélicos - Compusemos também um "grupo virtual" formado pela agregação das falas dos participantes evangélicos, a fim de capturar tendências específicas da opinião desse contingente demográfico.

Ao longo do período, três temas foram abordados: i) privatizações das estatais; ii) disseminação de fake news durante a campanha; vitória de policiais e militares nas eleições .
Ao todo, foram analisadas 158 interações, que totalizaram 5.871 palavras.

Bolsonaristas Convictos Bolsonaristas Moderados Eleitores Flutuantes Lulodescontentes Lulistas Evangélicos
Privatizações Todos os participantes foram favoráveis à privatização, argumentando que os serviços são melhores e que isso impede o desvio de dinheiro público. A maioria defendeu a privatização, mas o debate no grupo ocorreu sob a perspectiva da gravidade da catástrofe em SP, justificando então a demora do atendimento da Enel. A maioria adotou postura favorável à privatização, avaliando que os serviços são melhores. Quanto ao exemplo de São Paulo, o fato foi visto como uma catástrofe inesperada. Majoritariamente o grupo defendeu a privatização, mas desde que acompanhada de fiscalização e punições severas, destacando a importância de contratos bem estruturados. Unanimemente o grupo adotou postura contrária à privatização, sobretudo de serviços essenciais, com críticas ao foco em lucro e à falta de eficiência das empresas privadas em crises. Os participantes responderam alinhados com seus grupos originais de pertencimento.
Fake News A maioria não havia recebido mensagens falsas e até estranhou o fato, sobretudo em relação às eleições anteriores. As poucas mensagens citadas favoreciam Boulos e a esquerda. Os participantes não receberam mensagens com conteúdos falsos, mas muitos demonstraram incomodo com o recebimento de conteúdos em seus números privados. Somente um participante havia recebido a notícia divulgada por Marçal, com o laudo falso que acusava Boulos de ser usuário de drogas. Os demais demonstraram surpresa com o fim dessa prática. Ninguém havia recebido mensagens em suas redes ou contatos, mas muitos criticaram o tom apelativo e tendencioso das campanhas, apesar de não considerarem o conteúdo falso. Somente um participante havia visto, na televisão, uma propaganda política com notícias falsas. Os demais disseram que não viram conteúdos falsos e atribuíram isso à seleção criteriosa de contatos e grupos. Os participantes responderam alinhados com seus grupos originais de pertencimento.
Eleição de militares O grupo apoiou e celebrou a entrada de policiais na política, desde que alinhados com a direita, enfatizando a disciplina e ordem que podem trazer. O grupo avaliou o fato como um direito democrático, majoritariamente aprovando-o pela valorização da experiência dos policiais em segurança pública. O grupo ficou dividido. Alguns avaliaram que seria benéfico para a segurança, enquanto outros expressaram receios quanto adoção de pautas voltadas apenas para a classe. Todos avaliaram como um direito democrático, com alguns apontando que os militares deveriam se desligar das patentes para evitar conflitos entre suas funções e a política. Os participantes expressaram preocupação com o risco de autoritarismo e princípios conservadores na política, avaliando que a maioria dos policiais defendem princípios intransigentes. Os participantes responderam alinhados com seus grupos originais de pertencimento.
Pergunta 79
Em novembro do ano passado, milhões de pessoas ficaram dias sem luz elétrica em São Paulo devido a uma forte chuva. Sexta-feira passada o fenômeno se repetiu, e a empresa privada hoje responsável pelo fornecimento de energia elétrica, a Enel, disse que demoraria pelo menos 3 dias para restabelecer o serviço. Os governos municipal, estadual e federal se voltaram contra a empresa, reclamando da demora no reestabelecimento do serviço. O acontecimento trouxe à tona muitas críticas à privatização de serviços públicos. Qual é a sua opinião sobre o assunto?
Favoráveis

Todos os participantes do grupo 1 (bolsonaristas convictos) e a maioria dos participantes dos grupos 2, 3 e 4 (bolsonaristas moderados, eleitores flutuantes e lulodescontentes) adotaram postura favorável à privatização de empresas estatais.

Para esses, os serviços privatizados tenderiam a ser superiores, com melhor qualidade nas entregas (maior investimento em tecnologia) e, acima de tudo, menos desvio de recursos.

Porém, ante aos acontecimentos em São Paulo, muitos apontaram a necessidade de uma regulação mais firme, com multas e punições severas para garantir que as empresas privadas cumpram suas responsabilidades. Alguns participantes, inclusive justificaram a demora do restabelecimento de energia, argumentando ter se tratado de um caso ímpar, que até mesmo as empresas estatais não teriam resolvido de imediato.

"Tem que privatizar sim, se privado tem problemas, imagina pública com esse governo ladrão, estaria muito pior, já passou do tempo de privatizar todas as empresas públicas principalmente os correios, que no Rio de Janeiro não funciona como devia." (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)

"Numa privatização as coisas não funcionam de um dia para o outro, demora para a empresa se adequar e administrar plenamente. Sem contar os vários servidores em algumas áreas que podem sabotar o serviço por descontentamento. Mas sou a favor de privatizar todos serviços públicos, já temos experiências péssimas de mais com serviço público." (G1, 54 anos, músico, RS)

"Entendo que quando o serviço era público, também tinha demora para restabelecer o serviço, porém como é privatizado o governo critica e quer que seja resolvido logo? Mas como é privatizado atualmente, entendo que se tem demora, é porque são vários pontos atingidos para consertar e talvez poucos colaboradores." (G2, 35 anos, contadora, RS)

"A questão não tem nada a ver com a privatização ou não do serviço, obviamente os contratos de concessão são falhos e não preveem dispositivos de emergências que atendam fatos com esse. O certo é que a malha elétrica no brasil como um todo é precária, e só a substituição dessa malha, principalmente por redes subterrâneas poderiam amenizar consideravelmente os intempéries climáticos. Voltando à privatização, duvido que uma estatal conseguiria fazer muito melhor do que a empresa privada está fazendo, pois o contingente normal seria o mesmo." (G2, 43 anos, administradora, GO)

"A situação da Enel em São Paulo está um absurdo mesmo ainda tem áreas que estão sem energia mas sou a favor da privatização sim . A Enel já vêm dando problema faz tempo o governo tem que tomar providências. Mas ainda assim é melhor do que era" (G3, 40 anos, auxiliar de classe , SP)

"Não sou contra a privatização em si, mas acho que as regras de regulamentação e de fiscalização e o sistema fiscalizatorio deveriam ser mais rigorosos e mais punitivos a curto prazo. Quando se privatiza um serviço público se deve ter total prioridade na qualidade e eficiência e não no empurrar para a frente ou em jogar o problema na mão de terceiros sem uma fiscalização eficaz." (G4, 44 anos, funcionário público estadual, PR)

"Não sou contra a privatização, porém é algo que deve ser fiscalizado o tempo todo para que não ocorra falhas como essas onde o povo sai prejudicado." (G4, 27 anos, autônoma, PA)

Contrários

Unanimemente os participantes do grupo 5 (lulistas) foram contrários às privatizações, sobretudo as de serviços essenciais como água, energia e saúde. Muitos participantes manifestaram a visão de que esses serviços são estratégicos para a sociedade e, por isso, deveriam permanecer sob gestão pública para garantir o acesso universal e a proteção dos direitos da população. Houve um sentimento de frustração generalizada com a percepção de que empresas privadas priorizam lucros e arrecadação, enquanto a qualidade do serviço e a segurança dos consumidores ficam em segundo plano.

"Acho um absurdo a privatização de serviços públicos estratégicos e sou totalmente contra essa operação. Penso que água, luz, educação e saneamento básico jamais poderiam ser privadas, pois são aéreas extremamente essenciais para o cotidiano das pessoas. Sobre a Enel, já era para ter sido multada e ter os serviços fiscalizados com muito mais afinco. Infelizmente o governador e o prefeito atuais são incapazes de resolver essa situação, sendo que nem nos Estados Unidos com o furacão houve tantas pessoas sem luz!"" (G5, 33 anos, tradutor, SP)

"Sou totalmente contra a privatização. Não gosto da ideia de privatizar alguns serviços básicos como água, luz e educação . Na minha opinião quando.privatiza fica horrível. Não acho legal essa proposta"" (G5, 38 anos, chefe de RH, BA)

"E ainda tem gente que diz que privatizar é a solução… Em alguns serviços até concordo, mas nos serviços essenciais não há como negar que a privatização atrapalha mais do que ajuda." (G5, 26 anos, fisioterapeuta , PE)

"Sou contra a privatização de serviços básicos pois nós já tivemos muitas experiências até mesmo como essa de São Paulo onde a privatização vem para atrapalhar e as pessoas ficam sem ter para onde recorrer pois é um serviço privado. Todo mundo tem críticas a privatização mas essas críticas só surgem quando tem um problema quando as empresas querem arrecadar dinheiro não tem essa questão mas na hora delas entregarem um bom serviço elas não fazem isso então eu sou totalmente contra a privatização"" (G5, 28 anos, auxiliar administrativa, RS)

Pergunta 80
Você recebeu notícias ou mensagens durante o período eleitoral que desconfiou serem falsas? Se receberam, de onde vieram essas mensagens (WhatsApp, Telegram, Redes Sociais, etc)? Elas eram contra ou a favor algum candidato, partido ou ideologia?
Não receberam

A maioria dos participantes, de todos os grupos, afirmou não ter recebido mensagens com conteúdos falsos durante a campanha de 2024. Muitos disseram estranhar tal fato nas eleições desse ano, em comparação com as de anos anteriores.

Por outro lado, vários participantes mencionaram o contato com mensagens de teor claramente tendencioso, ainda que não fossem necessariamente falsas. Além disso, houve reclamações quanto ao recebimento de mensagens via aplicativos de mensagens, com desconfiança em relação ao acesso de políticos aos números pessoais, revelando descontentamento quanto a uma exposição indesejada e vulnerabilidade em relação à privacidade.

"Nas outras eleições sempre recebia notícias fakes para tentar manchar a imagem de alguns candidatos porém nesse ano não recebi nada , fiquei até surpreso." (G1, 45 anos, padeiro , PB)

"Não recebi nenhuma mensagem ou notícia sobre nenhum candidato nas redes sociais. Somente de candidatos pedindo voto pelo whatsapp." (G1, 38 anos, assistente administrativo , AM)

"Recebi inúmeras mensagens de políticos que eu nunca vi na minha vida não tenho ideia de como conseguir o meu número e ficava mandando mensagem direto eu bloqueava os números apagava e depois eram outros políticos mandando sinceramente isso é desgastante muito chato. Mas nenhuma com conteúdo falso" (G2, 24 anos, técnica em enfermagem , RJ)

"Não recebi nada do gênero, meus amigos e familiares nem mandam, pois sabem que vou questionar a veracidade." (G3, 45 anos, turismóloga , RJ)

"Não recebi nada na outra eleição foram várias." (G3, 40 anos, auxiliar de classe , SP)

"Recebi notícias tendenciosas via WhatsApp. Não eram falsas mas eram exageradas em favor de um determinado candidato. Recebi por encaminhamento de alguns colegas meus. Mas notícias falsas nessa eleição não recebi; mas fiquei sabendo de fake news que foram publicadas na Internet em sites ou via WhatsApp." (G4, 44 anos, funcionário público estadual, PR)

"Notícias falsas não recebi, apenas no Facebook durante o período eleitoral aqui na minha cidade teve muita acusações de candidatos, algumas até duvidosas tentando levar o eleitor a dúvida." (G4, 53 anos, artesã , SP)

"Não recebi mensagem direta no período eleitoral. O que vifoi troca de acusações nos grupos da comunidade e no Instagram de algunsjornais locais. Muitas informações foram jogadas para descredibilizar candidatos e pouco se esclareceu se era verdade ou não. Ficou cansativo acompanhar, pois no lugar de receber as propostas e plano para a cidade, recebemos muita acusação. As acusações foram de candidato gay (como se isso fosse uma ofensa) até acusação de desvio de verba." (G4, 37 anos, analista de RH, ES)

"Como eu filtrei bem os meus grupos e os meus contatos durante a eleição, não recebi nenhuma notícia falsa, mas desmenti várias que eu vi na internet. Acho importante esse trabalho de conscientização e educação da população para que as fakes news sejam diminuídas, principalmente durante esse período eleitoral, que tanto há informações incorretas circulando." (G5, 33 anos, tradutor, SP)

"Bom dia, não recebi notícias falsas ou duvidosas, pois filtrei bem minhas redes sociais e meus contatos para evitar tais situações que geram desinformação e perda de tempo." (G5, 46 anos, vendedora, AL)

Receberam

Poucos participantes haviam recebido mensagens falsas. Os participantes do grupo 1 (bolsonaristas convictos) afirmaram ter visto mensagens falsas propagadas pela esquerda, nas redes sociais. Entre os demais, que souberam detalhar, o caso de Boulos ser usuário de drogas foi mencionado,

"Vi no Instagram, o partido do Boulos levantando fale news , mas o bom que o povo pesquisa mto ,então não dei MTA atenção" (G1, 37 anos, professora de educação infantil , SP)

"Recebi sim várias pesquisas duvidosas sobre candidatos que o sistema apoia, vi mentiras contra candidatos de direita e tudo bem porque são apoiados pelo STF e TSE."" (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)

"Eu vi algumas mensagens no grupo de notícias que tenho no whatsapp, claro se tratando de fake news, já vi do Marçal, Bolsonaro, Lula, e essas mensagens com certeza foram feitas com IA. Tem muitas fake news no Facebook, Instagram, e o whatsapp não fica atrás. Principalmente nos grupos. O pessoal, sem saber, pesquisar compartilha. Infelizmente!"" (G1, 64 anos, empresário, PR)

"Vi pelo Instagram uma notícia na qual dizia que Pablo Marçal tinha um laudo de não me recordo de que ano que o Boulos usa cocaína. Alguns pessoas disseram que o médico que atestou já estava morto na época. Agora sinceramente não dá mais para acreditar em nada, nem no laudo e nem nas pessoas que dizem ao contrario. Não fui muito a fundo nisso" (G3, 36 anos, autônoma, SP)

"Sim, foi pela tv mesmo. Um candidato a prefeito divulgou fakenews sobre o candidato que estava ganhando." (G5, 26 anos, fisioterapeuta , PE)

Pergunta 81
Essa semana uma reportagem do jornal O Globo demonstrou que na eleição recente, 856 policiais foram eleitos como vereadores ou prefeitos. O que vocês acham da quantidade crescente de policiais e militares que estão entrando para a política?
Aprovam

Os participantes dos grupos 1 e 2 (bolsonaristas convictos e bolsonaristas moderados) demonstraram uma percepção amplamente favorável à entrada de policiais e militares na política, com a maioria dos participantes expressando confiança de que esses profissionais podem trazer mais disciplina e ordem à administração pública. Muitos viram também nos policiais a possibilidade de controlar a corrupção e manter uma postura ética no exercício do poder.

Muitos participantes também reconheceram a experiência em segurança pública desses candidatos como um diferencial relevante, argumentando que sua vivência prática poderia contribuir positivamente para o desenvolvimento de políticas mais eficazes na área. A preocupação com a violência e a necessidade de soluções concretas foi um tema recorrente, justificando o apoio a esses profissionais na política.

"Acho excelente. Pela disciplina. Mas isso nada mais é o reflexo do que a população quer." (G1, 35 anos, artesã , SC)

"Eu acho excelente! Pois, quanto mais ordem e disciplina tiver melhor. Somos brasileiros, e nossa bandeira é verde, amarela, azul, e branca. Vermelho jamais! Quanto mais vereadores, prefeitos de direita melhor." (G1, 64 anos, empresário, PR)

"Acho bom, desde que não sejam de esquerda com as ideologias maléficas, no ponto que nosso país chegou de estar sendo governado pelo ditador do PCC, é bom que entre policiais e militares patriotas na política."" (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)

"Acredito nao ter problemas por terem sido policiais/militares e agora se elegeram, que bom que novas caras se elegeram para tentar mudar algo que precisa, principalmente na segurança já que eles tem a vivência das ruas como policial/militar, o povo vive reclamando que falta segurança." (G2, 35 anos, contadora, RS)

"Eu vi algo sobre esse assunto mas de forma bem superficial, sinceramente não vejo problema algum nisso, até acho que assim como qualquer outra profissão, eles têm o direito de se candidatar e participar da política, principalmente considerando que tem um conhecimento importante sobre segurança publica...." (G2, 43 anos, administradora, GO)

"Vejo com bons olhos,pelo menos são pessoas que estão acostumados com a realidade da sociedade e se forem honestos podem fazer muito pelo povo." (G2, 54 anos, aposentado, PB)

"Acho normal concerteza quem vota neles acredita que vão fazer um trabalho com mais seriedade e sem se meter em escândalos e corrupção." (G3, 40 anos, auxiliar de classe , SP)

Indiferentes

A maioria dos participantes dos grupo 3 e 4 (eleitores flutuantes e lulodescontentes) demonstraram indiferença ao tema, destacando a legitimidade dessa participação como um reflexo da democracia, sem expectativas mais amplas em relação aos resultados obtidos na vida pública. Alguns participantes destacaram que, apesar de considerarem o direito democrático de qualquer cidadão se candidatar, viam com certa desconfiança a motivação por trás dessas candidaturas, questionando se a intenção seria, de facto, servir ao interesse público ou aproveitar vantagens pessoais e políticas.

Por outro lado, emergiram preocupações quanto ao risco de ampliação de práticas como o fortalecimento de milícias e o uso do poder político em benefício próprio. Em particular, as respostas dos participantes do Rio de Janeiro refletiram uma preocupação com a relação entre policiais e facções criminosas, colocando em dúvida se esses candidatos agiriam de forma imparcial

"Vejo como positivo eles poderem concorrer nas eleições,já que não há nenhuma regra que o limite,eles podem sim se candidatar. Isso é democracia,onde diferentes.classes tenham o direito de falar e defender inúmeras classes sociais." (G2, 42 anos, assistente logístico , PE)

"Acho que isso independe de cargo. O que vale são as propostas e se realmente irão realizar o que prometido." (G3, 37 anos, assistente administrativa , MG)

"Eu acho que não muda nada, porque eles não trabalham sozinhos e dependem de um grupo para votar, aprovar e fazer alguma mudança." (G3, 45 anos, professora , MT)

"Quanto ao direito deles serem candidatos a cargos eletivos, sou a favor, afinal eles são cidadãos como todos nós." (G4, 44 anos, funcionário público estadual, PR)

"Acredito que o direito de todo cidadão que queira fazer parte da política tente se candidatar e quem sabe ganhar. Pode ser que eles acham que vão fazer a diferença!"" (G4, 49 anos, artesã , CE)

"Vejo como um processo normal se realmente tiverem a intenção de trabalhar pelo povo. Pelo menos até o momento, não vejo problemas ou estranheza com relação a esse aumento." (G4, 37 anos, analista de RH, ES)

"Meu medo é eles fortalecerem ainda mais as milícias. Dado que a grande maioria dos milicianos são policiais eu ex-policiais. Se não for isso vai ser ótimo, pois a segurança pública foi pro ralo há muito tempo, pelo menos aqui no Rio de Janeiro."" (G3, 45 anos, turismóloga , RJ)

"A meu ver é mais uma profissão normal se, não houvessem tantos milicianos aqui na minha cidade. Que podem usar do poder da politica para m benefício próprio dessas faccoes" (G3, 50 anos, pedagoga, RJ)

Contrários

Os participantes do grupo 5 (lulistas) expressaram preocupações sobre o aumento da participação de policiais e militares na política, devido a possibilidade de uma política mais autoritária, com uso excessivo de força e truculência na tomada de decisões. Muitos também mencionaram desconfiança em relação ao perfil conservador e agressivo desses candidatos, além do temor de que eles negligenciam pautas sociais e de direitos humanos. No geral, o grupo revelou um ceticismo acentuado, tanto em relação à motivação dos candidatos quanto à eficácia de sua atuação política, evidenciando uma preocupação com possíveis efeitos negativos para a democracia e a sociedade.

"A grande maioria de pessoas dessa área são extremamente conservadores (apesar de não respeitarem nem a própria família), agressivos e não tem um bom projeto. Eu não acho interessante esse crescimento, inclusive acho preocupante, pois pode tornar algo que era pra ser melhoria, no contrário. e sim, digo isso pq não sou de direita." (G5, 21 anos, auxiliar administrativa, RO)

"É preocupante. Isso mostra o quanto a pauta da segurança pública consegue iludir o eleitor, pois acreditam que colocando um militar no poder as coisas irão melhorar. As milícias no RJ estão aí para provar o quanto é falho esse argumento. Temo por um futuro obscuro, principalmente em relação às pautas sociais e de direitos humanos."" (G5, 49 anos, bancário , CE)

"Eu penso ser um risco enorme para a democracia essa quantidade de policias sendo eleitos! Sabemos que existe uma bancada da bala e o fortalecimento desse setor não é nada positivo para a população. Existe também o fato da milícia aumentar com a eleição desses policiais, a tornando mais complicada ainda de ser controlada. Por fim, isso só demonstra como a população brasileira não pesquisa em quem vai votar para o Legislativo e o fato da pessoa colocar qualquer Capitão antes do nome já angariar diversos votos." (G5, 33 anos, tradutor, SP)

"Eu vejo com preocupação o aumento de policiais e militares eleitos nas últimas eleições, uma vez que a maioria dessas pessoas possuem um perfil agressivo e em suas propostas não consta um planejamento público em segurança e por terem um perfil agressivo eles nem querem saber em estudar os motivos crescente da violências na cidades, vão legislar com truculência conforme fazem nas ruas." (G5, 46 anos, vendedora, AL)

Considerações finais

Os temas da semana, dessa vez, isolaram o grupo mais progressista, de eleitores de Lula.

A maioria dos participantes mostrou uma postura mais liberal em relação às privatizações, avaliando que, em geral, as ofertas de serviço são melhores. No entanto, muitos fizeram ressalvas contraditórias, exigindo do governo uma postura mais rígida na elaboração de contratos, para que tais empresas fossem obrigadas, mediante sanções, a manter tal qualidade e efetividade de serviços. Somente os eleitores lulistas se posicionaram de modo contrários, defendendo os princípios universais de acesso aos serviços essenciais, como água e energia e ainda apontando que as empresas estatais são mais bem preparadas para casos de calamidade, enquanto as privadas, por visarem o lucro, tendem sempre a operar com estruturas mínimas.

Ao longo de nossas interações sobre a campanha de 2024 o tema das fake news não foi sobressalente e, com a questão da semana, ficou evidente que, esse ano, o número de conteúdos falsos distribuídos aparenta ter sido menor. Quase nenhum participante havia recebido/visto algo do tipo, salvo o caso envolvendo Marçal e a acusação falsa contra Boulos. Muitos participantes associaram essa redução ao cuidado em selecionar os grupos e contatos com os quais interagem e em investigar as fontes das mensagens recebidas antes de repassá-las, indicando um maior grau de consciência e controle sobre o consumo de informações. Cabe investigar agora se essa justificativa é de fato satisfatória ou se houve mesmo a redução desse tipo de prática.

Como de se esperar, a aprovação de políticos militares eleitos ocorreu majoritariamente nos grupos bolsonaristas, que repercutiram postura pró-segurança pública e a visão de que policiais e militares teriam maior autoridade na tratativa política do tema, além dos valores e princípios de ordem e progresso necessários. Os eleitores flutuantes e lulodescontentes não demonstraram interesse pelo tema, avaliando-o apenas pelos aspectos da liberdade democrática em se candidatar e validação da vontade da maioria em elegê-los. Novamente os lulistas adotaram postura mais distanciada dos demais, reprovando o uso de ideologias militares na política, temendo que o radicalismo levasse a retrocessos democráticos e sociais.

Distribuição da Participação
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Monitor da Extrema Direita

As técnicas tradicionalmente utilizadas para investigar a opinião pública são os surveys e os grupos focais. Ambas são muito úteis, mas têm com limitações da ordem prática e orçamentária, particularmente se deseja realizar um monitoramento contínuo.

O Monitor do Debate Público (MDP) é baseado em uma metodologia inovadora para monitorar de modo dinâmico a opinião pública e suas clivagens no que toca temas, preferências, valores, recepção de notícias etc.

O MDP é realizado por meio de grupos focais de operação contínua no WhatsApp, com participantes selecionados e um moderador profissional.

Assim como na metodologia tradicional de grupos focais, os grupos contínuos no WhatsApp do MDP permitem que o moderador estimule o aprofundamento de temas sensíveis e difíceis de serem explorados por meio de pesquisas quantitativas ou mesmo pela aplicação de questionários estruturados.

O caráter assíncrono dos grupos do MDP, possibilitado pela dinâmica da comunicação no WhatsApp, permite respostas mais refletidas por parte dos participantes, o que é adequado para eleitoral, dado que o voto é também uma decisão que demanda reflexão.

Por sua natureza temporal contínua, grupos focais do MDP são propícios para criar situações deliberativas, nas quais as pessoas se sentem compelidas a elaborar suas razões a partir das razões dadas por outros participantes do grupo.

O telefone celular é hoje o meio mais democrático e acessível de comunicação. Assim, a participação nos grupos do MDP não requer o uso de computador ou mesmo que os participantes interrompam suas atividades para interagirem entre si.

Equipe MDP

Carolina de Paula – Diretora geral

Doutora em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Coordenou o IESP nas Eleições, plataforma multimídia de acompanhamento das eleições 2018. Foi consultora da UNESCO, coordenadora da área qualitativa em instituto de pesquisa de opinião e big data, atuando em diversas campanhas eleitorais e pesquisas de mercado. Realiza consultoria para desenho de pesquisa qualitativa, moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade. Escreve no blog Legis-Ativo do Estadão.

João Feres Jr. – Diretor científico

Mestre em Filosofia Política pela UNICAMP e mestre e doutor em Ciência Política pela City University of New York, Graduate Center. Foi professor do antigo IUPERJ de 2003 a 2010. É, desde 2010, professor de Ciência Política do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP-UERJ). Coordenador do LEMEP, do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA) e do Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB).

Francieli Manginelli – Coordenadora de recrutamento

Cientista Social e mestre em Sociologia pela UFPR, com experiência em relações de consumo e estratégias de comunicação. Possui formação em UX Research e cursos de gestão e monitoramento de redes sociais e estratégias eleitorais, mídias digitais e gerenciamento de redes. Possui experiência em pesquisas de mercado e campanhas políticas. Realiza moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade.

André Felix – Coordenador de TI

Mestre em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Tem experiência em planejamento e desenvolvimento de sistemas computacionais de pequeno e médio porte, manutenção de servidores web e possui especialização em modelagem e implementação de bancos de dados relacionais.