Relatório 88

De 28/4 a 4/5

Temas:

  • Prisão de Collor
  • Terapias hormonais em adolescentes
  • Camisa vermelha da seleção
Realização:
Apoio:
Metodologia

O Monitor da Extrema Direita (MED) se transformou no Monitor do Debate Público (MDP). Na verdade, foi uma expansão do projeto original, que contemplava somente grupos focais contínuos de bolsonaristas convictos e moderados. Tornamos mais complexa a combinação dos critérios de seleção de participantes para produzir quatro categorias de grupos:

G1 – Bolsonaristas Convictos: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, aprovam as invasões de 08/01, acreditam que o ex-presidente é perseguido pelas instituições e não assistem à Rede Globo.

G2 – Bolsonaristas Moderados: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, desaprovam as invasões de 08/01, não há consenso sobre o ex-presidente ser perseguido pelas instituições e não rejeitam a Rede Globo.

G3 – Preferências Flutuantes: votaram Branco/Nulo no segundo turno, mas em outros candidatos no primeiro turno. Os demais critérios são diversos.

G4 – Lulodescontentes: votaram em Lula no segundo turno, mas reprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.

G5 – Lulistas: votaram em Lula no segundo turno e aprovam sua gestão. Os demais critérios são diversos.

Dessa maneira, o novo Monitor do Debate Público (MDP) será capaz de captar um escopo bem mais amplo da opinião pública e dos fenômenos que regem o comportamento político no Brasil de hoje.

Nossa metodologia permite que os participantes respondam aos temas colocados no tempo que lhes for mais conveniente, liberdade essa inexistente nos grupos focais tradicionais, que são presos à sincronia do roteiro de temas e questões colocados pelo mediador. O instrumento de pesquisa, assim, se acomoda às circunstâncias e comodidades da vida de cada um, reduzindo a artificialidade do processo de coleta de dados e, portanto, produzindo resultados mais próximos das interações reais que os participantes têm na sua vida cotidiana.

É importante salientar que os resultados apresentados são provenientes de metodologia qualitativa, que tem por objetivo avaliar posicionamentos e opiniões. Mesmo quando quantificados, tais resultados não podem ser tomados como dados estatísticos provenientes de amostragem aleatória, ou seja, as totalizações dos posicionamentos de grupos específicos não devem ser entendidas como dotadas de validade estatística mas como dado indicial.

O sigilo dos dados pessoais dos participantes é total e garantido, assim como sua anuência com a divulgação dos resultados da pesquisa.

Síntese dos Principais Resultados

Entre os dias 28/4 a 4/5, cinco grupos foram monitorados a partir de suas opiniões sobre questões candentes do debate público. Compõem esses grupos 50 participantes. Todos os grupos foram montados de modo a combinar variáveis como sexo, idade, etnia, renda, escolaridade, região de moradia e religião em proporções similares às da população brasileira.
Cada grupo possui características únicas. São elas:
G1 – Bolsonaristas Convictos: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, aprovam as invasões de 08/01, acreditam que o ex-presidente é perseguido pelas instituições e não assistem à Rede Globo.
G2 - Bolsonaristas Moderados: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, desaprovam as invasões de 08/01, não há consenso sobre o ex-presidente ser perseguido pelas instituições e não rejeitam a Rede Globo.
G3 – Preferências Flutuantes: votaram Branco/Nulo no segundo turno, mas em outros candidatos no primeiro turno. Os demais critérios são diversos.
G4 – Lulodescontentes: votaram em Lula no segundo turno, mas reprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.
G5 - Lulistas - votaram em Lula no segundo turno e aprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.
Evangélicos - Compusemos também um "grupo virtual" formado pela agregação das falas dos participantes evangélicos, a fim de capturar tendências específicas da opinião desse contingente demográfico.

Ao longo do período, três temas foram abordados: i) prisão de Fernando Collor de Mello, pela Operação Lava Jato; ii) decisão do Conselho Federal de Medicina sobre proibir o uso de terapias hormonais em adolescentes transexuais; iii) notícia sobre possibilidade de adoção de camisa vermelha como segundo uniforme da soleção brasileira de futebol.
Ao todo, foram analisadas 162 interações, que totalizaram 7.736 palavras.

Bolsonaristas Convictos Bolsonaristas Moderados Eleitores Flutuantes Lulodescontentes Lulistas Evangélicos
Prisão de Collor A prisão de Collor foi vista como justa, mas houve forte crítica à seletividade da Justiça, com denúncias de perseguição política e comparação com outros réus da Lava Jato que foram soltos. Predominou a descrença na Lava Jato e na Justiça, com suspeitas de que a prisão teve motivação política e de que o sistema é seletivo e ineficaz. Houve apoio à prisão e reconhecimento da importância da Lava Jato, mas com pessimismo quanto à efetividade das punições e descrença na continuidade da responsabilização. A prisão foi majoritariamente aprovada, vista como um acerto tardio, embora muitos duvidassem que ela resultasse em punição real ou duradoura, devido aos privilégios dos poderosos. A prisão foi considerada justa, mas muito atrasada. Muitos criticaram a morosidade da Justiça e a falta de reparação dos danos causados pela corrupção. Os evangélicos responderam de acordo com seus grupos originais de participação.
Decisão do CFM O grupo defendeu majoritariamente a proibição com base na imaturidade dos adolescentes e na incapacidade do SUS de atender a esse tipo de demanda, considerando o tratamento hormonal supérfluo frente a outras prioridades de saúde. Os participantes expressaram, de forma predominante, apoio à decisão do Conselho Federal de Medicina, sobretudo pela imaturidade dos adolescentes, porém com um tom mais moderado e marcado por insegurança diante da complexidade do tema. A maioria reforçou a ideia de que adolescentes não teriam maturidade suficiente para tomar decisões de impacto permanente sobre o corpo. Alguns participantes demonstraram empatia com o sofrimento da população trans e reconheceram a complexidade do debate. O grupo adotou apoio majoritário à proibição das terapias hormonais para adolescentes transexuais, destacando como principal argumento a imaturidade característica da adolescência para justificar a medida. A maioria dos participantes se posicionou a favor da proibição com base no argumento da imaturidade dos adolescentes, reforçando a ideia de que escolhas relacionadas à identidade de gênero e tratamentos hormonais só deveriam ser feitas após o desenvolvimento completo. Mesmo concordando com a decisão do CFM, os evangélicos formularam seus argumentos de acordo com seus grupos de participação, sem fundamentação religiosa ou moral nítida.
Camisa Vermelha A mudança da cor do uniforme foi amplamente rejeitada, vista como uma afronta à bandeira nacional e como tentativa de imposição de uma agenda política de esquerda. A proposta foi percebida como ideologicamente motivada e antinacional. Predominou a crítica à quebra da tradição e à politização do futebol, com forte rejeição ao vermelho como cor associada à esquerda. Muitos enxergaram a medida como jogada de marketing ligada à polarização política. Os participantes destacaram a defesa das cores da bandeira como símbolo nacional e a crítica à tentativa de transformação política do uniforme. Houve também reprovação à Nike e à CBF por suposta instrumentalização ideológica da camisa. Apesar da predominância da rejeição à mudança, surgiram opiniões mais neutras, com críticas ao excesso de politização e à supervalorização do tema. Parte dos participantes relativizou a importância da cor e priorizou o desempenho esportivo. A maioria defendeu a preservação da tradição e das cores nacionais, mas com menor carga ideológica. Algumas respostas minimizaram a relevância do debate, considerando a proposta improvável ou como distração diante de problemas maiores. O grupo formulou suas opiniões de acordo com seus grupos originais de pertencimento.
Pergunta 17
O ex-presidente Fernando Collor de Mello foi preso na última sexta-feira (25), em Maceió (AL), em razão de uma condenação baseada nas investigações da operação Lava Jato. Segundo a PGR, Fernando Collor recebeu R$ 26 milhões entre 2010 e 2014 como propina por ter "intermediado" contratos firmados pela BR Distribuidora, à época vinculada à Petrobras, com a construtora UTC Engenharia, do empreiteiro Ricardo Pessoa. Segundo a denúncia, Collor usava sua influência na BR Distribuidora para favorecer determinadas empresas – e, em troca, recebia uma "comissão" sobre os contratos firmados. Vocês viram notícias sobre a prisão? O que acham dela? Como avaliam a credibilidade das investigações e da operação Lava Jato no caso de Fernando Collor?
Concordância com a prisão

Todos os grupos, com diferentes intensidades, consideraram a prisão justa ou merecida, ainda que tardia.

A maioria dos participantes expressou insatisfação com a demora da Justiça, considerando inaceitável que a responsabilização tenha ocorrido décadas após os crimes. Muitos apontaram que o impacto dos atos de corrupção já estava consolidado e que, mesmo com a prisão, os danos à sociedade e aos cofres públicos não seriam reparados. Ainda assim, prevaleceu o entendimento de que, apesar do atraso, era positivo ver uma figura política tradicional finalmente enfrentando consequências legais.

"Que Collor merece a prisão não tenho dúvidas, mas pq só agora resolveram prende-lo enquanto todos os outros estão a solta retornando a cena do crime?” (G1, 54 anos, músico, RS)

“Acredito que o Color já deveria estar preso a muito tempo. Mas se prenderam o Color, porque os outros envolvidos estão soltos. A lei tem que valer para todos.” (G1, 38 anos, assistente administrativo, AM)

“Eu vi mas não acreditei, creio que tudo em relação a lava jato, está fora de questão. É tudo matéria pra preencher jornal. Não tem credibilidade.” (G2, 43 anos, professora, SP)

“Acho que o Collor tem que ser preso e pagar pela corrupção, mas isso está muito estranho porque a lei não é cega e tem preferência.” (G2, 55 anos, gerente de serviços elétricos, RJ)

“Sim, vi no jornal, demorou isso acontecer. A prisão dele foi uma ação que demorou acontecer [...] com certeza tinha muito dinheiro envolvido e acabou em pizza, um negócio enrolado e sem fim.” (G3, 41 anos, funcionária pública, GO)

“Demorou isso acontecer. Foi só pra lembrar da esquecida Lava Jato. [...] No começo parecia que o povo brasileiro tinha alguém que iria usar seu poder a nosso favor.” (G3, 41 anos, funcionária pública, GO)

“Acho que a prisão de Collor foi correta [...] mas as investigações são lentas e a justiça também, agora que pague pelo que fez.” (G4, 25 anos, babá, RS)

“Fico feliz pela justiça estar sendo feita. Mas a minha avaliação é péssima! Por que tanta demora para que ele responda pelos crimes cometidos? [...] muito triste, mas que bom que após 3 décadas tenha dado certo.” (G4, 21 anos, auxiliar administrativa, RO)

“Acho tardia, mas muito muito tarde essa investigação e providência. De que adianta agora ele ser penalizado por crimes que cometeu a vários anos atrás? [...] nenhum dano vai ser reparado na minha opinião.” (G5, 37 anos, restauradora, SP)

“Acho que demorou demais essa investigação. [...] O Fernando Collor já deveria ter sido preso há anos e por que aconteceu agora? Será que uma investigação demora tantos anos?” (G5, 38 anos, chefe de RH, BA)

Perseguição política

As percepções dos grupos 1 e 2 (bolsonaristas convictos e moderados) sobre a Operação Lava Jato foram predominantemente críticas, marcadas por desconfiança e ceticismo quanto à sua imparcialidade e continuidade. Entre os participantes, foi comum a visão de que a Lava Jato perdeu credibilidade ao longo do tempo, especialmente após a anulação de condenações de figuras políticas importantes. Muitos associaram a operação a uma atuação seletiva, usada politicamente para perseguir adversários específicos, enquanto outros envolvidos permaneciam impunes. Para esses, a operação atuava como instrumento de manipulação institucional ou como uma farsa esvaziada de efeitos concretos.

Para esses grupos, a condenação de Collor não era apenas como um ato jurídico isolado, mas parte de um movimento político com o objetivo de criar precedente institucional para punir ex-presidentes — especialmente os que se alinharam à direita e mais enfaticamente, Bolsonaro.

“Sobre credibilidade das investigações da lava jato, qual a credibilidade desta decisão do STF se pelos mesmos crimes anulou as sentenças de todos os outros envolvidos?” (G1, 54 anos, músico, RS)

“A lava jato tinha acabado de vez com a anulação da condenação do descondenado e vários outros larápios lesa pátria que confessaram o roubo devolveram o dinheiro do roubo e agora estão soltos.” (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos, RJ)

“Será que alguém pode ser, ainda, condenado pela operação Lava Jato? [...] virou piada essa lava jato, sem qualquer credibilidade.” (G2, 54 anos, aposentado, PB)

“Atualmente não tem mais credibilidade essa operação, quem foi condenado depois deu um jeito de reverter, penso que não vai ser diferente com Collor.” (G2, 35 anos, contadora, RS)

“Collor não está sendo preso por seu crime, mas por não estar do lado político dos outros investigados e principalmente para abrir precedente para prisão de Bolsonaro.” (G2, 43 anos, administradora, GO)

“O PT quer prender Bolsonaro e não conseguiu ainda! Fica rodeando e procurando treta.” (G1, 64 anos, empresário, PR)

“A prisão dele é para que se crie uma narrativa para também condenação de Bolsonaro, o que pra mim é uma aberração.” (G2, 42 anos, assistente logístico, PE)

“O sonho é prender o presidente Bolsonaro. Estamos em uma ditadura judicial.” (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos, RJ)

Apoio reflexivo à Lava Jato

Nos grupos 3, 4 e 5 (eleitores flutuantes, lulodescontentes e lulistas) houve reconhecimento do papel importante que a operação teve no combate à corrupção e na revelação de esquemas que antes permaneciam ocultos. No entanto, esse reconhecimento veio acompanhado de críticas à lentidão dos processos, à seletividade nas punições e a episódios de abuso de poder ou falhas jurídicas ao longo da condução das investigações. Esses grupos não rejeitaram a Lava Jato por completo, mas passaram a avaliá-la com mais ceticismo à medida que os desdobramentos políticos e judiciais afetaram sua credibilidade pública.

Os participantes do grupo 3 (eleitores flutuantes) reforçaram suas posições de incredulidade perante a justiça brasileira, avaliando que a corrupção seguia sendo um problema estrutural e disseminado, e que medidas como essa deveriam urgentemente ser ampliadas a outros políticos igualmente envolvidos e com maioor celeridade. Para esses, com maior enfoque, a Lava Jato ainda representava uma tentativa válida de combater a corrupção, apesar dos retrocessos ocorridos ao longo dos anos.

'Vi a prisão sim e toda hora fala nos noticiários sobre. Isso é uma máfia, tem muitos mais envolvidos, não somente ele, pode ter certeza. E ele deve pagar por isso sim. E responder o processo preso, pois tem muito dinheiro envolvido nisso.” (G3, 39 anos, analista financeiro, SP)

“Eu vi sim as notícias sobre a prisão do ex-presidente Fernando Collor. A operação Lava Jato mostra que tem credibilidade, investigou todos os fatos e está tentando finalizar o processo com condenação do ex-presidente, mas em se tratando do nosso Brasil, sabemos que não vai dar em nada todo este trabalho da Lava Jato.” (G3, 45 anos, professora, MT)

“Sim, eu vi as notícias sobre a prisão do Fernando Collor. Para ser sincero, não me surpreendeu muito, considerando o histórico dele na política brasileira. Sobre a operação Lava Jato, eu acho que, apesar de todas as polêmicas e erros que surgiram depois, ela teve um papel importante em trazer à tona muitos esquemas de corrupção que antes ficavam escondidos. No caso do Collor, as provas e os relatos parecem bastante consistentes, então acredito que a condenação dele tem fundamentos. Mas é claro que, em um país como o nosso, a gente sempre fica com um pé atrás e precisa acompanhar para ver se a Justiça vai ser realmente cumprida até o fim.” (G4, 36 anos, instrutor de informática, SP)

“Fico feliz pela justiça estar sendo feita. Mas a minha avaliação é péssima! Por que tanta demora para que ele responda pelos crimes cometidos? Não tem justificativa, o Estado tem poder e recursos suficientes para que essas investigações sejam eficientes, mas no fundo a gente sabe que é rico acobertando rico e pobre vangloriando esses caras. Muito triste, mas que bom que após 3 décadas tenha dado certo.” (G4, 21 anos, auxiliar administrativa, RO)

“O ex-presidente Fernando Collor de Mello já era para estar preso desde do seu impeachment, já que naquele congelamento das poupanças já ficou comprovado que houve corrupção! Mas, já que naquela época não efetuaram a sua prisão, pelo menos agora, com décadas de atraso, esse fato foi consumado e fiquei feliz com isso! Sobre a Operação Lava Jato em si, há muitos abusos, especialmente no que se refere à condenação do presidente Lula. Só que, nesse caso específico, havia a necessidade da prisão mesmo, e as evidências eram bastante claras sobre os crimes cometidos pelo Collor!” (G5, 33 anos, tradutor, SP)

“Acho que demorou demais essa investigação. Deveria ter acontecido antes. O Fernando Collor já deveria ter sido preso há anos e por que aconteceu agora? Será que uma investigação demora tantos anos?

A Lava Jato é tão difícil falar algo, porque existem tantos erros, abusos de poder, como na minha opinião existiu tanto um motim para o presidente Lula. E nem estou defendendo ele, mas existiu sim.” (G5, 38 anos, chefe de RH, BA)

Pergunta 18
Na última semana, o Conselho Federal de Medicina aprovou uma resolução que proíbe o uso de terapias hormonais em adolescentes transexuais (ou seja, que não se identificam com o sexo atribuído ao nascer) com menos de 18 anos. A medida gerou reações distintas: enquanto alguns defendem que é necessário cautela e mais estudos sobre os efeitos desse tipo de tratamento, outros argumentam que a decisão pode dificultar o acesso a cuidados de saúde adequados e agravar o sofrimento de jovens que já enfrentam preconceitos. Como vocês interpretam decisões como essa, que envolvem adolescentes e os limites da atuação médica? Na opinião de vocês, o que deveria orientar as políticas públicas nesses casos?
Considerações Gerais

Encontramos direcionamentos gerais comuns entre os participantes. Todos os grupos expressaram, em maior ou menor grau, a percepção de que adolescentes não têm maturidade suficiente para tomar decisões irreversíveis sobre seus corpos, como o uso de hormônios, apoiando então a decisão do Conselho Regional de Medicina.

O tema da questão, por ser bastante complexo e tratar de um assunto sensível, que envolve saúde, identidade, direitos e limites da atuação estatal, gerou receio e dificuldades, por partes dos participantes, em formular opiniões mais elaboradas. Interessante observar que os participantes não debateram a distinção entre sexo e gênero, evitando o núcleo conceitual da causa e concentrando-se mais nos aspectos médicos e na maturidade dos adolescentes.

Imaturidade e demandas mais urgentes para o SUS

As opiniões do grupo 1 (bolsonaristas convictos) refletiram majoritariamente uma postura de cautela diante da aplicação de terapias hormonais em adolescentes transexuais. Os argumentos mais recorrentes foram a imaturidade emocional e cognitiva dos jovens, o risco de arrependimento futuro — também presentes em outros grupos — e, de forma mais específica, a percepção de que o SUS não teria estrutura para atender esse tipo de demanda.

A decisão do CFM foi, em grande parte, interpretada como prudente ou necessária, sendo justificada por uma visão de que a adolescência seria uma fase transitória, marcada por dúvidas, e que decisões de grande impacto sobre o corpo deveriam ser adiadas até a maioridade. Muitos citaram a maioridade penal como exemplo para defender a espera pela execução dos procedimentos.

Além disso, de modo exclusivo desse grupo, muitas das falas demonstraram desconfiança em relação à capacidade do sistema público de saúde de incorporar tratamentos voltados à população trans sem comprometer a atenção a outras demandas consideradas mais “essenciais” ou “urgentes”. O acesso à hormonização foi frequentemente tratado como algo supérfluo ou ideológico, revelando uma hierarquização dos direitos à saúde que marginaliza determinadas vivências.

"Na minha opinião o SUS não atende direito quem chega passando mal e é diagnosticado com virose, o que dirá num assunto tão polêmico como esse que envolve alterar os hormônios de jovens que ainda estão em desenvolvimento, isso é de responsabilidade dos pais porque filhos menores não assumem as consequências de atos ilícitos quem dirá sobre mudanças radicais no corpo. Essa proibição está correta, um adolescente não tem condições de saber o que realmente quer para o resto da sua vida é uma fase cheia de dúvidas, que depois de adulto pode vir a se arrepender e talvez não tenha como reverter a situação.” (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos, RJ)

"Acho uma decisão correta. Afinal de contas como alguns disseram a cima, se o adolescente não pode responder pelos seus erros, não vejo o por que dele tomar essa decisão em sua adolescência. Agora quando ficar adulto, ele escolhe o que achar de melhor." (G1, 27 anos, microempreendedora, MG)

"Na minha opinião, um menor de idade, adolescente não poderia ter acesso ao SUS para esses procedimentos hormonais. Já está tão difícil atender casos que realmente precisam, que envolve risco de vida, e para conseguir uma consulta de oftalmo, ortopedista, e outras é extremamente demorada. Deveriam se preocupar com isso. Esses atendimentos de mudança de gênero, hormônios, quem quiser, que faça particular, ou não faça se não tem condições financeiras. Deixa o SUS resolver o que realmente é importante, a saúde dos brasileiros.” (G1, 64 anos, empresário, PR)

"Acho a decisão mais que justa, adolescentes não têm idade para saber o que realmente querem para sua vida sexual, pois é um período de transição muito conturbado e ao passar por isso, alguns podem se arrepender no futuro, e pode ser tarde demais, além disso, o SUS tem problemas muito mais sérios para resolver do que custear tratamentos que, ao meu ponto de vista da saúde, são supérfluos." (G1, 45 anos, padeiro, PB)

Necessidade de Proteção

As opiniões dos demais grupos expressaram, de forma predominante, apoio à decisão do Conselho Federal de Medicina, porém com um tom mais moderado e marcado por inseguranças diante da complexidade do tema.

De modo geral, os participantes reconheceram que a questão envolve múltiplos aspectos — biológicos, emocionais, sociais e legais — e, por isso, enfatizaram a necessidade de mais estudos e precaução antes da autorização de terapias hormonais em adolescentes. A defesa da saúde como prioridade apareceu como justificativa central, muitas vezes associada à ideia de que o corpo ainda está em formação e que intervenções nesse estágio poderiam trazer riscos irreversíveis. Para esses, a posição a favor da proibição foi feita com base no argumento da imaturidade dos adolescentes, reforçando a ideia de que escolhas relacionadas à identidade de gênero e tratamentos hormonais só deveriam ser feitas após o desenvolvimento completo, com maior consciência das consequências.

Houve confiança nas instituições médicas como legitimadoras das decisões, sugerindo que, em casos polêmicos, a técnica e a ciência deveriam prevalecer sobre pressões ideológicas. Em contrapartida, alguns participantes realizaram críticas à forma como a decisão foi tomada, levantando dúvidas sobre a ausência de escuta pública, o papel dos profissionais especializados e a falta de diálogo com as próprias pessoas trans.

Alguns participantes demonstraram desconforto em tratar o assunto, afirmando desconhecimento ou desconexão com a realidade e as necessidades específicas da população trans.

"É um assunto complexo, concordo com essa proibição médica, pois o corpo até os 18 anos já passa por tranformações naturais e pode dar problemas, elimagina incluindo hormônios. A saúde em primeiro lugar. Essas terapias precoces precisam ser mais divulgadas e alertando pais e os próprios adolescentes dos prós e contras.” (G2, 35 anos, contadora, RS)

"Eu sou a favor da decisão do conselho federal de medicina. A fase adolescente é muito delicada, conturbada por variações hormonais e também pessoais. O adolescente não deve fazer esse tratamento hormonal, pois é ums fase muito delicada de transformação e adaptação que todo ser humano precisa passar. As políticas públicas devem buscar mais orientação e apoio no eu pessoal, mostrando e cuidando da parte psicológica." (G2, 24 anos, técnica em enfermagem, RJ)

"Esse tema é bem delicado e acho muito difícil julgar sem viver o que essas pessoas vivem. Não imagino como deve ser a experiência de sentir que nasceu no corpo errado, não se reconhecer em seu próprio corpo, deve ser muito triste, difícil e solitário... Esse grupo da sociedade sofre muito preconceito e sempre faço o que posso para defender a luta deles. No entanto, acho válida a resolução pois na adolescência o indivíduo ainda tem muitas dúvidas em relação a si mesmo e seu entorno. Quantos jovens não escolhem seguir uma carreira, entram na faculdade e depois de alguns anos descobrem que não era isso o que queriam? Então decisões precipitadas no que se refere à saúde devem ser tomadas com muita cautela. Acredito que o que deveria orientar as políticas públicas seria ouvir a opinião de diversos grupos, como: profissionais da saúde (médicos, psicólogos e psiquiatras), pedagogos e adultos transexuais, que passaram por essa experiência e podem relatar sobre certezas e incertezas que tiveram" (G3, 37 anos, médica veterinária, PR)

"Eu acho que eles precisariam antes de tudo passar meses se não até anos com atendimento de psicólogos e alguém que explicasse tudo, o jovem precisa passar por uma avaliação, é uma decisão muito importante, não é como escolher uma roupa." (G4, 27 anos, analista de sistemas, SP)

"Eu apesar de não ter visto nada sobre isso,acredito que é o melhor a se fazer. Na fase na adolescência,não se tem maturidade suficiente para decidir algo que pode ser pra vida toda" (G4, 49 anos, artesã, CE)

"Tenho a opinião que essa ação é muito acertada. Qualquer terapia hormonal (para qualquer finalidade) deve ser analisada com muito cuidado devido às consequências de tais tratamentos. Não sou contra o tratamento em si. A análise a ser feita é o acesso a tratamentos de terapias hormonais por menores de idade. Um adulto tem plenas condições de assumir os riscos perante suas escolhas e de saber as consequências que podem vir de qualquer tratamento médico. Quanto às opções sexuais (ou de gênero) cada qual tem a liberdade de escolher a que melhor se identifique." (G4, 44 anos, funcionário público estadual, PR)

"Eu sou a favor da decisão. Acho que quem tem que decidir sua orientação sexual é a própria pessoa e ele mesmo decidir o que fazer de sua vida. Então uma criança ainda não tem consciência do que é melhor para si mesmo." (G5, 27 anos, enfermeira, PE)

"Acho mais do que coerente. Pois pra mim nenhuma pessoa menor de idade tem capacidade de decidir coisas tão importantes, sem gerar algum tipo de arrependimento posterior." (G5, 37 anos, restauradora, SP)

Cautela, diálogo e risco de clandestinidade

Entre os participantes mais progressistas, alguns elaboraram suas respostas reconhecendo a legitimidade da transição de gênero e sugerindo que cada caso fosse tratado individualmente, com acompanhamento psicológico desde cedo. Alguns defenderam que a decisão deveria estar acompanhada de orientação e diálogo com os responsáveis, associada a suporte psicológico, em vez de ser imposta de forma categórica pelo Estado.

Surgiram também ponderações sobre os riscos da clandestinidade, com participantes alertando que a proibição pode levar adolescentes a buscar alternativas fora do sistema de saúde, sem acompanhamento médico adequado, o que poderia agravar ainda mais sua vulnerabilidade física e emocional.

"A decisão de proibir terapias hormonais para adolescentes trans exige equilíbrio. É preciso proteger o desenvolvimento, mas também respeitar o direito à identidade. Proibir de forma geral pode causar mais sofrimento a quem já enfrenta preconceitos. Defendo que cada caso seja avaliado por profissionais da saúde, com apoio da família. As políticas públicas devem priorizar o cuidado, a escuta e o bem-estar dos jovens. O importante é garantir acesso seguro e respeitoso à saúde." (G4, 36 anos, instrutor de informática, SP)

"Bem polêmico o assunto…Embora não concorde com a incentivar de forma precoce a descoberta da orientação sexual e de gênero, acho que proibir não seria a melhor solução, a pessoa vai procurar outas formas de fazer, mas sim explicar o motivo pelo qual não deveria ser feito aos pais ou responsáveis e eles decidirem fazer ou não." (G5, 26 anos, fisioterapeuta, PE)

"Nosssaaaaaaaaaaaaaaaaa, que decisão complicada, confesso não ter opinião formada sobre esse assunto, ambos os lados tem argumentos bons e que podem ser usados para basear essa decisão. Ao mesmo tempo que um adolescente pode não ter consciência plena para tomar essa ação, que é extremamente desgastante, tanto fisicamente, como psicologicamente, outros já podem ter total convicção dessa tomada e atrasar esse processo, que é longo e demorado pelo SUS. Sobre o que deveria se basear as políticas públicas, nesse e em outras situações controversas seria a ciência, os estudos, a literatura médica que desse os argumentos e os melhores dados para que a decisão seja a melhor possível. Religião e crenças pessoais não deveriam entrar nesse debate. Por fim, diria que com um acompanhamento de um psicólogo desde do começo do processo, essa decisão fica mais fácil de ser tomada e com certeza não irá acontecer de maneira repentina!" (G5, 33 anos, tradutor, SP)

"O acompanhamento deve ser começado desde criança com psiquiatra profissionais da área e especialista nesses casos. O diagnóstico e acompanhamento da família, isso deve começar ainda criança com terapias e tratamento adequados pra quando chegarem na adolescência ter certeza se é o que ela quer e na adolescência tomar essa decisão se continua o tratamento ou não, pois a família percebe a criança diferente e muitas das vezes ignora por motivos religiosos e sociais de preconceito. O acompanhamento e apoio da família desde cedo até a adolescência vai mostrar se é isso mesmo que a pessoa quer ou é outra questão. Será que essa decisão que foi tomada levou em consideração a opinião dos profissionais e das pessoas envolvidas, eles foram ouvidos teve um debate antes da decisão, acho que não, não se pode tomar uma decisão assim sem consultar as partes envolvidas pois vai causar problemas pra esses adolescentes que já estão decididos a fazer o tratamento e vão procurar outros meios ilegais pra isso que é pior. As políticas públicas deveria ouvir as pessoas trans e os profissionais primeiro antes de ter tomado a decisão, se foi autorizado foi embasado em alguma coisa, pra agora proibir o que eles aceitaram não dá pra entender porquê autoriza e depois proíbe assim. Tem que ser pensado o que é o melhor pras pessoas trans porque já sofrem demais." (G3, 41 anos, funcionária pública, GO)

"Olá! Eu realmente não tenho uma opinião formada sobre o assunto pq não tenho local de fala e nem conhecimento suficiente para opinar. Estou dividida entre os dois, do mesmo jeito que é necessário ter cautela e mais estudos eficazes, os jovens podem se submeter a meios clandestinos e assim colocando em risco a sua saúde. Do mesmo jeito que acontece com o aborto, não é legalizado, mas as pessoas fazem escondido. E ainda existe o fato de que esses jovens ainda estão em desenvolvimento, o corpo de adolescente não terminou de evoluir. Eu realmente não sei qual seria o melhor lado a seguir." (G5, 21 anos, auxiliar administrativa, RO)

Pergunta 19
A possibilidade de a seleção brasileira adotar uma camisa vermelha como segundo uniforme para a Copa do Mundo de 2026 gerou intensos debates entre torcedores, especialistas e até políticos, essa semana. A notícia, que surgiu a partir de um vazamento do site especializado Footy Headlines, aponta para uma mudança radical na tradição do futebol brasileiro, que sempre priorizou as cores da bandeira nacional: amarelo, verde, azul e branco. A nova camisa, que seria produzida pela Jordan Brand, marca ligada à Nike, e não pela fornecedora tradicional, traz um tom vibrante de vermelho com detalhes em preto, rompendo com o clássico uniforme azul. Vocês viram essa notícia? O que pensam sobre essa possibilidade?
CBF Comunista

As opiniões manifestadas nos grupos 1 e 2 (bolsonaristas convictos e moderados) expressaram uma forte rejeição à possibilidade de a seleção brasileira adotar uma camisa vermelha como segundo uniforme. A maioria dos participantes demonstrou repúdio à mudança, argumentando que a nova cor romperia com a tradição histórica e simbólica das cores associadas à bandeira nacional. A proposta foi frequentemente interpretada como uma afronta à identidade nacional e ao sentimento patriótico vinculado ao futebol, visto como um dos principais símbolos de representação do país. O vermelho foi associado a uma tentativa deliberada de politização da seleção, sendo entendido como um sinal de alinhamento com ideologias de esquerda, o que reforçou a rejeição por parte dos respondentes. A discussão ultrapassou o campo esportivo e passou a refletir disputas simbólicas mais amplas sobre identidade nacional, pertencimento político e credibilidade das instituições responsáveis pela seleção, como a CBF, que chegou a ser acusada de ser comunista.

"Eu penso que essa ideia de uma camisa vermelha da seleção brasileira é um fracasso, foi uma ideia comunista de pessoas medíocres que só fez causar repulsa tanto em pessoas de posições políticas de direita quanto de esquerda. Isso seria uma afronta às cores da nossa bandeira, não acredito que isso vai se concretizar, até porque vai ficar encalhado nas lojas porque ninguém vai querer comprar." (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos, RJ)

"Sabemos muito bem qual intenção na mudança de cor no segundo uniforme da seleção. Estamos desde 2019 ouvindo as choradeiras da imprensa, militantes e políticos de esquerda sobre a direita ter se apossado das cores da seleção. Querem enganar a quem? Estaremos em ano de eleição e Copa do Mundo, e do nada resolvem mudar a cor... e logo para vermelho. Acho que vai ser mais um tiro no pé pois o boicote será enorme. A CBF aderiu ao comunismo" (G1, 54 anos, músico, RS)

"Vi essa notícia sim e achei muito absurdo isso, muito ridículo e vergonhoso. Essa ideia comunista é sem cabimento sem tamanho. Que todos continuem vestindo a tradicional, a verdadeira, com as cores da nossa bandeira brasileira. Que seja um total fracasso essa ideia comunista." (G1, 46 anos, cuidadora infantil, PR)

"A Nike é uma empresa expert em vender e se fazer vender. Minha opinião é que a empresa, percebendo a polarização da política brasileira e que um dos lados adotou a camisa amarela para se representar, não perdeu a chance de criar algo que vendesse muito para o outro lado político, principalmente em ano de eleição. Para os esquerdistas uma forma de erguer um pouco sua autoestima tão massacrada pelos resultados do atual governo igualmente de esquerda, para os conservadores e amantes das tradições do futebol brasileiro (mesmo os de inclinação à esquerda), um insulto à história da seleção cinco vezes campeã mundial..." (G2, 43 anos, administradora, GO)

"Vi essa notícia da camisa vermelha da seleção brasileira pelo Instagram... E pelo que vi a camisa é até elegante, mas achei um absurdo, isso é o cúmulo. Fui buscar alguma coisa na internet sobre a camisa da seleção brasileira, e gente do céu, o que estão fazendo com a seleção? Na verdade, o que estão fazendo — nosso time tem sofrido influência até desse partido esquerdista. O que estamos vendo é uma seleção brasileira falida, uma CBF sem credibilidade, e agora o fim da picada: uma seleção com a cor comunista e socialista. Agora é o fim do nosso Brasil. Não aceito, e vou ser contra a mudança da camisa." (G2, 42 anos, assistente logístico, PE)

"Boa noite, vi mas não concordo, não representa em nada nosso Brasil. Super decepcionante." (G2, 26 anos, vendedora, AL)

Tradição em Jogo

As respostas dos demais grupos (eleitores flutuantes, lulodescontentes e lulistas) indicaram uma postura majoritariamente contrária à mudança da cor do uniforme da seleção brasileira, mas de forma mais branda e menos politizada do que nos grupos anteriores. A defesa da tradição e da preservação das cores da bandeira nacional foi o principal argumento mobilizado, reforçando a ideia de que o uniforme carrega um simbolismo histórico e identitário que deveria ser mantido. Ao contrário dos demais grupos, no entanto, a rejeição não veio acompanhada de fortes críticas ideológicas ou acusações políticas explícitas. Em vez disso, predominou um tom de desinteresse relativo ou de crítica à proporção exagerada que o debate tomou nas redes sociais.

Além da valorização da tradição, alguns participantes expressaram ceticismo quanto à concretização da proposta, tratando a notícia como pouco confiável ou interpretando-a como uma manobra de distração diante de problemas mais graves na gestão da CBF.

"Acho descabido. O que tem de vermelho que representa o BR para sugerir essa mudança de cor? Tem que manter a tradição de cores ligadas às bandeiras dos países." (G3, 37 anos, assistente administrativa, MG)

"Eu vi essa notícia e acabei de verificar mais algumas informações. Pelo que pude ver, a seleção já usou algo parecido em outros momentos da história, mas nesse exato momento seria apenas pelo marketing que a Nike estaria pensando em lançar essa camisa. A CBF não confirmou a informação e manteve que o time vai usar as camisas já conhecidas pelo público, exaltando as cores da bandeira brasileira… Como foi dito, é uma possibilidade, ainda não é uma certeza, e mesmo se for, o importante é o desempenho dos jogadores em campo e se vão ser capazes de trazer o troféu para casa." (G3, 36 anos, instrutor de informática, SP)

"Sim, eu vi essa notícia e só me gera mais indignação de como as pessoas estão extremamente supérfluas e cheias de ego, associando TUDO a política etc... Tanta coisa importante para se preocupar e a cor da seleção vai MESMO ser palco de um debate desnecessário?! Dá para ver que o povo está com muito tempo livre." (G4, 30 anos, gestão em TI, SP)

"Eu vi essa notícia e estou acompanhando essa polêmica. Sou absolutamente contra esse absurdo. Para mim, as únicas cores aceitáveis para o uniforme da Seleção Brasileira são as cores da Bandeira Nacional: verde, amarelo, azul e branco. Para mim não faz nenhum sentido ter uma camisa vermelha e sem nenhuma relação com os símbolos nacionais. As camisas atuais já estão ótimas e representam muito bem a tradição do futebol brasileiro." (G4, 44 anos, funcionário público estadual, PR)

"Eu prefiro a camisa tradicional. Vi muitos murmurinhos essa semana nas redes sociais, mas não acho que seja para tanto. Sendo que a camisa oficial já mudou de cor antes, até para preto. Tem coisas mais relevantes a se preocupar." (G5, 27 anos, enfermeira, PE)

"Eu acho que essa mudança é só uma cortina de fumaça para encobrir a reportagem da Piauí que revelou todos os esquemas de corrupção praticados por essa instituição. É claro que essa camiseta não será lançada, na verdade, nem pode. O próprio regimento interno da CBF proíbe esse tipo de mudança. O que eles querem é justamente esse bafafá para não se falar da perda do Ancelotti (técnico que viria) e da péssima gestão do Ednaldo!" (G5, 33 anos, tradutor, SP)

Considerações finais

Os temas da semana trouxeram algumas convergências superficiais entre os grupos, seguidas por clivagens mais significativas.

Em relação à prisão de Collor, houve um consenso amplo sobre seu caráter justo, embora quase sempre acompanhado de críticas à demora da tramitação do caso. A percepção de que a justiça brasileira é lenta, seletiva e, muitas vezes, ineficaz atravessou todos os grupos, reforçando um sentimento de frustração com a impunidade histórica de políticos poderosos. Ainda que a condenação tenha sido vista como necessária, poucos acreditaram que ela resultaria em punições efetivas. Já as percepções sobre a Lava Jato separaram os grupos. Enquanto os bolsonaristas viram a prisão de Collor como o resultado de uma estratégia para justificar futuras ações contra adversários políticos no contexto de um sistema institucional contaminado por interesses e disputas de poder, os participantes mais progressistas reconheceram ser um passo importante no enfrentamento da corrupção e o caráter ético da condução dessa etapa.

A segunda questão também evidenciou distribuição similar de reações. A análise das respostas revelou que, embora a maioria dos participantes tenha apoiado a decisão do CFM com base na ideia de que adolescentes não têm maturidade suficiente para decisões irreversíveis, existem outras nuances importantes. A oposição mais intensa de opiniões deu-se entre os grupos mais posicionados nos extremos. A questão da saúde pública apareceu com força entre os bolsonaristas convictos, seja para justificar a limitação de acesso ao tratamento hormonal em nome da priorização de recursos, seja para apontar falhas estruturais do SUS. Já entre os participantes com visões mais progressistas, destoucou-se mais a preocupação com os impactos da proibição no bem-estar psíquico e físico dos adolescentes trans, sobretudo diante da possibilidade de busca por caminhos clandestinos.

A suposta nova camisa gerou consensos quando a mudança foi interpretada como uma quebra da tradição nacional e vista como desrespeitosa aos símbolos da bandeira, tidos como fundamentais para a identidade do futebol brasileiro. Porém, a separação das percepções ocorreu entre os bolsonaristas, que apresentaram intensa resistência devido a associação entre o vermelho e ideologias de esquerda, rejeitando completamente a possibilidade. É interessante notar que os grupos mais à direita se concentraram mais em criticar o uso do vermelho do que em exaltar sentimentos nacionalistas ligadas ao verde e amarelo.

Distribuição da Participação
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#Diário Gal Heleno #Economia #Pautas para Mulheres

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#Investigações do Golpe #Fuga dos Detentos de Mossoró

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Temas: Zanin / substituto de Bolsonaro

Monitor da Extrema Direita

Os temas da semana são: (1) Investigações sobre os depósitos an

As técnicas tradicionalmente utilizadas para investigar a opinião pública são os surveys e os grupos focais. Ambas são muito úteis, mas têm com limitações da ordem prática e orçamentária, particularmente se deseja realizar um monitoramento contínuo.

O Monitor do Debate Público (MDP) é baseado em uma metodologia inovadora para monitorar de modo dinâmico a opinião pública e suas clivagens no que toca temas, preferências, valores, recepção de notícias etc.

O MDP é realizado por meio de grupos focais de operação contínua no WhatsApp, com participantes selecionados e um moderador profissional.

Assim como na metodologia tradicional de grupos focais, os grupos contínuos no WhatsApp do MDP permitem que o moderador estimule o aprofundamento de temas sensíveis e difíceis de serem explorados por meio de pesquisas quantitativas ou mesmo pela aplicação de questionários estruturados.

O caráter assíncrono dos grupos do MDP, possibilitado pela dinâmica da comunicação no WhatsApp, permite respostas mais refletidas por parte dos participantes, o que é adequado para eleitoral, dado que o voto é também uma decisão que demanda reflexão.

Por sua natureza temporal contínua, grupos focais do MDP são propícios para criar situações deliberativas, nas quais as pessoas se sentem compelidas a elaborar suas razões a partir das razões dadas por outros participantes do grupo.

O telefone celular é hoje o meio mais democrático e acessível de comunicação. Assim, a participação nos grupos do MDP não requer o uso de computador ou mesmo que os participantes interrompam suas atividades para interagirem entre si.

Equipe MDP

Carolina de Paula – Diretora geral

Doutora em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Coordenou o IESP nas Eleições, plataforma multimídia de acompanhamento das eleições 2018. Foi consultora da UNESCO, coordenadora da área qualitativa em instituto de pesquisa de opinião e big data, atuando em diversas campanhas eleitorais e pesquisas de mercado. Realiza consultoria para desenho de pesquisa qualitativa, moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade. Escreve no blog Legis-Ativo do Estadão.

João Feres Jr. – Diretor científico

Mestre em Filosofia Política pela UNICAMP e mestre e doutor em Ciência Política pela City University of New York, Graduate Center. Foi professor do antigo IUPERJ de 2003 a 2010. É, desde 2010, professor de Ciência Política do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP-UERJ). Coordenador do LEMEP, do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA) e do Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB).

Francieli Manginelli – Coordenadora de recrutamento

Cientista Social e mestre em Sociologia pela UFPR, com experiência em relações de consumo e estratégias de comunicação. Possui formação em UX Research e cursos de gestão e monitoramento de redes sociais e estratégias eleitorais, mídias digitais e gerenciamento de redes. Possui experiência em pesquisas de mercado e campanhas políticas. Realiza moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade.

André Felix – Coordenador de TI

Mestre em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Tem experiência em planejamento e desenvolvimento de sistemas computacionais de pequeno e médio porte, manutenção de servidores web e possui especialização em modelagem e implementação de bancos de dados relacionais.