Relatório 50

De 13 a 19/5

Temas:

  • Fake news da tragédia
  • Fala de Eduardo Leite
  • Fuga de condenados bolsonaristas
Realização:
Apoio:
Metodologia

O Monitor da Extrema Direita (MED) se transformou no Monitor do Debate Público (MDP). Na verdade, foi uma expansão do projeto original, que contemplava somente grupos focais contínuos de bolsonaristas convictos e moderados. Tornamos mais complexa a combinação dos critérios de seleção de participantes para produzir quatro categorias de grupos:

G1 – Bolsonaristas Convictos: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, aprovam as invasões de 08/01, acreditam que o ex-presidente é perseguido pelas instituições e não assistem à Rede Globo.

G2 – Bolsonaristas Moderados: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, desaprovam as invasões de 08/01, não há consenso sobre o ex-presidente ser perseguido pelas instituições e não rejeitam a Rede Globo.

G3 – Preferências Flutuantes: votaram Branco/Nulo no segundo turno, mas em outros candidatos no primeiro turno. Os demais critérios são diversos.

G4 – Lulodescontentes: votaram em Lula no segundo turno, mas reprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.

G5 – Lulistas: votaram em Lula no segundo turno e aprovam sua gestão. Os demais critérios são diversos.

Dessa maneira, o novo Monitor do Debate Público (MDP) será capaz de captar um escopo bem mais amplo da opinião pública e dos fenômenos que regem o comportamento político no Brasil de hoje.

Nossa metodologia permite que os participantes respondam aos temas colocados no tempo que lhes for mais conveniente, liberdade essa inexistente nos grupos focais tradicionais, que são presos à sincronia do roteiro de temas e questões colocados pelo mediador. O instrumento de pesquisa, assim, se acomoda às circunstâncias e comodidades da vida de cada um, reduzindo a artificialidade do processo de coleta de dados e, portanto, produzindo resultados mais próximos das interações reais que os participantes têm na sua vida cotidiana.

É importante salientar que os resultados apresentados são provenientes de metodologia qualitativa, que tem por objetivo avaliar posicionamentos e opiniões. Mesmo quando quantificados, tais resultados não podem ser tomados como dados estatísticos provenientes de amostragem aleatória, ou seja, as totalizações dos posicionamentos de grupos específicos não devem ser entendidas como dotadas de validade estatística mas como dado indicial.

O sigilo dos dados pessoais dos participantes é total e garantido, assim como sua anuência com a divulgação dos resultados da pesquisa.

Síntese dos Principais Resultados

Entre os dias 13 a 19/5 quatro grupos foram monitorados a partir de suas opiniões sobre questões candentes do debate público. Compõem esses grupos 40 participantes. Todos os grupos foram montados de modo a combinar variáveis como sexo, idade, etnia, renda, escolaridade, região de moradia e religião em proporções similares às da população brasileira.
Cada grupo possui características únicas. São elas:
G1 – Bolsonaristas Convictos: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, aprovam as invasões de 08/01, acreditam que o ex-presidente é perseguido pelas instituições e não assistem à Rede Globo.
G2 - Bolsonaristas Moderados: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, desaprovam as invasões de 08/01, não há consenso sobre o ex-presidente ser perseguido pelas instituições e não rejeitam a Rede Globo.
G3 – Preferências Flutuantes: votaram Branco/Nulo no segundo turno, mas em outros candidatos no primeiro turno. Os demais critérios são diversos.
G4 – Lulodescontentes: votaram em Lula no segundo turno, mas reprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.
Evangélicos - Compusemos também um "grupo virtual" formado pela agregação das falas dos participantes evangélicos, a fim de capturar tendências específicas da opinião desse contingente demográfico.
Ao longo da semana, três temas foram abordados: i) divulgação de fake news sobre o RS; ii) declarações de Eduardo Leite sobre doações ao RS; iii) fuga dos condenados pelo 8 de janeiro.
Ao todo, foram analisadas 154 interações, que totalizaram 9.814 palavras.

Bolsonaristas Convictos Bolsonaristas Moderados Eleitores Flutuantes Lulodescontentes Evangélicos
Fake News sobre o RS O grupo respondeu à questão vociferando contra a Rede Globo. Para eles, a emissora mentiria sobre a situação no RS para elevar a popularidade de Lula. O Youtube e Instagram foram mencionados como fontes seguras. Os participantes não haviam recebido mensagens de modo privado com fake news, mas haviam acompanhado vários casos disseminados através das redes sociais. Unanimemente o grupo considerou tais atos como agravantes da tragédia já vivida pelo estado. Muitos participantes acompanharam a repercussão de notícias falsas pelas redes sociais. Apenas alguns haviam recebido por meios privados de comunicação, como o Whatsapp. O grupo repudiou a prática, apontando os efeitos nocivos gerados. Alguns participantes receberam notícias falsas, com destaque para a que falava dos caminhões sendo parados por falta de nota fiscal e da bebê boiando morta. Muitos citaram as redes sociais como meio de propagação de desinformação e apontaram aspectos negativos também do sensacionalismo. Os evangélicos não destoaram suas respostas em comparação a seus grupos de pertencimento, mas em comum, a maioria falou da necessidade de orar pelo estado. Houve algumas menções de fake news direcionadas à Madonna por parte desses.
Declarações de Eduardo Leite O grupo repudiou a fala do governador do RS, acusando-o de estar interessado em arrecadar impostos e não se importar com a situação do povo gaúcho. As doações foram celebradas e estimuladas. O grupo classificou as declarações de Leite como infelizes. Para alguns, ele havia se expressado mal, em um momento inoportuno, mas não estaria errado em se preocupar com os comerciantes locais. Outros o consideraram apático ao sofrimento da população. O grupo classificou a fala de Eduardo Leite como equivocada e inapropriada ao momento. Para eles, o governador deveria, primeiro, se preocupar com o bem-estar da população e de suas necessidades básicas, para somente depois pensar em reestabelecer o comércio. Unanimemente os participantes criticaram o posicionamento de Leite, criticando suas defesa de comerciantes em prol da população. Muitos apontaram que as pessoas haviam perdido tudo e sequer tinham formas de consumir nos comércios locais, taxando as falas do governador como descabidas e insensíveis. Assim como todos os grupos, os evangélicos criticaram Eduardo Leite e falaram sobre a necessidade primordial das doações e ajuda humanitária ao RS, nesse momento trágico.
Fuga dos condenados pelo 8/1 O grupo viu a notícia com desconfiança. Todos defenderam os fugitivos, considerando que eram pessoas inocentes e injustiçadas, que recorreram a outros países para que pudessem se defender da perseguição sofrida. O grupo ficou dividido. Embora todos tenham recriminado o ato de retirar a tornozeleira, alguns ponderaram que era a única forma dos inocentes, condenados injustamente, provarem sua condição. Outros apontaram que as penalidades, mesmo necessárias, haviam sido exageradas e desproporcionais. O grupo repudiou os atos dos fugitivos, considerando um agravante ao crime por eles cometidos. Para os participantes, as condenações eram justas. Alguns criticaram o sistema judiciário do país, vendo-o como fraco e apontando que o uso de tornozeleiras não é efetivo. O grupo debateu a falha das tornozeleiras, que não garante de modo efetivo que o condenado fique em prisão domiciliar e que ainda são facilmente removidas, possibilitando a fuga, como ocorreu com o caso aqui analisado. Os evangélicos bolsonaristas defenderam a inocência dos acusados, em conformidade com seus grupos originais. Os 'não-bolsonaristas', de modo contrário, defenderam uma punição mais rigorosa e a prisão dos acusados, principalmente após a infração da sentença inicial.
Pergunta 13
O "Fantástico" deste domingo (12) divulgou uma pesquisa da consultoria Quaest que retrata como circulam as notícias falsas sobre as enchentes no Rio Grande do Sul. Segundo o levantamento, 31% dos entrevistados disseram ter recebido alguma fake news relacionada à tragédia no sul do país. Vocês receberam algum tipo de notícia com dados falsos? Se sim, qual era o conteúdo abordado e quem enviou (parentes, amigos, grupo de whats, outros meios...)?
Contato com fake news

As redes sociais foram mencionadas como os principais veículos propagadores de desinformação, no caso do Rio Grande do Sul.

Nos grupos 2, 3 e 4 (bolsonaristas moderados, eleitores flutuantes e lulodescontentes) houve convergência nas respostas. A maioria dos participantes afirmou "não ter recebido diretamente notícias falsas" em seus aplicativos privados de conversa, mas acompanharam notícias do tipo pelas redes sociais, com destaque para Instagram, Tik Tok e Kwai.

Entre os que receberam via Whatsapp, parentes e colegas de trabalho foram mencionados como remetentes.

Notícias sobre o governo omitir o número de mortos, sobre caminhões com donativos barrados e sobre a bebê filmada boiando morta foram as mais citadas. As duas última prontamente desmentidas, mas a primeira não.

"Não recebi, mas vi nas redes sociais, mais especificamente Instagram, referente a doação milionária da Madonna. Infelizmente as fake news ocorrem também em tragédias." (G2, 35 anos, contadora, RS)

"Eu li uma mensagem no Insta, na realidade era um reels, um boi sendo levado pela água, depois fiquei sabendo que era fale, era de outro país essa notícia. Não sei pra que se faz isso, não dá pra entender." (G2, 43 anos, professora , SP)

"Eu vi muitas pessoas divulgando uma imagem de um bebê boiando, segundo as notícias tinha um áudio de um rapaz ( não cheguei a ouvir) falando que estava fazendo o resgate de algumas crianças e uma delas falou pra ele pegar a boneca na água e quando ele viu era um bebê. Até agora não sei se é fake ou não, pois existem as duas informações."" (G3, 29 anos, vendedora , GO)

"Recebi mensagens falando do desaparecimento de comida em geral e principalmente do arroz. No texto era sugerido fazer estoque de alimentos. Mas também através de relatos de conhecidos e amigos, eles receberam vídeos de caixões falando de morte de pessoas que já foram resgatadas e estão bem e seguras." (G3, 37 anos, assistente administrativa , MG)

"Vi muitas matérias de fake News nas redes sociais. O caso das gêmeas que disseram que pegaram uma é depois pegaram a outra chegaram até dizer que era o caso da suposta boneca que estava boiando. Que no caso nem se sabe de fato se era aquelas bonecas muito realista ou um bebê. São muitas informações desencontradas com todo esse caos não conseguimos saber se são reais ou não." (G3, 36 anos, autônoma, SP)

"Eu recebi fake news sobre essa tragédia do RS via WhatsApp de um grupo de colegas de trabalho. Foi encaminhada por um colega de trabalho. Estava falando que o Governo Federal estava bloqueando caminhões com doações e barcos dos voluntários que não tivessem registro ou carteira de piloto de barco. Aí fiz checagem em um site de checagem de notícias (Lupa) e vi que eram notícias falsas porque o Governo do RS já tinha baixado Decreto para resolver essas situações. Aí enviei o link com os esclarecimentos sobre as notícias no grupo para não ficar divulgando a informação errada." (G4, 44 anos, funcionário público estadual, PR)

"A fake news que chegou até mim é de um vídeo em que uma mulher diz que doações às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul estão sendo retidas para aguardar a chegada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e no começo achei um absurdo até eu cheguei a acreditar, tive que pesquisar isso pois é uma atitude horrível que iria prejudicar a todos pois creio eu que destimula as doações e isso seria péssimo pois temos que ajudar e ser solidários nesse momento triste que estamos passando e não fazendo parte de fake news compartilhando, creio que hoje devemos pesquisar sobre tudo que ficamos sabendo." (G4, 27 anos, analista de sistemas , SP)

A Rede Globo é quem mente

O grupo 1 (bolsonaristas convictos) destoou dos demais, afirmando unanimemente que a Rede Globo estaria desinformando a população, manipulando os dados para gerar credibilidade ao governo federal e fazendo reportagens tendenciosas. Nenhuma reportagem em si foi citada.

Em total contrassenso aos demais grupos, os participantes do grupo 1 validaram as redes sociais como as propagadoras da verdade, por supostamente atuarem sem interesses comerciais ou políticos na apresentação dos dados e fatos.

Nenhum participante afirmou ter recebido notícias falsas em suas redes sociais ou aplicativos de comunicação.

"A única notícia falsa que recebi foi da própria rede Globo, essa emissora é um lixo, não tem moral pra dizer o que é certo ou errado, e como tem recebido muito dinheiro desse governo corrupto aí quer levar as pessoas a crer que o que eles publicam é verdade. Eu duvido dessas pesquisas compradas que também não tem credibilidade nenhuma, a rede Globo pra proteger o Lula é capaz de criar as maiores fake News que já vimos no país, é o pior câncer que está instalado nas mídias, as pessoas precisam acordar e parar de assistir esse lixo que não tem audiência." (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)

"Outra coisa.. Está quaest. É a mesma que divulgou que o Lula cresceu em popularidade aqui no RS neste momento de crise devido a suas ações. Gostaria de saber em quais os lugares do estado que não foi afetado que eles fizeram estas pesquisas. Pq aqui onde moro nem eu e nem as pessoas que conheço fomos pesquisadas. Estes são os que se dizem querer combater as fake news... Fazendo FakeNews" (G1, 54 anos, músico, RS)

"Eu não recebi nenhuma notícia falsa, recebi várias notícias porém infelizmente eram verdadeiras, recebo notícias relacionadas ao sul atravéz de whatsapp, Instagram, YouTube. Porém até agora foram verdadeiros. A Globo é que tá mentindo pra passar pano pro Lula" (G1, 26 anos, recepcionista , SP)

"Estou acompanhando as notícias pelo Instagram, Facebook e YouTube. As notícias falsas vem apenas de uma emissora, a Globo. É surpreendente que quem mais fala sobre fake News são os que mais às propagam. Há outros jornais da mesma emissora que alegam que são os militares e governo que estão salvando os civis, oque é falso. Outro conteúdo falso foi de que não estava sendo aplicado multas nos pedágios." (G1, 35 anos, artesã , SC)

"Eu não recebi nenhuma notícia fake ,pq estou acompanhando pelo Instagram né YouTube de fontes segura ,pq a única emissora que tem passado que estão bem , é globo , onde a mesma tem atacado outro jornalistas de outras emissoras" (G1, 37 anos, professora de educação infantil , SP)

"Eu tenho acompanhado as notícias através das emissoras de tv , Instagram e Facebook, são todas reais, porém muitas estão sendo omitidas, a exemplo do número de mortes que esta sendo divulgado , em muitos sites estão informando que o número de morte é assombroso ou seja bem maior do que está sendo divulgado na mídia, mas que não sei por qual motivo não estão divulgando nas emissoras de tv, não confio em nada que é divulgado através dessa Emissora , que todos sabem que apoia uma política suja e cheia de falcatruas, que Deus abençoe que esse Estado Recupere dessa catástrofe que vai ficar na marcada na história." (G1, 45 anos, padeiro , PB)

Pergunta 14
O governador do RS, Eduardo Leite, ontem, deu essa declaração durante uma entrevista à Rádio Band News FM, sobre as doações recebidas. "Pedi à nossa equipe aqui que ajude a estruturar ferramentas e canais para que aquelas pessoas que queiram fazer doações possam fazer essas doações também ajudando o comércio local, que está impactado. Na verdade, quando você tem um volume tão grande de doações físicas chegando ao estado, há um receio sobre o impacto que isso terá no comércio local. O reerguimento desse comércio fica dificultado na medida em que você tem uma série de itens que estão vindo de outros lugares do país". O que vocês pensam sobre esse posicionamento?
Rejeição às falas

Em todos os grupos os participantes rejeitaram e repudiaram as falas do governador do Rio Grande do Sul.

O grupo 1, bolsonaristas convictos, foi mais severo em seus apontamentos. Leite foi acusado de insensibilidade, de estar interessado na arrecadação de impostos e de não se importar com a população gaúcha.

Os demais grupos viram as falas como inoportunas e desconexas com a realidade, uma vez que o comércio local também havia sido destruído, sequer tendo mercadorias a ofertar e as pessoas não teriam nem condições financeiras e psicológicas para consumir.

"Mais uma prova de que este governador tá perdido e sem noção. O povo preocupado em salvar vidas e ele preocupado com comércio local.. Agora eu pergunto, que comércio? Tá tudo embaixo d'água, os próprios comerciantes ou estão ajudando no resgate ou estão sendo resgatados. Mas pelo visto a preocupação dele é recuperar o mais rápido possível sua fonte de impostos.. Lamentável e como diria Romário.....Eduardo Leite calado é um poeta." (G1, 54 anos, músico, RS)

"Ridículo, só pensando no bem materiais ,ao invés das vidas que foram salvas .. Ele tem que agradecer que muitas pessoas e países tem ajudado rio grande do sul !!! Acho que ele precisa de uma terapia e auxilia medicamentoso para se colocar no lugar do outro" (G1, 37 anos, professora de educação infantil , SP)

"Extremamente sem noção. É capaz de pegar a doação e vender pra arrecadar impostos. Como ajudar na doação de um comércio? Doar pra eles venderem? Agora sim é a hora de falar ""a economia a gente ve depois" (G1, 35 anos, artesã , SC)

"Acho que nesse momento toda ajuda que vier ,será mais que bem vinda. Pessoas desabrigadas,sem condições alguma,então nesse momento não é pra se pensar em comércio local ! Tudo está embaixo d ' água,sem estrutura alguma ,então acho que no momento é socorrer e fazer o possível para que sejam ajudados de alguma forma" (G2, 54 anos, aposentado, PB)

"Foi um posicionamento bem equivocado da parte do governador Eduardo Leite, já que a preocupação tem que ser em receber a ajuda que está chegando e fazer com que chegue a todos que precisam urgente. Depois deve ser criado equipes para trabalhar juntos e reduzir na redução do impacto que o comércio teve, a ajudar na recuperação da economia local." (G3, 45 anos, professora , MT)

"É uma medida um tanto descabida para o momento. Do que adianta o comerciante ter dinheiro agora, se as mercadorias estão danificadas e não há poder de compra no local. Enquanto todos estão preocupados com os itens necessários para a subsistência, o Governador está preocupado com dinheiro. Dinheiro esse que em breve será instrumento para arrecadação de tributos no estado." (G3, 25 anos, contador, RJ)

"Esse governador precisa repensar essa fala dele. A situação e emergencial e as medidas de doações são necessárias, depois que tudo estiver mais seco e famílias sendo recolocadas em lares, sem ser abrigos. Se vê isso do comércio local. Vai vender o que, pra quem não tem nem casa 🤔" (G4, 49 anos, artesã , CE)

"Acho que esse foi um posicionamento muito errado, pois o povo tem tanta coisa para se preocupar, as pessoas perderam absolutamente tudo, estão sem condições de comprar algo e toda ajuda deve ser bem vinda. Ele deveria se preocupar em ajudar o povo e não com o comércio." (G4, 27 anos, autônoma, PA)

"Tenho a opinião de que esse posicionamento do Governador do RS é totalmente errado e absurdo. As doações não são - e nem podem ser - com finalidades comerciais. As doações nunca gerarão esse famigerado efeito nocivo ao comércio. Essa atitude mostra a falta de preparo para enfrentar uma situação calamitosa única e falta de vontade política de realmente ir em busca de soluções estruturantes para a situação. Espero que o Leite "gaste" mais "energia política" com foco na reconstrução em vez de ficar atrapalhando nas ações de socorro e ajuda." (G4, 44 anos, funcionário público estadual, PR)

Falas mal contextualizadas

Alguns participantes do grupo 2 (bolsonaristas moderados) consideraram que as falas de Eduardo Leite haviam sido mal interpretadas. Para eles, era compreensível que o governador estivesse preocupado com o comércio do estado, para gerar a reorganização da economia e reestabelecimento do estado a longo prazo. Segundo esses participantes, além das doações, as pessoas de outras regiões poderiam ajudar comprando produtos fabricados no Rio Grande do Sul para apoiar a economia local indiretamente.

"Eu entendi o q o governador quis dizer sobre o comercio local. Sempre somos incentivados a comprar no comercio local. pois ajuda a fortalecer a economia daquele lugar, mantendo ou aumento empregos e estamos contribuido para preservação e da diversidade de produtos (marcas q são fabricado naquele local). Mas estamos falando do um dos maiores desastres naturais ocorridos no Brasil, as familias que foram afetadas perderam tudo, acredito q o comercio local tbm tá enfrentando dificuldades com as portas fechadas. Por esse motivo não concordo 100% com o Governador, acho q prioridade deve ser ajudar as pessoas a se reerguerem após essa tragédia. Mas ele não está errado em pensar a longo prazo" (G2, 43 anos, administradora, GO)

"Eu entendo a posição do governador acredito que ele quis dizer que devemos sim ajudar mas também ajudar os comerciantes locais que isso é uma forma também de contribuir com essa tragédia toda, eu acredito que como estamos tendo muitas ajudas de todos os lugares do Brasil, a região ali daqueles comércios que não foram afetados estão sofrendo com grandes percas financeiras em relação à quantidade de vendas e isso impacta com certeza na reestruturação que a gente vai pensar daqui a um tempo lidar de uma maneira leve e entender que o comerciante local também precisa ser ajudado é um pensamento que deve ser levado em consideração quando a gente pensa em uma tragédia dessa porque muitos daqueles comerciantes que estão ali talvez não vão conseguir fazer a venda daqueles determinados produtos por um longo período de tempo porque a cidade vai estar desestruturada mas se nós que já estamos fazendo as nossas doações nos empenharmos em ajudar também nessa parte acredito que é uma maneira que a gente consiga reestruturar essa cidade muito mais rápido." (G2, 24 anos, suporte TI, DF)

""Acredito que devemos continuar ajudando as vítimas desta tragédia através de doações e de tudo mais que pudermos fazer, eu sei que todos os estados do Brasil estão juntos para fazer essas doações, acredito que o governador quis dizer que o comércio local do Rio Grande do Sul irá sofrer uma grande perda com os clientes recebendo material de outros locais de outras cidades e dessa maneira ele está querendo dizer que as pessoas poderiam ajudar o comércio local mas eu acho que não é dessa maneira, eu acho que a maneira de ajudar o comércio local é nós aqui nos nossos estados estarmos comprando os produtos do Rio Grande do Sul tudo que é fabricado lá os vinhos o arroz e outros produtos que eles fabricam acredito que é dessa maneira que nós vamos poder ajuda-los. As pessoas não tem agora como comprar produtos locais, pelo menos não as que foram atingidas pela enchente e perderam suas casas." (G2, 26 anos, vendedora , AL)

Pergunta 15
Essa semana reportagens foram feitas sobre militantes condenados ou investigados por participarem dos ataques às sedes dos Três Poderes, em 8 de janeiro do ano passado, terem quebrado suas tornozeleiras eletrônicas e fugido do Brasil. De acordo com o UOL, 10 pessoas (7 já condenadas) fugiram para o exterior neste ano pelas fronteiras de Santa Catarina (SC) e Rio Grande do Sul (RS). Os principais destinos deles foram a Argentina e o Uruguai. Pelo menos um dos fugitivos afirma ter pedido asilo político à Argentina. O que vocês acham desse fato?
Apoiam a fuga

O tema dividiu bastante os grupos.

Os participantes do grupo 1 (bolsonaristas convictos) consideraram que a fuga era a única saída para esses condenados, por estarem presos injustamente. Muitos respondentes defenderam as ações dos fugitivos, alegando que, se estivessem na mesma situação, fariam o mesmo devido à percepção de injustiça e falta de proteção legal no Brasil.

Muitos também questionaram a veracidade da notícia, classificando o site UOL como propagador de desinformação, associando-o ao grupo Globo.

Novamente, narrativas sobre os incidentes de 8 de janeiro terem sido manipulados por grupos adversários para incriminar os bolsonaristas foram feitas.

"Não confio na UOL. Muito menos no governo e no STF. Acho que as prisões e condenações foram injustas. Quanto ao quebrarem a tornozeleira, sendo verdade ou não, e me colocando no lugar deles, faria o mesmo pelo fato de achar tudo isso injusto. Quanto a UOL, eles falam que são golpistas bolsonarista condenados como se fosse um grupo terrorista." (G1, 35 anos, artesã , SC)

"As desinformacoes da UOL é a mesma coisa do g1 ,então quem me garante que esses que fugiram eram mesmo os bolsonarista e não os próprios petistas que implantaram" (G1, 37 anos, professora de educação infantil , SP)

"As pessoas julgadas são inocentes, enquanto as culpadas são protegidas pelo sistema, pelo STF, pelo governo. Existem provas de que essas pessoas que estão sendo julgadas, são inocentes. Não confio na UOL e muitas outras fontes de notícias fakes e tendenciosas. Acho que outros Países poderiam vir em defesa desses inocentes. Não julgo esses inocentes por procurarem abrigo e asilo político." (G1, 46 anos, cuidadora infantil, PR)

"Eu não li nada a respeito, mas sinceramente, eles estão certíssimos, eu também faria o mesmo, estão presos sem culpa nenhuma, tá tudo invertido nesse país depois que essa quadrilha se instalou em Brasília, o sentimento de revolta, injustiça é grande demais, a desesperança é constante para nós que estamos aqui livres, imagina para quem está preso sem ter cometido nenhum crime, só porque foi se manifestar pelos seus direitos, essa certeza da impunidade por parte desses ladrões políticos que não fazem nada pelo país, apoiados pela rede Globo que solta fake news a todo momento, eu concordo com quem foi para a Argentina e Uruguai, o comunismo acaba com a dignidade das pessoas, imagino que esses presos políticos estão sentindo uma sensação de incerteza e impunidade, eu apoio todos que fizerem o mesmo." (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)

"Tudo aparelhado pelo PT desde o STF, TSE e a OAB, todos militando para a esquerda, o grupo Globo que incluí, Folha de São Paulo, Uol, G1 e etc todos contra o povo, a favor do presidengue descondenado, se põe no lugar deles, não tem saída a não ser fugir para países de direita, estamos numa ditadura do judiciário, o congresso e o senado não servem pra nada, porque estão amarrados na corrupção." (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)

Os participantes do grupo 2 (bolsonaristas moderados) rejeitaram as ações dos agora fugitivos. Embora apontassem que a justiça no Brasil tenha falhas e vieses, condenando de modo equivocado os participantes dos atos de 8 de janeiro, muitos não concordaram com a fuga e o rompimento das tornozeleiras eletrônicas. Para eles, tais ações podem piorar a situação dos envolvidos, fazendo-os parecer culpados e dificultando ainda mais a possibilidade de uma defesa justa.

Houve, entre alguns, a visão de que a justiça estava certa e que os os atos de vandalismo contra a democracia deveriam ser punidos de acordo com a lei.

"Eu acho assim que se eles quebraram a tornozeleira já são criminosos e sendo bem sarcástico eu acho que fizeram muito bem de ir embora porque o Brasil tá tá sobrando esse tipo de pessoa que não presta para nada que só faz baderna que participa dessas passeatas dessas quebradeiras para colocar medo nas pessoas para fazer baderna mesmo política é sempre em benefício próprio porque eu não vejo o que que isso traz de bom para ninguém pelo menos para mim não traz e acho que para a população em geral a pessoa que trabalha paga impostos tem um filho na escola sabe o quanto custa o filho na escola então é desanimador ver esse tipo de pessoa ainda esse safado das garras da prisão." (G2, 54 anos, aposentado, PB)

"Eu acho que é uma questão muito complicada, vendo que a justiça teve um rigor muito com os "manifestantes" do oito de Janeiro , rigor que não é aplicado em muitos dos crimes que são mais sérios , tem todo um viés político e parcial por parte do judiciário, mas não concordo com o que fizeram de quebrar a tornozeleira e fugir, pode ter piorado a situação deles." (G2, 26 anos, vendedora , AL)

"Eu sempre vou precisar pela justiça e eu confio na justiça acredito que a investigação deva prosseguir de forma que seja constatado a culpa de quem realmente cometeu os crimes. Essa investigação deve ser bem feita pois a vida de inocentes não podem ser comprometida." (G2, 24 anos, técnica em enfermagem , RJ)

"Não sabia desse fato, porém não concordo com o que fizeram. Entendo que se eles são inocentes, precisam mostrar da melhor forma que puderam que são inocentes, pois agindo da forma que agiram dá a entender que participaram do vandalismo ocorrido no dia 08." (G2, 42 anos, assistente logístico , PE)

"Muitos aqui estão falando que a justiça foi rigorosa, não se trata disso, esse foi um ato criminoso e não tem atenuantes. Cada pessoa foi julgada conforme a sua atuação. Eles podem não ser criminosos perigos, mas não dá pra " passar pano' pra ninguém." (G2, 43 anos, professora , SP)

Falhas no sistema de segurança

Os grupos 3 e 4 (eleitores flutuantes e lulodescontentes) foram uniformes em suas respostas.

Muitos participantes acreditavam que ao quebrar suas tornozeleiras e fugir do país, esses indivíduos teriam claramente violado a lei e deveriam ser punidos também por esses crimes. Além disso, vários respondentes destacaram que o pedido de asilo político era inapropriado, pois esses indivíduos não estariam sendo perseguidos por suas opiniões políticas, mas sim pela destruição de patrimônio público.

Numa perspectiva mais ampla, outra crítica comum aos dois grupos foi a percepção de falhas no sistema de justiça e segurança do Brasil. Os participantes expressaram indignação com a facilidade com que os fugitivos romperam suas tornozeleiras e escaparam do país, sem intervenção policial eficaz.

"Totalmente inacessível, cometeram crime, precisam pagar por seus atos. Ao fugirem cometeram mais crimes. E precisam pagar por seus crimes no próprio país. Asilo político é pra quem está sofrendo perseguição (por motivos de raça, religião, nacionalidade, por suas ópio políticas e coisas semelhantes) em seu próprio país e corre perigo de vida. Esses índios querem apenas fugir de cumprir as penas que já lhes foras designadas. Alegar divergência política para obter asilo seria o cúmulo do absurdo, já que cometeram crimes contra a nação, não divergiram de ninguém. Outra coisa impressionante, como podem ter simplesmente quebrado suas tornozeleiras e ficar por isso mesmo? Se a finalidade é justamente rastrear, quebrar o equipamento deveria ser de máxima urgência que unidades de polícia próximas deveriam entrar em ação. Chega a ser patético." (G3, 45 anos, turismóloga , RJ)

"Acho uma safadeza. Só serve para provar que as leis nesse país não são válidas para todos. Quem tem dinheiro se safa e nada vai acontecer." (G3, 37 anos, assistente administrativa , MG)

"Fico imaginando a quantidade de detentos condenados que estão fazendo uso de tornozeleira que não vão ser influenciados a fazer o mesmo, quebrar e fugir pra outro país, e tudo isso graças aos bolsonaristas alienados que se dizem tão a favor do Brasil que estão provando agora com grande caus. Já o posicionamento da Argentina até aonde eu vi não vão divulgar nenhum dado de quem pediu asilo, na minha opinião teriam que enviar de volta, pois asilo político é para quem está sendo perseguido ou sofrendo injustiça por parte do poder público. Não para criminosos e vândalos condenados." (G3, 29 anos, vendedora , GO)

"Nunca achei certo esse tornozeleira eletrônica, ela não é bem fiscalizada e muitos criminosos fazem o que querem estando com elas. Acho um absurdo, a segurança brasileira é uma piada. Tinha que ter mais presídios e outras formas de cumprir a lei com rigorosidade."" (G4, 49 anos, artesã , CE)

"Sou totalmente contra tornozeleira eletronica ,cometeu crime precisa ser comprido de forta certa, na cadeia como qualquer outro crime." (G4, 25 anos, babá, RS)

"Não sou a favor da liberdade "assistida" para condenados, independente do crime que tenham cometido. Essa "fulga" é mais um exemplo que a segurança em nosso país é ruim e se precisa repensar os mecanismos utilizados para oferecer liberdade a condenados. De qualquer forma, meu pensamento é de que não se deveria oferecer liberdade, com tornozeleira,  a quem foi condenado." (G4, 37 anos, analista de RH, ES)

Os participantes evangélicos

Nas três perguntas, os participantes evangélicos demonstraram sincronicidade com as opiniões de seus grupos originais.

Somente um assunto foi debatido de modo exclusivo por alguns evangélicos bolsonaristas: a suposta doação feita pela Madonna. Nos grupos 1 e 2, bolsonaristas convictos e moderados fizeram algumas considerações acerca do show da cantora no Rio de Janeiro e das informações não confirmadas de doação de parte de seu cachê.

"Eu não recebi nenhuma notícia falsa a respeito do que está acontecendo na Região Sul. O que sei é que as pessoas estão precisando de todo tipo de ajuda possível e principalmente de nossas orações para que possam se reerguer novamente. Vi que a Madonna ia doar seu cachê, seria o mínimo a fazer né, depois de festejar no meio da desgraça alheia" (G1, 38 anos, assistente administrativo , AM)

"Eu não recebi nenhuma fake news. Eu vi, sim alguns influenciadores tentando ganhar engajamento nas redes sociais, mesmo diante de uma catástrofe, tentam ganhar seguidores, e monitorizar a qualquer preço. Temos que ser seletivos aonde ver notícias do Sul, e a Rede Globo, trazendo a Madonna em Copacabana, falando que ela doou cache miliionário. E depois para amenizar o fato, manda o William Bonner pro Sul. Tanta gente sofrendo, Deus olhe e cuide de todos! 🙏" (G1, 64 anos, empresário, PR)

"Eu não recebi, mas vi no Facebook principalmente sobre chuvas muitos lugares falavam que iria ter bastante outros que não era para se preocupar, e outros que já tinham mais de 1000 mortos em Contagem oficial. Que Deus abençoe que esse Estado Recupere dessa catástrofe que vai ficar na marcada na história. E enquanto isso muitos la em show da Madona, comemorando, isso foi muito insensível" (G2, 29 anos, vendedor, BA)

"Não recebi, mas vi nas redes sociais, mais especificamente Instagram, referente a doação milionária da Madonna. Infelizmente as fake news ocorrem também em tragédias." (G2, 26 anos, administrador, SP)

Considerações finais

Os bolsonaristas convictos mais uma vez demonstram a importância da comunicação na configuração de sua identidade política. Diferentemente de outros grupos, do passado e presente, a questão informacional é fortemente politizada. Nem a esquerda brasileira, por décadas estigmatizada pela grande imprensa, esboçou tamanha reação contra os grandes meios de comunicação. Essa postura se reflete também nas preferências fortemente seletivas por meios: a Rede Globo é fonte maliciosa de fake news, já YouTube e Instagram são confiáveis.

Os bolsonaristas moderados condenaram as fake news sobre a tragédia do RS, mas disseram não tê-las recebido. Isso indica a possível formação de câmaras de eco e bolhas regionais na circulação dessas notícias falsas, que, portanto, não atingiram outras partes do país – os participantes de nossos grupos são recrutados em todo o Brasil. Sua postura também confirma algo que já havíamos observado: seus hábitos mais “tradicionais” de consumo de informação, ainda bastante dependente de noticiários televisivos, inclusive da Globo.

Os outros dois grupos, flutuantes e lulodescontentes, foram unânimes em declarar conhecimento da circulação de fake news sobre a tragédia, e rechaço. Os evangélicos diferiram do resto por advogar a necessidade de orações pelo estado gaúcho.

Todos os grupos repudiaram as falas de Eduardo Leite, taxando-as de insensíveis e equivocadas. Somente alguns bolsonaristas moderados defenderam os comerciantes, objeto da fala do governador. Esse dado confirma a tendência pró-mercado que esse grupo já havia manifestado anteriormente em nossa pesquisa.

A pergunta sobre a fuga dos condenados do 8 de janeiro teve um efeito interessante sobre os bolsonaristas. Os convictos aprovaram as ações dos fugitivos, pois, no seu ver, sofrem perseguição injusta das instituições brasileiras. Mas os moderados, que foram selecionados para a pesquisa exatamente porque desaprovam a invasão dos prédios da Praça dos Três Poderes, se mostraram divididos. Alguns se mostraram seduzidos pelo argumento de que as penas foram exageradas e que os condenados eram de fato vítimas de perseguição.

A divisão dos grupos nessa pergunta se deu pela linha que separa bolsonaristas dos outros. Os flutuantes e lulodescontentes repudiaram as fugas, inclusive argumentando que a tornozeleira não é um instrumento eficaz de garantir a prisão domiciliar. Os evangélicos de distribuíram de acordo com sua adesão ou não a Bolsonaro. Os bolsonaristas foram simpáticos aos fugitivos, enquanto os outros pediram o aumento das penas dos que forem capturados.

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As técnicas tradicionalmente utilizadas para investigar a opinião pública são os surveys e os grupos focais. Ambas são muito úteis, mas têm com limitações da ordem prática e orçamentária, particularmente se deseja realizar um monitoramento contínuo.

O Monitor do Debate Público (MDP) é baseado em uma metodologia inovadora para monitorar de modo dinâmico a opinião pública e suas clivagens no que toca temas, preferências, valores, recepção de notícias etc.

O MDP é realizado por meio de grupos focais de operação contínua no WhatsApp, com participantes selecionados e um moderador profissional.

Assim como na metodologia tradicional de grupos focais, os grupos contínuos no WhatsApp do MDP permitem que o moderador estimule o aprofundamento de temas sensíveis e difíceis de serem explorados por meio de pesquisas quantitativas ou mesmo pela aplicação de questionários estruturados.

O caráter assíncrono dos grupos do MDP, possibilitado pela dinâmica da comunicação no WhatsApp, permite respostas mais refletidas por parte dos participantes, o que é adequado para eleitoral, dado que o voto é também uma decisão que demanda reflexão.

Por sua natureza temporal contínua, grupos focais do MDP são propícios para criar situações deliberativas, nas quais as pessoas se sentem compelidas a elaborar suas razões a partir das razões dadas por outros participantes do grupo.

O telefone celular é hoje o meio mais democrático e acessível de comunicação. Assim, a participação nos grupos do MDP não requer o uso de computador ou mesmo que os participantes interrompam suas atividades para interagirem entre si.

Equipe MDP

Carolina de Paula – Diretora geral

Doutora em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Coordenou o IESP nas Eleições, plataforma multimídia de acompanhamento das eleições 2018. Foi consultora da UNESCO, coordenadora da área qualitativa em instituto de pesquisa de opinião e big data, atuando em diversas campanhas eleitorais e pesquisas de mercado. Realiza consultoria para desenho de pesquisa qualitativa, moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade. Escreve no blog Legis-Ativo do Estadão.

João Feres Jr. – Diretor científico

Mestre em Filosofia Política pela UNICAMP e mestre e doutor em Ciência Política pela City University of New York, Graduate Center. Foi professor do antigo IUPERJ de 2003 a 2010. É, desde 2010, professor de Ciência Política do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP-UERJ). Coordenador do LEMEP, do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA) e do Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB).

Francieli Manginelli – Coordenadora de recrutamento

Cientista Social e mestre em Sociologia pela UFPR, com experiência em relações de consumo e estratégias de comunicação. Possui formação em UX Research e cursos de gestão e monitoramento de redes sociais e estratégias eleitorais, mídias digitais e gerenciamento de redes. Possui experiência em pesquisas de mercado e campanhas políticas. Realiza moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade.

André Felix – Coordenador de TI

Mestre em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Tem experiência em planejamento e desenvolvimento de sistemas computacionais de pequeno e médio porte, manutenção de servidores web e possui especialização em modelagem e implementação de bancos de dados relacionais.