Relatório 53

De 3/6 a 9/6

Temas:

  • Parada LGBT+
  • Terceirização da Escola Pública
  • Escolas Cívico-Militares
Realização:
Apoio:
Metodologia

O Monitor da Extrema Direita (MED) se transformou no Monitor do Debate Público (MDP). Na verdade, foi uma expansão do projeto original, que contemplava somente grupos focais contínuos de bolsonaristas convictos e moderados. Tornamos mais complexa a combinação dos critérios de seleção de participantes para produzir quatro categorias de grupos:

G1 – Bolsonaristas Convictos: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, aprovam as invasões de 08/01, acreditam que o ex-presidente é perseguido pelas instituições e não assistem à Rede Globo.

G2 – Bolsonaristas Moderados: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, desaprovam as invasões de 08/01, não há consenso sobre o ex-presidente ser perseguido pelas instituições e não rejeitam a Rede Globo.

G3 – Preferências Flutuantes: votaram Branco/Nulo no segundo turno, mas em outros candidatos no primeiro turno. Os demais critérios são diversos.

G4 – Lulodescontentes: votaram em Lula no segundo turno, mas reprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.

G5 – Lulistas: votaram em Lula no segundo turno e aprovam sua gestão. Os demais critérios são diversos.

Dessa maneira, o novo Monitor do Debate Público (MDP) será capaz de captar um escopo bem mais amplo da opinião pública e dos fenômenos que regem o comportamento político no Brasil de hoje.

Nossa metodologia permite que os participantes respondam aos temas colocados no tempo que lhes for mais conveniente, liberdade essa inexistente nos grupos focais tradicionais, que são presos à sincronia do roteiro de temas e questões colocados pelo mediador. O instrumento de pesquisa, assim, se acomoda às circunstâncias e comodidades da vida de cada um, reduzindo a artificialidade do processo de coleta de dados e, portanto, produzindo resultados mais próximos das interações reais que os participantes têm na sua vida cotidiana.

É importante salientar que os resultados apresentados são provenientes de metodologia qualitativa, que tem por objetivo avaliar posicionamentos e opiniões. Mesmo quando quantificados, tais resultados não podem ser tomados como dados estatísticos provenientes de amostragem aleatória, ou seja, as totalizações dos posicionamentos de grupos específicos não devem ser entendidas como dotadas de validade estatística mas como dado indicial.

O sigilo dos dados pessoais dos participantes é total e garantido, assim como sua anuência com a divulgação dos resultados da pesquisa.

Síntese dos Principais Resultados

Entre os dias 3/6 a 9/6 quatro grupos foram monitorados a partir de suas opiniões sobre questões candentes do debate público. Compõem esses grupos 40 participantes. Todos os grupos foram montados de modo a combinar variáveis como sexo, idade, etnia, renda, escolaridade, região de moradia e religião em proporções similares às da população brasileira.
Cada grupo possui características únicas. São elas:
G1 – Bolsonaristas Convictos: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, aprovam as invasões de 08/01, acreditam que o ex-presidente é perseguido pelas instituições e não assistem à Rede Globo.
G2 - Bolsonaristas Moderados: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, desaprovam as invasões de 08/01, não há consenso sobre o ex-presidente ser perseguido pelas instituições e não rejeitam a Rede Globo.
G3 – Preferências Flutuantes: votaram Branco/Nulo no segundo turno, mas em outros candidatos no primeiro turno. Os demais critérios são diversos.
G4 – Lulodescontentes: votaram em Lula no segundo turno, mas reprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.
Evangélicos - Compusemos também um "grupo virtual" formado pela agregação das falas dos participantes evangélicos, a fim de capturar tendências específicas da opinião desse contingente demográfico.
Ao longo da semana, três temas foram abordados: i) bandeiras defendidas pela Parada do Orgulho LGBT+; ii) proposta de terceirização da gestão escolar no Paraná; iii) modelos de escolas cívico-militares.
Ao todo, foram analisadas 161 interações, que totalizaram 5.986 palavras.

Bolsonaristas Convictos Bolsonaristas Moderados Eleitores Flutuantes Lulodescontentes Evangélicos
Parada do Orgulho LGBT+ O grupo demonstrou bastante irritação com a temática, associando o evento ao governo do PT e criticando a avaliada corrosão dos valores morais, o suposto gasto de dinheiro público e as falácias das cores verde e amarela terem sido roubadas. Não houve consenso no grupo. Alguns aprovaram o movimento, enquanto a maioria reprovou, mas por motivos diversos, oscilando desde aspectos religiosos e morais até reprovação política ou ainda por avaliarem as pautas como desnecessárias. O grupo apoiou o movimento em si e a legitimidade da luta por direitos. Porém, alguns reprovaram a presença de políticos nos trios, avaliando como atos de campanha. Também não houve consenso sobre o uso das cores verde e amarelo. Unanimemente o grupo demonstrou apoio às causas defendidas pelo movimento, legitimou a reivindicação e celebrou o uso das cores verde e amarelo, validando o resgate das cores símbolo do país. Não houve consenso nesse grupo. Os evangélicos e bolsonaristas criticaram as pautas do movimento, mas poucos o fizeram com fundamentações religiosas. Os demais validaram o movimento e suas causas.
Terceirização da gestão escolar O grupo não entendeu os limites da intervenção e debateu a questão avaliando positivamente a privatização da educação. Para eles, as escolas privadas seriam melhores, com a oferta de ensino de qualidade, livres de ideologias da esquerda e da sindicalização dos professores. Alguns participantes aprovaram a medida considerando que melhoraria a qualidade da educação e ensino. Outros, aprovaram avaliando que as empresas fariam uma melhor gestão dos recursos. Porém, outros demonstraram receios de que o acesso à educação se tornasse mais desigual. Não houve consensos no grupo. Entre os que entenderam e apoiavam a proposta, a percepção de que os recursos seriam mais bem geridos foi a mais mencionada. Entre os que reprovavam a ideia, receios de que logo essas empresas sucateassem mais as escolas foram citados. Entre os que apoiavam o projeto, a possibilidade de contratação de professores CLT foi mencionada como benéfica, pois acabaria com a "acomodação" dos concursados. Entre os contrários, a privatização foi vista como mais um fator de sucateamento das escolas, em prol dos lucros da empresa. Os participantes evangélicos responderam à questão de modo diversificado, mais ancorados em seus grupos originais de pertencimento.
Escolas cívico-militares Unanimemente o grupo demonstrou apoio ao modelo, validando o rigor aplicado na educação, afirmando a qualidade superior do ensino e celebrando que essas escolas eram livres dos ensinamentos ideológicos da esquerda. O grupo demonstrou apoiar o modelo de escolas cívico-militares, enfatizando a qualidade do ensino, a disciplina e os valores cívicos inculcados nos alunos. Muitos destacaram que essas escolas eram bem organizadas e ensinavam respeito e responsabilidade. Houve consenso entre os participantes de que as escolas cívico-militares ofereceriam um ambiente mais ordenado e disciplinado e, por consequência, mais propício ao aprendizado. Para eles a excelente qualidade do ensino foi o fator que prevaleceu no discurso de apoio ao modelo. O grupo ficou dividido. Entre os apoiadores, a ênfase foi em relação à disciplina e qualidade do ensino. Entre os que rejeitavam tal modelo, a falta de liberdade do aluno para estabelecer um pensamento crítico foi citada como justificativa. Os participantes bolsonaristas evangélicos demonstraram total apoio ao modelo cívico militar, ressaltando os valores nacionalistas de pátria ensinados nessas escolas. Nos demais grupos, não houve consensos entre os evangélicos.
Pergunta 22
A 28ª edição da Parada do Orgulho LGBT+ ocorreu em São Paulo, neste domingo (2/6). A marcha teve tom político ao convocar os participantes a vestir roupas verde e amarelo, em uma tentativa de “retomar” as cores da bandeira do Brasil. A política seguiu também no tema da marcha deste ano: “Basta de Negligência e Retrocesso no Legislativo: Vote consciente pelos direitos da população LGBT!”. Como vocês avaliam o evento em si e esses atos políticos de protestos da população LGBTQIAPN+?
Reprovam integralmente os atos

Unanimemente os participantes do grupo 1 (bolsonaristas convictos) e parcialmente os participantes do grupo 2 (bolsonaristas moderados) reprovaram as bandeiras defendidas pelo movimento e criticaram o uso de recursos públicos para sua realização.

Nos dois grupos, muitos participantes demonstraram uma percepção de que as demandas da comunidade LGBT+ visavam obter direitos especiais, ao invés de lutar pela igualdade de direitos para todos. Para essa parcela, os participantes protestavam por direitos vistos como já existentes.

Para os mais conservadores (que não foram necessariamente os evangélicos), tratava-se de uma imposição de ideologias e comportamentos que não são compartilhados pela maioria da população.

Muitos participantes do grupo 1 (bolsonaristas convictos) consideraram que o evento era um desperdício de dinheiro público, que poderia ser melhor investido em áreas como saúde e educação. Esses, classificaram o evento como um ato político do atual governo federal, desprezando sua ocorrência em anos anteriores.

"Acredito que todos devem lutar por seus direitos, mas não acredito que as pessoas devem ter mais direitos por conta de suas opções sexuais. Todos nós devemos ser iguais perante as leis e todos devemos ter os mesmos direitos." (G1, 38 anos, assistente administrativo , AM)

"Cadê o respeito com as famílias? Estão propagando em atos públicos verdadeiras aberrações, como obra de arte, como vi no Facebook, e todos podem ver, coisas de outro mundo! Respeito a nossas crianças, a nós que somos cristãos!" (G1, 64 anos, empresário, PR)

"Eu acho tudo isso um desperdício de dinheiro publico, que poderia ser usado na saúde, educação que estão tão carentes de investimentos, mas esse maldito governo do PT só investe no que não presta e não vai dar nenhum retorno para os brasileiros, se na constituição já diz que todos somos iguais perante a lei, esse desgoverno do descondensado insiste em dividir em grupos as pessoas porque dividindo eles tem o controle sobre os ignorantes que não querem abrir os olhos para nossa atual situação." (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)

"O evento é dinheiro público indo pro ralo. E francamente não sei o que a comunidade lgbtjabsicnsidbdi quer. Eu nem consigo acompanhar todas essas mudanças de siglas, imagina acompanhar os direitos que eles lutam, até porque eles já tem todos os direitos, de casa e etc." (G1, 35 anos, artesã , SC)

"Está se deteriorando assim como outros grupos identitarios que a esquerda sequestrou ( movimento negro / feminismo) no discurso lutam por igualdades mas na prática todos eles querem impor suas vontades, exigindo criações de leis que só beneficiam a si mesmas e não a toda população. Eu repúdio estes grupos e tenho amigos gays é lésbicas que se sentem enojados de ter estes grupos como representantes das causas homossexuais. O Verde amarelo é de todos ele não tem é nunca teve lado, só que o povo na sua grande maioria voltou a ter orgulho de usar enquanto uma minoria nunca gostou é agora vem com este papo de retomada ... #HIPOCRITAS" (G1, 54 anos, músico, RS)

"Eu não vejo como positivo, pois eles já tem direitos como cidadãos igual aos outros, a diferença é que eles estão optando em viver num grupo paralelo chamado LGTB." (G2, 35 anos, contadora, RS)

"Não sou a favor desse evento porque ele foge dos meus princípios e valores, já que acredito q só existem dois sexos: homem e mulher. O evento foi politico onde foi frisado sobre o voto consciente pelo direitos da população LGBT." (G2, 43 anos, administradora, GO)

"Acho repetitivo, essa população já tem todos os direitos reconhecidos, agora, se todos respeitam, eu não sei. Eles nunca vão deixar de ser "essa população" , já que estão constantemente reafirmando. Não vi nenhuma repercussão na mídia pelo uso do verde e amarelo. Duvido que tenha feito diferença, eu vejo essa parada mais como um reencontro dessas pessoas." (G2, 43 anos, professora , SP)

Aprovam o movimento

Alguns participantes do grupo 2 (bolsonaristas moderados) e todos os participantes dos grupos 3 e 4 (eleitores flutuantes e lulodescontentes) validaram o direito democrático da manifestação, apoiando, inclusive, muitas das pautas defendidas.

Esses participantes destacaram que todo cidadão tem o direito de lutar por seus direitos e expressar suas opiniões de maneira pacífica e organizada. Houve um reconhecimento geral de que a Parada do Orgulho LGBT+ é uma forma válida e necessária de protesto contra a negligência e o preconceito que esta população enfrenta.

No grupo 3 (eleitores flutuantes) alguns participantes mostraram-se incomodados com a realização de atos políticos e discursos avaliados como de campanha durante o movimento, citando a presença de Boulos como ilustrativa do caso.

"Estava ciente do evento e penso que eles estão no seu direito como cidadãos brasileiros , de fazer o evento ,reclamar os seus direitos e também no que acham que estão sendo negligenciados , é importante cada grupo se manifestar e expressar de forma pacífica e ordenada suas exigências e aquilo que pode vir a ajuda los a melhorar sua qualidade de vida. O evento em si não acompanhei, mas creio que já é algo que ocorre todo ano e serve pra fortalecer o movimento deles" (G2, 26 anos, autônomo, DF)

"Eu não estava ciente desse evento, mas vejo que da mesma forma que outros grupos tem o direito de se manifestar e usar da vestimenta como forma de protesto, acho que para esse público também é de direito. Que eles façam sua indagação com respeito e tranquilidade." (G2, 24 anos, técnica em enfermagem , RJ)

"Desde que seja com responsabilidade , respeito e civilidade. todos têm direito de buscar por aquilo que acha ser de direito ou necessário a sua dignidade como cidadão." (G3, 37 anos, assistente administrativa , MG)

"O evento em si é maravilhoso para o público-alvo, visto que conseguem se reunir e passar a mensagem que desejam, só acho que deve ser um pouco mais voltado para a causa deles e não a posicionamento político. Foi de muito bom grado a tentativa de retomar as cores do Brasil para todos, porém não foi tão bem visto as formas que alguns políticos e candidatos participaram, na intenção de usar o evento para promover suas campanhas." (G3, 25 anos, contador, RJ)

"Eu apoio, eles tem direitos e querem chamar atenção a negligência desse grupo da sociedade,que vá a luta e façam seus protestos pacíficos!" (G4, 49 anos, artesã , CE)

"Eu vi sobre isso e apoio bastante oque estão fazendo, foi algo que está civilizado e tem uma proposta legal e boa que beneficia a todos, pois acho que cada um tem o direito de se conhecer e se achar nisso tudo, pra mim a igualdade de gênero está sendo cada vez mais respeitada, não sou parte da comunidade e tem algumas coisinhas que não apoio totalmente mas na parte principal que seria o respeito por todos os gêneros eu estou junto." (G4, 27 anos, analista de sistemas , SP)

"EU ASSISTI ONTEM A REPORTAGEM DA PARADA DO ORGULHO LGBT,E ACHEI INTERESANTE A COR DAS ROUPAS VERDE AMARELO,ESTA POPULAÇAO DEVE SER RESPEITADA E APLAUDIDA PORUE SOFREM NA CARNE O DEBOCHE E MAUS TRATOS DA SOCIEDADE.O LEGISLATIVO TINHA UE CRIAR MAIS LEIS DE PUNIÇAO E POLITICAS PUBLICAS PARA TODOS LGBT MAIS." (G4, 51 anos, professora , RS)

"A partir do momento que começa se misturar uma festa para celebrar algo e essa festa começa a se tornar política assim acaba de fato o que realmente a festa é e o que ela significa. Transformaram uma festa representativa em palco político. Literalmente o Boulos no carro elétrico fazendo sua propaganda para ser votado na próxima eleição em uma festa LGBT? Que eu saiba campanha antecipada é proibido. Cada o STE é o STF para manifestar sobre isso? Mas amigos podem, inimigos não. As pessoas estão misturando muitas coisas alias qualquer coisa com política." (G3, 36 anos, autônoma, SP)

"O evento em si é maravilhoso para o público-alvo, visto que conseguem se reunir e passar a mensagem que desejam, só acho que deve ser um pouco mais voltado para a causa deles e não a posicionamento político. Não foi tão bem visto as formas que alguns políticos e candidatos como o Boulos participaram, na intenção de usar o evento para promover suas campanhas." (G3, 25 anos, contador, RJ)

Cores da Bandeira

Da mesma forma que na aprovação/reprovação do evento, a utilização das cores verde e amarelo dividiu as opiniões dos grupos mais opostos - o 1 e o 4.

No grupo 1 (bolsonaristas convictos) os participantes demonstraram irritação e desconfiança sobre a intenção política por trás do uso das cores verde e amarelo, com alguns acreditando que isso é uma tentativa de se apropriar de símbolos nacionais de maneira forçada e considerando que a esquerda era da cor vermelha, sendo o uso das cores da bandeira avaliado como ofensivo.

Já o grupo 4 (lulodescontentes) celebrou a retomada das cores e reapropriação da bandeira para toda a população brasileira, rompendo com esse identificação das cores com os bolsonaristas.

Os grupos 2 (bolsonaristas moderados) e 3 (eleitores flutuantes) não deram muita atenção ao assunto.

"Agora o PT quer falar em verde e amarelo, mas a bandeira desse partido que está governando o país é vermelha! Não me engana não! Tanta coisa para fazer pelo país, estão preocupados com LGBT." (G1, 64 anos, empresário, PR)

"Retomar as cores da bandeira do Brasil? Que pohaaa é esta? Desde quando elas foram tomadas de alguém ou algum grupo? Se um lado político optou durante a vida toda usar o vermelho como sua cor e bandeira como pode agora vir com este papo idiota de retomar algo que nunca lhe foi tirado. Durante anos vimos manifestações em que grupos ligados a esquerda renegavam as cores da bandeira brasileira. Inclusive queimando-a nas manifestações. O Verde amarelo é de todos ele não tem é nunca teve lado, só que o povo na sua grande maioria voltou a ter orgulho de usar enquanto uma minoria nunca gostou é agora vem com este papo de retomada ... #HIPOCRITAS" (G1, 54 anos, músico, RS)

"Acho muito interessante incentivarem o uso da camisa verde amarela, pois são as cores da nossa bandeira e não deve representar lado politico, como a direita que se apropriou da bandeira para ser representada. A parada do orgulho LGBT+ é um movimento que busca lutar pelos direitos de pessoas que sofrem com o preconceito diariamente e que devem ser respeitadas." (G4, 27 anos, autônoma, PA)

"Apoio essa questão das cores nas camisetas, até por que deixam claro a questão em ser brasileiro e precisam de respeito tanto como qualquer orientarão sexual. Infelizmente ainda precisamos fazer protestos para as questões preconceituosas, sejam elas cor, religião, orientação sexual; e sim todos precisam de uma atenção quanto a punir quem ainda enrraiza dentro de si a desigualdade." (G4, 45 anos, artesã , PR)

"Grande iniciativa, as cores e símbolos do Brasil, são de todos os brasileiros, e devem ser usados com alegria, pra promover a paz social e união. Essa classe tem que lutar pelos direitos sim, pois sofre tanto preconceito, precisamos ser uma sociedade livre , sem discriminação e igualdade para todos." (G4, 25 anos, babá, RS)

Intervenção educacional

A maioria dos participantes não entendeu os limites da proposta e debateu avaliando que a privatização traria reformas e mais qualidade ao sistema educacional do país, realizando projeções e equiparação à qualidade de ensino da rede privada.

Entre os participantes bolsonaristas, dos grupos 1 e 2, muitos celebraram que tal mudança poria fim ao ensino das ideologias da esquerda nas escolas e a politização de alunos, mantendo o currículo focado em disciplinas voltadas ao mercado de trabalho.

"Acho bem interessante. Escolas publicas tem o costume de impor ideologias ao invés do conteúdo didático." (G1, 35 anos, artesã , SC)

"Se for para melhorar a qualidade de ensino eu concordo com a privatização. Pois sabemos que as escolas públicas em sua maioria não oferecem um ensino de qualidade, voltado pro vestibular e pro trabalho." (G1, 38 anos, assistente administrativo , AM)

"O PT não quer que a população estude, e fique bem informada, instruída. Assim ficam atentas as falcatruas desse desgoverno, acham que pode comprar pessoas com pouco estudo, e assim continuar no poder." (G1, 64 anos, empresário, PR)

"Aprovou totalmente,assim vai haver mais investimento e a melhora da qualidade de ensino,visto que acaba aquela velha politicagem que também atinge as escolas públicas. E sem falar que tudo que passa a ser administrado por terceiros sempre tem o interesse de se fazer o melhor para ser reconhecido como tal." (G2, 54 anos, aposentado, PB)

"Vejo com bons olhos. E sei que é de extrema necessidade que governos tenham atitudes como ao do governo do Paraná em abrir para a iniciativa privada. Encaro como se essa atitude fosse a mesma que estivesse matriculando o melhor filho em uma escola particular. O governo não está deixando de cumprir o seu papel, e sim está colocando grupos especializados nessa área, são empresas profissionais endossadas no conteúdo escolar. A ideia da terceirização é excelente e eu dou maior apoio para que isso possa acontecer verdadeiramente no Paraná, mesmo que os sindicatos sejam contra."" (G2, 42 anos, assistente logístico , PE)

"Se é para ter uma gestão que funcione que verdadeiramente,que entregue qualidade educacional, cidadãos alfabetizados, aptos a expressar suas ideias, aptos ao mercado de trabalho,acho muito válido. O que não pode e continuar como está uma roubalheira no fundos escolares e ficar passando de ano pessoas que nem sequer sabem lê ou fazer um cálculos básicos como soma e subtração." (G3, 37 anos, assistente administrativa , MG)

"Já está na hora da Educação no Brasil passar por mudanças, pois o que vemos hoje é um sistema que não funciona e a pandemia deixou mais claro esta necessidade de mudança. Eu sou a favor que seja entregue tanto a Gestão Financeira como a Gestão Pedagógica a iniciativa privada, pois conheço muito bem como está o sistema público educacional." (G3, 45 anos, professora , MT)

"Eu não acompanho mas adorei a ideia pois é algo útil e tem benefícios para todos, achei que como se trata de educação não importa muito se é privada ou não pois tá zelando pelo bem, acho que todos iram se beneficiar e lógico que a educação irá ser levada a sério do jeito que merece." (G4, 27 anos, analista de sistemas , SP)

Apoiam a iniciativa

Entre os participantes que disseram apoiar a iniciativa, os argumentos da maioria foram baseados na crença comum de que a privatização poderia trazer melhorias significativas na estrutura física das escolas, e, por consequência, na qualidade do ensino.

Os apoiadores apontaram que a gestão por Organizações Sociais (OSs) poderia proporcionar maior autonomia e flexibilidade na administração dos recursos escolares, agilizando processos de compra e usufruindo dos benefícios do livre mercado, fato impedido por contratos públicos que precisam recorrer a licitações.

No grupo 4 (lulodescontentes) houve uma tendência significativa a avaliar a questão pelo ângulo do funcionalismo público versus regime CLT. Havia a percepção de que os professores concursados ​​muitas vezes não demonstram a mesma dedicação que os contratados pelo regime CLT, que ficariam mais motivados a apresentar bons resultados para manterem seus empregos e trabalhariam melhor, gerando melhores resultados.

"Vamos pensar no melhor para as crianças a escola pública deixa muito a desejar, não tem organização, o ensino é de péssima qualidade e a estrutura dos prédios na maioria das vezes precária. A privatização vem pra dar esperança de melhoria na qualidade da estrutura do ensino. Se realmente isso acontecer eu sou muito a favor." (G1, 50 anos, engenheiro, SP)

"Pensando positivamente, eu acho que a gestão por OSs geralmente tem mais autonomia e são mais flexíveis na gestão da escolas e pode permitir que sejam implementadas novas técnicas de ensino e também a contratação de funcionários mais experientes. Sabemos que o Estado é moroso em suas técnicas e o modo de ensino atual não está sendo eficiente. As OSs podem investir na melhoria da infraestrutura das escolas, como salas de aula, laboratórios e bibliotecas." (G2, 43 anos, professora , SP)

" Além da parte educacional, deveremos ver uma grande melhora no uso das verbas destinadas as escolas, que muitas vezes eram mal direcionadas." (G2, 26 anos, vendedora , AL)

"Acredito que seja viável sim essa mudança na gestão educacional, a educação publica no país está sucateada e desgastada. Os professores não estão preparados para gestão , mal conseguem lidar com a educação em si. Assim, eles só se preocuparam em dar aula e não em ter que achar recursos pra escola." (G3, 50 anos, pedagoga, RJ)

"A ideia é ótima,vamos vê na prática,porque as vezes eu penso que as pessoas que são concursadas ou tem estabilidade no emprego,parecem não se importar muito de fazer um bom trabalho,e aqueles que são CLT são mais esforçados a dar bons resultados. Achei uma ótima iniciativa." (G4, 49 anos, artesã , CE)

"Este projeto é excelente, não vejo problema nenhum, vai melhorar e muito, tem muita coisa positiva na ideia. Quando estava em sala de aula ouvia professor dizendo que não estava nem ai se aluno aprendia ou não, pois o salário dele caia todo começo de mês na conta, acho correto a mudança, agora saberemos quem quer dar aula." (G4, 25 anos, babá, RS)

"O projeto tem uma proposta excelente e se cumprir mesmo com tudo que promete acho que vai trazer muitas melhorias para o ensino, administração e infraestrutura das escolas do paraná, se for clt creio que os professores e os demais funcionários irão trabalhar com mais qualidade e responsabilidade." (G4, 27 anos, autônoma, PA)

"Acho a ideia boa, porém, como qualquer mudança, é preciso ser muito bem avaliado os limites dessa gestão para que tenha equilíbrio entre as metas dessa administração, que com certeza irá em busca de números melhores, e a oferta de um um bom ensino." (G4, 37 anos, analista de RH, ES)

Reprovam a iniciativa

Um ponto comum entre os que rejeitaram a proposta foi a desconfiança sobre os interesses das empresas privadas, que, para eles, tenderiam a priorizar o lucro sobre a qualidade dos serviços ofertados. Muitos exemplificaram usando relatos de experiências negativas com terceirizações, como a baixa qualidade dos serviços, funcionários mal preparados e ainda falando dos efeitos para os professores, como a diminuição salarial, a eliminação de planos de carreira e a insegurança contratual.

"Eu concordo entre partes, por que não são todas empresas que pegarem as escolas que darão uma melhor gestão, sabe se lá até quando essas empresas conseguirão manter escolas de grandes portes.Até porque o objetivo será lucrar, então vão contratar tudo do mais barato." (G2, 24 anos, suporte TI, DF)

"Em algumas esferas sou a favor da privatização, pois a concessionária acaba por oferecer melhores serviços. Mas na educação sou totalmente contra, ainda que seja "parcialmente". Educação é um direito constitucional, ou seja, precisa ser acessível. Eu até aceitaria algum tipo de auditoria privada para avaliar a administração das escolas, mas terceirizar a administração não vejo como algo positivo. Temos exemplo na saúde, pelo menos aqui no RJ, onde as OS tomavam conta de muita coisa administrativa e ficou uma bagunça. Tanto que as OS foram dispensadas. Se formos por esse caminho a educação pode piorar ainda mais no nosso país. Pois influencia ideias ruins são replicadas rapidamente pelos governantes, que acabam praticando nepotismo." (G3, 45 anos, turismóloga , RJ)

"Eu desaprovo essa ideia, se olhar para a parte da privatização tem os pontos positivos e negativos. Acho que o principal fator é o salário dos professores pois com a privatização é normal eles quererem reduzir gastos. Acabou de ser aprovado e já estamos vendo notícias sobre protestos, não se surpreenderia que eles entrassem em greve..." (G3, 29 anos, vendedora , GO)

"Olha se realmente fosse somente a parte administrativa para dar um suporte até poderia se pensar, fazer algo claro e transparente, mas no começo é lindo depois só vai vendo as mudanças, as emendas e etc. A empresa privada que irá visar somente o lucro. Bom é isso é uma caixinha de surpresas." (G3, 36 anos, autônoma, SP)

"Para mim é bastante difícil julgar essa questão. Sou funcionário administrativo concursado e trabalho numa escola estadual de Ensino Fundamental em que foi implantada o sistema Cívico-Militar estadual. O problema desse modelo proposto é a terceirização da contratação de professores e funcionários. A terceirização sempre vem com a diminuição salarial, com a eliminação de planos de carreira, com a insegurança contratual. A questão da terceirização da administração financeira e da manutenção predial pode realmente ser boa; mas só vendo-se implantado na prática em cada Escola para ver se realmente seria bom. Já quanto à terceirização de mão de obra é muito ruim. Atualmente já se tem terceirização de contratação de cargos administrativos e de serviços gerais e merendeiras e ganham muito pouco e não tem nenhuma estabilidade. Quanto às empresas terem metas é algo muito temerário pois uma empresa que vise metas (com benefícios financeiros à empresa) não vai pensar duas vezes em punir a todos que conseguir para lucrar cada vez mais. Não é o fato de o professor ser concursado que faz dele um profissional bom ou não; pois temos bons e maus professores tanto concursados como PSSs (Contratados Temporários). O grande problema da educação é a falta de investimentos estruturais nas Escolas. Eu não vejo que o modelo proposto seja o correto. Em vez de se preocupar em terceirização educacional o Governo deveria se preocupar em investir estruturalmente nas Escolas de forma permanente e em construir um sistema educacional mais edificador e com estruturas físicas melhores nas Escolas. O servidor público não é o vilão do sistema educacional público; pelo contrário, na maioria dos casos, é só mais uma vítima." (G4, 44 anos, funcionário público estadual, PR)

"Eu discordo do projeto. Se fosse um projeto para melhorar a questão pedagógica aí sim. Mas creio que se for só o financeiro não vai melhorar. Acho que se privativa mas não se fiscaliza. O Brasil precisa é de igualdade no ensino público de forma geral seja em São Paulo ou no Nordeste. A gestão pública no meu entender é responsabilidade seja do município ou do estado para o ensino." (G4, 53 anos, artesã , SP)

Pergunta 24
Seguindo a pauta da educação, durante o governo Bolsonaro foram criadas as escolas cívico-militares. Na gestão Lula, o programa foi descontinuado em nível federal, porém pode ser interrompido pelos estados. Atualmente existem 494 escolas desse modelo no país. O que você acha desse modelo de gestão?
Aprovam o modelo

A maioria dos participantes, de todos os grupos, aprovavam o modelo de gestão educacional.

O principal argumento foi em relação à disciplinarização dos alunos, com destaque para o respeito aos professores, qualidade superior do ensino e aprendizado e ainda na responsabilidade desenvolvida nos alunos. Muitos exaltavam a retomada do ensino de valores cívicos.

Entre os participantes dos grupos 1 e 2 (bolsonaristas convictos e moderados) a ausência de ensinamento de doutrinação política da esquerda foi celebrada.

Entre os participantes do grupo 3 (eleitores flutuantes) o modelo foi visto como erroneamente estigmatizado pela população, por ser associado ao governo Bolsonaro, mas com apelos para sua ampliação.

"Pelas estatísticas é o modelo que tem dado melhor resultado.. Dito isso sou totalmente favorável a manutenção deste tipo de escola.. Mas claro que a esquerda é contrária pois na comparação com o ensino público fica evidente a diferença." (G1, 54 anos, músico, RS)

"Acredito que esse modelo deveria ser implementado em todas as escolas. Os índices de aprendizado nessas escolas são muito mais elevados do que em outras escolas. Isso é fato!" (G1, 38 anos, assistente administrativo , AM)

"Totalmente a favor desse modelo. São escolas com disciplina e não criadores de militantes. Obviamente que a esquerda é contra, e muitos dos professores concursados tbm para não perder as regalias." (G1, 35 anos, artesã , SC)

"Eu acho muito bacana, e seria muito importante que houvesse mais escolas como essas, por que acredito que a Educação seria de mais qualidade, por que o que bem tem nessas escolas infelizmente e alunos que desrespeitam os professores e não tá nem aí pra aprender, eu digo isso por que já fui aluna e via muito isso nas salas de Aula. Então, sim! Eu sou a favor destes tipos de Escola." (G2, 26 anos, recepcionista , SP)

"Conheço o modelo de perto e posso garantir que esse é o modelo que toda escola deveria ter. Tenho certeza que todo pai de família teria o maior prazer em ver seus filhos aprendendo de verdade e tendo respeito aos pais e a todos. Lá tem disciplina e responsabilidade. Aprovou totalmente." (G2, 54 anos, aposentado, PB)

"Pensando em educação, é importante testar novas formas de educação, e parece que a escola cívico militar durante o governo Bolsonaro teve um índice bem positivo, segundo dados divulgado pelo governo federal, teve uma melhora no índice de violência nas escolas , a física foi reduzida em 82%, a verbal foi diminuída em 75%, e a evasão( um dos principais problemas e desafio da educacao)o abandono escolar foi reduzido em quase 80%, com esses índices creio eu que deveria ser continuado e receber uma oportunidade para continuar nas escolas e ser implementados em outras escolas." (G2, 26 anos, autônomo, DF)

"Escolas nesse formato já existiam antes do governo Bolsonaro, mas acredito que eram em menor número e sem tanta visibilidade. Mas sempre tive estima por esse modelo de educação, prezam que os alunos se empenhem em estudar, ter disciplina e almejar coisas melhores para suas vidas. Eu gostaria que fossem mantidas, mas sem esse estigma que se tornou, como se fosse algo do Bolsonaro, e consequentemente algo ruim. Acho que é uma opção para pais que buscam esse tipo de educação para seus filhos, desde que hajam escolas em outros formatos para que cada um escolha o que melhor lhe convém." (G3, 45 anos, turismóloga , RJ)

"Acho válido as escolas militares para resgatar tudo que foi deixado de um tempo para cá, o respeito aos professores, o respeito aos próprios colegas de classe um ensino mais rígido sim. Digo no sentido de não somente ""passar"" o aluno com provas e trabalhos mal feitos, mas sim exigir que entregue um trabalho de qualidade e não passar a mão na cabeça e somar só mais um número de aluno ensino médio completo para mostrar quantas pessoas foram alfabetizadas pela educação brasileira ,somente para contabilizar numeros. Pois é isso que acontece pouca gente qualificada. Antigamente mesmo na minha época as aulas de educação física eram diferentes da de hoje em dia. Os trabalhos de apresentações em festas, se usava uniformes, existia advertência. Hoje é a maior bagunça entendo que o mundo mudou que houve a Internet para ajudar e prejudicar, os pais e professores perderam o controle. Por isso sem relevância de partido nenhum deveria sim existir escolas militares para tentarmos resgatar a educacao o respeito e a disciplina na sociedade."" (G3, 36 anos, autônoma, SP)

"Eu apoio e muito tudo que seja pela educação, essas escolas ótimas, exemplo tenho em casa, meu sobrinho entrou em uma dessas escolas e ele era impossível, indisciplinado e já havia sido expulso de duas escolas, assim que entrou na militar, mudou totalmente a postura, estuda, brinca e principalmente vive uma boa infância dentro da escola, porém, para entrar nesta escola minha irmã teve que se mudar pois a que estava em andamento em nossa cidade foi descontinuada após o governo Lula assumir, o que achei de péssimo gosto. Fico triste que o governo Lula ache a educação hoje oferecida por eles está de bom grado, só demonstra o quanto ele não está a par de como está as escolas." (G4, 30 anos, gestão em TI, SP)

Rejeitam o modelo

Somente no grupo 4 (lulodescontentes) alguns participantes rejeitaram o modelo, apontando que essas instituições impõem um nível de disciplina que pode ser visto como excessivo ou desnecessário, invalidando que a educação seja reflexiva e crítica.

"Eu não gosto deste modelo de escola. Pois muitas vezes os pais colocam os filhos nestas escolas para um desejo dos pais. O ensino deveria ser para sujeito críticos e não padronizados" (G4, 53 anos, artesã , SP)

"Eu não gosto nenhum pouco desse tipo de escola, as pessoas tem a falsa ideia que estar em uma escola cívico-militar serão adultos mais "inteligentes". A disciplina vem da educação que se dá em casa. As crianças/adolescentes precisam crescer e ter pensamento próprio e não ser adestrados." (G4, 25 anos, babá, RS)

"Não acho que é um bom modelo, algo que não na minha opinião não agrega de forma positiva na vida da criança, pelo contrário nessas escolas eles querem ensinar as crianças com um tratamento rígido e disciplinas excessivas." (G4, 27 anos, autônoma, PA)

"Tenho algumas amigas que colocaram seus filhos em escolas militares pelo segmento dos maridos, mas eu sinceramente sou totalmente contra a algumas obrigatoriedades impostas. Porém em se tratar do ensino isso é totalmente diferente, eu acho muito bom. Se fosse apenas a questão do método de ensino super apoio; Mas me divido nessa questão de obrigatoriedades." (G4, 45 anos, artesã , PR)

Os participantes evangélicos

Os participantes evangélicos dos grupos bolsonaristas (grupos 1 e 2) demonstraram forte aprovação desse modelo, dando muita ênfase aos ensinamentos corretos, amor à pátria e não-doutrinação política dos alunos. Porém, entre os demais participantes, também evangélicos, dos outros grupos, essa visão não foi compartilhada, inclusive sendo criticada no grupo 4 (lulodescontentes).

"A escola cívico-militar é a melhor escola, os alunos respeitam os professores, tem regras a serem cumpridas, e o ensino é de excelente qualidade, todos aprendem de fato. A escola tem que ser feita para estudar, aprender, e os alunos serem respeitosos para com todos, e a disciplina é muito importante. Escola é pra estudar, e não ter um partido político, assim como alguns professores fazem induzem os alunos a serem de esquerda. Já vi muitos relatos de pessoas que têm seus filhos na escola, e acontece muito disso." (G1, 64 anos, empresário, PR)

"Sou completamente favorável por ter plena convicção que o modelo de escola cívico-militares tem mais disciplina, maior respeito pelos professores e pela instituição e um maior engajamento no tange ao civismo e a cidadania, que foi deteriorada por políticas de ideologia de esquerda implementada pelos mandatos de Lula. Dilma e Lula de novo." (G1, 50 anos, engenheiro, SP)

"Sou totalmente a favor das escolas militares e acredito q ensino civico-militar deveria começar ainda na educação infantil. A disciplina, respeito as autoridades e amor à patria sao valores q considero fundamentais na formação do cidadão e isso é aplicado nas escolas militares ." (G2, 43 anos, administradora, GO)

"Eu acredito que esse seria o melhor modelo de escola para os nossos filhos,eu vi um excelente resultado durante o governo de Bolsonaro. Esse tipo de escola no modelo militar na minha opinião ensina melhor doutrinas sem viés ideológicos,onde o ensinamento é de fato prioridade, cantar o hino nacional,orar um pai nosso,respeito aos mais idosos, respeito pelas diferenças,ensinamentos estes não se vê mais nas escolas,não estou banalizando as escolas que não estão dentro de critério,mas isso é muito sério hoje em dia. E quando o governo ele tira esse modelo de escola modelo cívico passa para mim que o Senhor lula não gosta dos militares. Bom eu sou a favorável a esse tipo de gestão e acredito que é o melhor modelo de escola atual para os meus filhos."" (G2, 42 anos, assistente logístico , PE)

"Não gosto e achei algo desnecessário, só pra inflar o ego do ex presidente,mas se for para o bem da juventude que continue e se espalhe pelo restante do país." (G4, 49 anos, artesã , CE)

Considerações finais

A semana começou com o debate sobre a pauta dos costumes. O tema da Parada do Orgulho LGBT gerou uma divisão interessante entre os grupos e, em alguns casos, no interior deles. Os bolsonaristas radicais foram massivamente contrários, o que é um sinal da força da agenda do tradicionalismo de valores nesse grupo. Os moderados já se mostraram mais divididos. Já os flutuantes apoiam o movimento, mas novamente deram mostras de seu ceticismo em relação aos políticos. Os Lulodescontentes dessa vez mostraram-se totalmente favoráveis, inclusive no que toca a quebra do monopólio da extrema-direita sobre o uso das cores verde e amarela.

É interessante notar que o tema rachou também os evangélicos, que não formaram um bloco coeso de rejeição. Mesmo os evangélicos bolsonaristas, mais mobilizados na oposição ao movimento, não abusou do uso de justificações religiosas. Esse dado, assim como tantos outros que temos produzido ao longo das semanas, indica que o voto evangélico na extrema direita talvez seja motivado menos pelo forte conservadorismo em si dos fiéis e mais pela militância eleitoral dos pastores. Essa é, contudo, uma hipótese mais difícil de provar com a presente metodologia.

No tocante à privatização das escolas públicas, os bolsonaristas convictos apoiaram fortemente, particularmente pela razão política de livras as escolas das ideologias de esquerda. Já os moderados, previsivelmente, mostraram mais uma vez sua inclinação pró-mercado, ou seja, justificam a privatização por argumentos de supostos ganhos de eficiência do serviço e da gestão. Os flutuantes e lulodescontentes se dividiram a respeito do assunto, alguns seduzidos também pelo argumento da melhor eficiência e outros desconfiados de que a privatização contribuiria para deteriorar ainda mais os serviços educacionais.

Em suma, a insatisfação com a qualidade do ensino público é generalizada. Porém, a solução pela privatização, ainda que tenha apoiadores em boa parte do espectro ideológico, está longe de ser consensual.

Previsivelmente, os bolsonaristas convictos apoiam entusiasticamente as escolas cívico-militares, mais uma vez por elas livrarem o ambiente escolar das ideologias de esquerda. Os moderados também manifestaram apoio consensual, mas o argumento é pela suposta inculcação de qualidade e inculcação de valores cívicos. Os flutuantes seguiram os bolsonaristas moderados no apoio a essa iniciativa, pelas mesmas razões. Foi somente o grupo de lulodescontentes que rachou, com alguns apoiando a iniciativa e outros rejeitando-a por tolher o pensamento crítico.

Chega a ser surpreendente o apoio dado em todos os grupos às escolas cívico-militares, particularmente entre flutuantes, que em geral se posicionam mais à esquerda que bolsonaristas convictos e mesmo entre lulodescontentes, nosso grupo mais à esquerda. Esse resultado, contudo, é coerente com aquilo que falávamos no item anterior, ou seja, a imagem ruim que a população tem do ensino público. Assim, uma solução desse tipo, por mais absurda que pareça para alguns, soa promissora para muitos, pois altera o status quo. É possível que tais posicionamentos estejam também relacionados com uma suposta imagem positiva que dos militares, mas tal hipótese ainda precisa ser testada futuramente.

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As técnicas tradicionalmente utilizadas para investigar a opinião pública são os surveys e os grupos focais. Ambas são muito úteis, mas têm com limitações da ordem prática e orçamentária, particularmente se deseja realizar um monitoramento contínuo.

O Monitor do Debate Público (MDP) é baseado em uma metodologia inovadora para monitorar de modo dinâmico a opinião pública e suas clivagens no que toca temas, preferências, valores, recepção de notícias etc.

O MDP é realizado por meio de grupos focais de operação contínua no WhatsApp, com participantes selecionados e um moderador profissional.

Assim como na metodologia tradicional de grupos focais, os grupos contínuos no WhatsApp do MDP permitem que o moderador estimule o aprofundamento de temas sensíveis e difíceis de serem explorados por meio de pesquisas quantitativas ou mesmo pela aplicação de questionários estruturados.

O caráter assíncrono dos grupos do MDP, possibilitado pela dinâmica da comunicação no WhatsApp, permite respostas mais refletidas por parte dos participantes, o que é adequado para eleitoral, dado que o voto é também uma decisão que demanda reflexão.

Por sua natureza temporal contínua, grupos focais do MDP são propícios para criar situações deliberativas, nas quais as pessoas se sentem compelidas a elaborar suas razões a partir das razões dadas por outros participantes do grupo.

O telefone celular é hoje o meio mais democrático e acessível de comunicação. Assim, a participação nos grupos do MDP não requer o uso de computador ou mesmo que os participantes interrompam suas atividades para interagirem entre si.

Equipe MDP

Carolina de Paula – Diretora geral

Doutora em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Coordenou o IESP nas Eleições, plataforma multimídia de acompanhamento das eleições 2018. Foi consultora da UNESCO, coordenadora da área qualitativa em instituto de pesquisa de opinião e big data, atuando em diversas campanhas eleitorais e pesquisas de mercado. Realiza consultoria para desenho de pesquisa qualitativa, moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade. Escreve no blog Legis-Ativo do Estadão.

João Feres Jr. – Diretor científico

Mestre em Filosofia Política pela UNICAMP e mestre e doutor em Ciência Política pela City University of New York, Graduate Center. Foi professor do antigo IUPERJ de 2003 a 2010. É, desde 2010, professor de Ciência Política do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP-UERJ). Coordenador do LEMEP, do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA) e do Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB).

Francieli Manginelli – Coordenadora de recrutamento

Cientista Social e mestre em Sociologia pela UFPR, com experiência em relações de consumo e estratégias de comunicação. Possui formação em UX Research e cursos de gestão e monitoramento de redes sociais e estratégias eleitorais, mídias digitais e gerenciamento de redes. Possui experiência em pesquisas de mercado e campanhas políticas. Realiza moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade.

André Felix – Coordenador de TI

Mestre em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Tem experiência em planejamento e desenvolvimento de sistemas computacionais de pequeno e médio porte, manutenção de servidores web e possui especialização em modelagem e implementação de bancos de dados relacionais.