Relatório 17

De 07 a 11/08

Metodologia

O Monitor da Extrema Direita (MED) se transformou no Monitor do Debate Público (MDP). Na verdade, foi uma expansão do projeto original, que contemplava somente grupos focais contínuos de bolsonaristas convictos e moderados. Tornamos mais complexa a combinação dos critérios de seleção de participantes para produzir quatro categorias de grupos:

G1 – Bolsonaristas Convictos: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, aprovam as invasões de 08/01, acreditam que o ex-presidente é perseguido pelas instituições e não assistem à Rede Globo.

G2 – Bolsonaristas Moderados: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, desaprovam as invasões de 08/01, não há consenso sobre o ex-presidente ser perseguido pelas instituições e não rejeitam a Rede Globo.

G3 – Preferências Flutuantes: votaram Branco/Nulo no segundo turno, mas em outros candidatos no primeiro turno. Os demais critérios são diversos.

G4 – Lulodescontentes: votaram em Lula no segundo turno, mas reprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.

Dessa maneira, o novo Monitor do Debate Público (MDP) será capaz de captar um escopo bem mais amplo da opinião pública e dos fenômenos que regem o comportamento político no Brasil de hoje.

Nossa metodologia permite que os participantes respondam aos temas colocados no tempo que lhes for mais conveniente, liberdade essa inexistente nos grupos focais tradicionais, que são presos à sincronia do roteiro de temas e questões colocados pelo mediador. O instrumento de pesquisa, assim, se acomoda às circunstâncias e comodidades da vida de cada um, reduzindo a artificialidade do processo de coleta de dados e, portanto, produzindo resultados mais próximos das interações reais que os participantes têm na sua vida cotidiana.

É importante salientar que os resultados apresentados são provenientes de metodologia qualitativa, que tem por objetivo avaliar posicionamentos e opiniões. Mesmo quando quantificados, tais resultados não podem ser tomados como dados estatísticos provenientes de amostragem aleatória, ou seja, as totalizações dos posicionamentos de grupos específicos não devem ser entendidas como dotadas de validade estatística mas como dado indicial.

O sigilo dos dados pessoais dos participantes é total e garantido, assim como sua anuência com a divulgação dos resultados da pesquisa.

Síntese dos Principais Resultados

Entre os dias 7 a 10/08 dois grupos foram monitorados a partir de suas opiniões sobre questões do momento. Compõem esses grupos 36 participantes, todos eleitores de Jair Bolsonaro no segundo turno de 2022, divididos entre bolsonaristas convictos (G1) e bolsonaristas moderados (G2) – o critério de seleção é o apoio aos atos de 8 de janeiro.
Cada grupo foi montado de modo a combinar variáveis como sexo, idade, etnia, renda, escolaridade, região de moradia e religião em proporções similares às da população brasileira.
Ao longo da semana, três temas foram abordados: i) avaliação do primeiro semestre do governo; ii) a operação policial na Baixada Santista; iii) a proposta de criação do Consórcio Sul-Sudeste de Romeu Zema.
Ao todo, foram analisadas 152 interações, que totalizaram 6.398 palavras.

Bolsonaristas Convictos Bolsonaristas Moderados
Avaliação do Governo Unanimamente o grupo avaliou negativamente o atual governo, classificando-o como péssimo e listando, sobretudo, problemas na área da economia (aumento de preços e impostos) e violência como questões que pioraram no país com a atual gestão. Todo o grupo reprovou a atual gestão, avaliando que a mesma não estaria cumprindo com suas promessas. Lula foi criticado por suas constantes viagens e por não cumprir suas promessas de preservação do meio ambiente e retomada da economia.
Operação na Baixada Santista Os participantes apoiaram incisivamente as decisões de Tarcísio e a forma com a qual a ação ocorreu, elogiando o atual governador por seu pulso firme e eficiência no combate a criminalidade. A morte de inocentes foi avaliada com um "mal inevitável" da ação. A maioria dos participantes concordou com a ação policial e a decisão de Tarcísio de Freitas, avaliando que a criminalidade deveria ser combatida com medidas eficazes. A morte de inocentes, infelizmente, seria um efeito colateral da medida.
Consórcio Sul-Sudeste Todos do grupo aprovaram as propostas de Zema, avaliando-as como uma maneira de reforçar a oposição ao atual governo. Muitos manifestaram ideias de inferiorização do nordeste perante as demais regiões do país. O grupo ficou dividido. Alguns aprovavam as falas de Zema, dizendo ter sido elas mal interpretadas, pois demonstravam apenas a busca por união política do sul. Outros as julgaram preconceituosa.
Pergunta 48
O governo Lula completou 7 meses de atuação. Como vocês avaliam esse primeiro semestre da atual gestão? Quais são os pontos positivos e os pontos negativos que o atual governo realizou pelo país?
Reprovam a atual gestão

Todos os participantes avaliaram negativamente o governo Lula, classificando-o como ruim ou péssimo e listando os aspectos que motivavam suas percepções. Em ambos os grupos alguns temas foram comuns:

i) a economia foi o problema mais citado, com reclamações acerca do preços altos (dos alimentos, dos produtos farmacêuticos e dos combustíveis), do aumento dos impostos e juros altos, e ainda, do crescimento do desemprego e do baixo aumento do salário mínimo.

ii) a educação, devido à suposta retirada de recursos para essa área e encerramento das escolas cívico-militares;

iii) a saúde, pela falta de investimentos e melhorias no setor nesse primeiro semestre;

iv) a repetida reclamação de que Lula estaria apenas desfazendo todas as benfeitorias de Bolsonaro;

v) a suposta retirada de mais de um milhão de beneficiários do Bolsa Família e a redução do benefício;

vi) a "compra de parlamentares", com Lula destinando verbas para conseguir a aprovação de seus projetos (descumprindo suas promessas de campanha).

"Gestão péssima. Gastos absurdos. Sem pontos positivos. E de negativos, fechamento de escolas civicomilitar, cancelamento de verba da educação" (G1, 34 anos, artesã , SC)

"Tudo negativo, taxas de imposto, as coisas mais caras , comida , material de construção, medicamentos etc ." (G1, 44 anos, desempregada , PR)

"Eu avalio como negativa, pois ao que parece e por tudo que foi feito, a grande intensão do governo do PT é desfazer tudo que Bolsonaro fez! O país está a deriva, as ações desse governo vai claramente nos levar ao sofrimento, como o povo venezuelano! Pontos negativos são inúmeros, aumentando violência, juros, impostos, fim das escolas militares, corrupção, e muita mentira!" (G1, 39 anos, contadora, BA)

"Eu não vi nada de positivo nesses 7 meses não pra mim ele tá jogando o Brasil cada vez pior com violência gasto absurdos e saúde só faltando medicamentos pro pessoal,e de negativo muitas taxas de impostos e tudo mais caro ainda mais em mercados e farmácias não acho que ele fez muita coisa em 7 meses não...." (G1, 44 anos, técnico de informática, SP)

"O ponto negativo_ não vi melhora em muita coisa, o mercado continua aumentando os preços, cada dia fica tudo mais caro, as escolas públicas continuam em falta de professores, os hospitais continuam um desrespeito com a classe mais necessitada." (G2, 39 anos, administradora, BA)

"Abaixou o combustível só pra recolocar os impostos e voltar a faturar o governo. Nada de bom vem pra população, cortou bolsa familha, . Só gastos desnecessários com ministérios e emendas parlamentares. Cortes de verbas na saúde e educação. Nota 0." (G2, 43 anos, comerciante, TO)

"pessimo, juros subindo, gastos excessivos comprando parlamentar e voto, muitas viagens, manipulação do sistema em prol deles mesmo" (G2, 38 anos, corretor de imoveis, SC)

"agora os pontos negativos são grandes, não trouxe ainda nem 1% do que foi falado, sobre o meio ambiente e outras coisas, embora ainda esteja no começo sinto que tem deixado muito a desejar como todos os outros governos, acho que o que ele tem pecado é falar demais, os juros estão muito altos, gasolina oscilando demais, tudo uma bagunça, então falta muito para ser considerado regular" (G2, 28 anos, autônoma, DF)

Bolsonaristas convictos

Além dos já citados, no grupo 01 a temática da onda crescente de violência e criminalidade (sobretudo pautada no tráfico de drogas) e a "aproximação" do Brasil com a Venezuela foram temas recorrentes, embasados em discursos mais radiciais e em informações não críveis.

"Avalio a atual gestão como irresponsável, não vejo ponto positivo em nada! Os pontos negativos são: o não combate ao tráfico de drogas, crescente violência, saúde precária, preço dos combustíveis também...Enfim, prometeram muito e até agora nada se cumpriu!" (G1, 42 anos, técnica administrativa, PA)

"Gestão pra mim não vi nada de positivo aumento da criminalidade, violência,gastos absurdos, verbas da educação bloqueadas da saúde." (G1, 48 anos, do lar, SP)

"Avalio como péssimo, até agora só fez se vingar do presidente Bolsonaro e desfazer tudo que ele fez de bom pelo povo, como fechar água do nordeste, excluir 1 milhão e meio do bolsa família, revogar o marco do saneamento básico, fechar as escolas militares, dizer em alto e bom som que vai extirpar quem não for de esquerda, os que votaram no Bolsonaro, gastar nosso dinheiro na compra de parlamentares pra votar contra o povo, tá caminhando bem rápido pra fazer do Brasil a próxima Vanezuela, lamentável tudo isso que estamos vivendo, calando todos que não concordam com os absurdos do governo dele, presos políticos num país democrático, mas como ele mesmo disse a democracia é relativa e vai ser do jeito que ele ditador pensa, estamos vivendo tempos dificilimos, só Deus pra intervir por nós!" (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)

"Negativo : Tudo que o Governo passado fez ele tirou e está tentando tirar , a criminalidade aumentou muito , claro violência sempre teve e sempre vai ter mas na minha opinião aumentou muito demais . Bolsa família pelo o que eu ouvi falar tbm parece que vai tirar de uma boa parte da população.. então ao meu ver ainda não vi nada positivo . Vamos ver no decorrer pode ser que eu mude minha opinião !" (G1, 33 anos, assistente administrativa , SP)

"Um governo que é apoiador de bandidagem, corrupto e muito mais não se pode esperar nada de positivo. Até agora só mentiras e hipocrisias." (G1, 51 anos, pensionista, GO)

"Eu não vejo nada de positivo a não ser ele fundando mais ainda nosso país cada vez mais drogas na ruas violência absurdo na saúde,negativo em tudo impostos mercados farmácias tudo aumentou está tudo ainda mais caro em 7 meses ele só piorou ainda mais o que já tava melhorando ele fez ao contrário está tudo de perna pro ar..." (G1, 26 anos, especialista em TI, PR)

Bolsonaristas moderados

No grupo 02, as constantes viagens de Lula, acompanhado de Janja, foram citadas por muitos participantes como um aspecto negativo de sua gestão. Além disso, a pauta do meio ambiente também foi debatida, avaliando que Lula teria "traído" a pasta ao não cumprir uma de suas principais promessas de campanha.

"70% viagem internacional +30% viagem pras festas do país = é 100% só viagens com a Janja ainda junto." (G2, 50 anos, dona de casa , DF)

"Foram 7 meses de viagens onde o presidente levou sua jovem esposa em uma lua de mel infindável, gastando a maior parte do tempo digladiando com a realidade para afastar a sombra do governo anterior. No meio ambiente houve aumento no desmatamento, além de mostrar que apenas usou os ambientalistas para ganhar eleição, provavelmente irá aprovar a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas, o que particularmente acho acertado, porém foge totalmente a narrativa pré eleições." (G2, 42 anos, administradora, GO)

"- Pontos negativos: muitas viagens ao exterior, clima tenso com o Banco Central , declarações atrapalhadas. Pontos positivos: nao vejo nada até o momento" (G2, 34 anos, contadora, RS)

" Ele prometeu cuidar do meio ambiente, teve até vídeo do Dicaprio, mas agora ta lá querendo vender a Amazônia, não vi nada de bom, só fez belas promessas e só faz pose em viagens" (G2, 30 anos, pensionista, TO)

Pergunta 49
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, autorizou e defendeu, na semana passada, uma operação policial, na Baixada Santista, após o assassinato de um soldado da tropa de elite da PM, por integrantes do tráfico da região. Ele disse:
“Não existe combate ao crime sem efeito colateral”.
A operação já matou 16 pessoas, foi acusada de torturar outras tantas, e prendeu 86 suspeitos. O que vocês acham dessa fala de Tarcísio e da operação?
Apoiam irrestritamente as decisões

Praticamente todos os participantes, em ambos os grupos, apoiaram as medidas adotadas no combate à criminalidade de São Paulo, avaliando que as ações foram cabíveis dentro do que é necessário para eliminar a criminalidade do país e que, a morte de inocentes, seria (infelizmente) uma medida colateral da ação.

O governador de São Paulo foi muito elogiado por suas decisões e celebrado como o futuro presidente do país, sobretudo quando comparado às supostas formas de combater a criminalidade do PT (com livros, flores e defesa de bandidos).

Houve uma notória comemoração em relação à morte de "bandidos" e a forma de atuação da polícia.

"Parabéns ao governador Tarcísio, queria um Tarcísio assim aqui no Rio de Janeiro. Com certeza não tem como combater o crime com flores e livros, e os bandidos muitas das vezes estão mais bem armados que a própria polícia, eles atiram sem pensar em ninguém, então quanto mais morre bandidos melhor pra sociedade, bandido bom é bandido morto, só lamento a morte de pessoas inocentes e policiais que tomam balas perdidas, mas é um preço a ser pago." (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)

"Concordo com ele, pois quando se trata de fazer o combate ao crime, certamente há a utilização de arma de fogo e consequentemente alguém poderá sair ferido ou morto!" (G1, 42 anos, técnica administrativa, PA)

"Está certíssimo, infelizmente tem inocente morrendo junto, mais o trigo pra ficar limpo tem que matar o joio , que nisso alguns trigo morrem também. Parabéns ao governador Tarcísio" (G1, 44 anos, desempregada , PR)

"Falou tudo! Temos ai um forte candidato a presidência. Corretíssimo tanto na fala quanto a operação" (G1, 34 anos, artesã , SC)

"Eu sou totalmente contra a violência, mas eu tenho que parabenizar nosso governador Tarcísio e o seu secretário de segurança, sem dúvidas, um estado desse calibre precisa de uma boa liderança, a gente precisa de um líder assim, que é uma pessoa inteligente, calculista, e que sabe lidar com as situações. Não posso dizer que não sinto pelas pessoas inocentes que estão pagando um preço alto, mas infelizmente o Brasil precisa de mais Tarcícios pelo país, precisamos ter mão pesada contra o crime." (G1, 39 anos, dona de salão de beleza, BA)

"Eu ofereço total apoio e parabenizo o Governador e demais envolvidos! Nosso hoje governador e futuro presidente Tarcísio é sempre sério e incisivo em suas falas, não deixando dúvidas sobre as convicções que motivam suas ações" (G1, 39 anos, cabeleireira, PE)

"Está correto o governador de São Paulo,não pode existir um estado paralelo no Brasil,o governo,tem sim de intervir com a força. Bandido tem mais é que morrer mesmo" (G2, 58 anos, administrador, MA)

"Eu apoio o governador de São Paulo. Acho que tem muito mi mi mi dessa turma do PT. O povo só quer defender bandido e a criminalidade só aumenta. Tem que ter leis rígidas, pena de morte pra esses bandidos que matam pra rouba, mata sem dó, então eu acho que tem que ir pra vala e pronto." (G2, 44 anos, autônomo , AL)

"Eu apoio o governador, a criminalidade vem aumentando justamente pra sustentar o tráfico. Pra combater isso, infelizmente morrem pessoas inocentes." (G2, 34 anos, contadora, RS)

"governador ta mais que certo, não existe operação que não resulte em baixa sendo de um lado ou outro sempre tera e que bom que esta sendo do lado dos bandidos, ja passou da hora de mostrar pra esses vermes quem manda" (G2, 38 anos, corretor de imoveis, SC)

Rejeitam os atos de violência

Pouquíssimos participantes se posicionaram contra as medidas adotadas, criticando como a ação foi conduzida e o desrespeito aos princípios dos direitos humanos.

"Por mais que eu apoie nosso sempre Presidente e seus aliados, eu não concordo com a violência, nem de um lado, nem do outro!Acho perigoso e arriscado entrar numa comunidade atirando, pois sabemos que acaba por matar inocentes, como crianças, por exemplo! A polícia Militar tem que fazer operações planejadas, com o uso da inteligência e não da violência! E acho que um chefe de estado não pode assinar em baixo de ações onde cidadãos honestos e crianças são mortas a tiros, sem qualquer empatia! Gosto mto do Tarcísio, mas acho que ele vacilou na fala!" (G1, 39 anos, contadora, BA)

"Não concordo como os policiais entram na favela, matando pessoas inocentes que não tem nada a ver, na favela temos pessoas de bem, acho que deveriam ter mais cautela, muitas vezes eles não são recebidos a tiros como eles falam, matam muito inocente e isso eu não posso concordar." (G2, 39 anos, administradora, BA)

"A fala do governador levantou muitas polêmicas sobre o combate ao crime, ao admitir e defender a possibilidade de efeitos colaterais em operações policiais. Acho há necessidade de avaliar cuidadosamente as operações policiais para evitar violações dos direitos humanos e o uso excessivo da força. É necessário encontrar um equilíbrio entre a segurança pública e o respeito pelos direitos individuais." (G2, 42 anos, administradora, GO)

"Eu acho que por causa de 1 a ação foi desproporcional, pq é muito fácil entrar em uma comunidade e taxar todo mundo de bandido gostaria de ver a policia entrar nos bairros nobres onde fica os verdadeiros traficantes e financiadores do trafico do mesmo jeito bater e prender e humilhar pobre em comunidade é fácil mais num Brasil onde o pau que bate no zé não é o mesmo que bate no Dr. Jose" (G2, 38 anos, técnico eletricista , RS)

Pergunta 50
O governador de Minas, Romeu Zema (Novo), afirmou que os Estados das regiões Sul e Sudeste deveriam se unir e fazer uma frente para se defender no Congresso Nacional de perdas econômicas e responder as ações que beneficiam mais os Estados do Norte e Nordeste.
“[…] já decidimos que além do protagonismo econômico que temos, porque representamos 70% da economia brasileira, nós queremos – que é o que nunca tivemos – protagonismo político. Outras regiões do Brasil, com Estados muito menores em termos de economia e população, se unem e conseguem votar e aprovar uma série de projetos em Brasília. E nós, que representamos 56% dos brasileiros, mas que sempre ficamos cada um por si, olhando só o seu quintal, perdemos”
O que vocês acham dessa fala?
Aprovam as falas a partir de uma interpretação politizada

Em ambos os grupos a maioria dos participantes apoiou o governador de Minas, interpretando suas falas como um chamamento à união política entre os estados das regiões Sul e Sudeste para conquistarem maior evidência política, ao mesmo tempo, omitindo os aspectos de segregação. Muitos compararam o ato como análogo ao consórcio dos estados do Nordeste.

"Zema falou a verdade, o desgoverno atual nos está levando ao caos. Além disso, ele não quis dizer no sentido separatista, quando aqui o nordeste fez a mesma coisa não saiu nenhuma nota e não vi as pessoas reclamando ou fazendo esse alarde todo. As pessoas tem que entender que realmente o Nordeste mudou muito e pra melhor, essa imagem de açudes secos que todo mundo imagina quando fala do nordeste isso mudou muito. O Brasil não é mais uma democracia! E o Zema está certíssimo em trazer o assunto para à discussão." (G1, 39 anos, dona de salão de beleza, BA)

"Sobre a fala do Zema, entendo e acredito que foi mal interpretada e está sendo usada como manipulação para quem se permite! Penso que ele se referiu mais a unidade dos políticos do sul-sudeste e não à mentira de dividir o país!" (G1, 39 anos, contadora, BA)

"Sou nordestina e não achei nenhum absurdo essa fala. Ele não falou que estava contra o nordeste, muito pelo contrário, disse que se inspirou no Nordeste (Consórcio Nordeste) para criar a Frente Sul Sudeste que tem por objetivo as ações para o desenvolvimento destas regiões. Tanto ele e os demais governadores estão corretíssimos em formar esta frente em prol de sua população e do Brasil." (G1, 39 anos, cabeleireira, PE)

"É bem verdade que o protagonismo econômico do norte e nordeste é bem menor que o Sul e sudeste, porém, a fala do governador se refere ao protagonismo político, ou união política. Os deputados e senadores dos estados do norte e nordeste sempre foram unidos em questão de votar projetos que beneficiam as duas regiões, enquanto que as demais regiões não tem essa mesma união política." (G2, 30 anos, pensionista, TO)

"Concordo com o governador e nao é caso de preconceito se trata de uma união politica para melhorar e trazer mais investimentos para os estados do sul e.sudeste , que percebo querem distorcer o discurso do governador para vitimizar e fazer apologia politica o nordeste sim precisa de ajuda continuar do governo mais outros estados também pois o nordeste sempre foi unido e consegue aprovar pautas políticas de seus interesses e os estados do sul e sudeste acordaram para fazer o mesmo" (G2, 38 anos, técnico eletricista , RS)

"Concordo com o governador. Não é preconceito, concordo com a citacão dos colegas acima. Sou do sul e temos sim que ter mais união, seguindo exemplo do nordeste que é unido e consegue avançar nas pautas." (G2, 34 anos, contadora, RS)

Aprovam as falas e reproduzem falácias acerca do Nordeste

No grupo 01 (bolsonaristas convictos) muitos participantes apoiaram as falas de Romeu Zema e validaram os argumentos acerca da inferioridade da região Norte-Nordeste perante o Sul-Sudeste.

Claramente balizaram as respostas dos participantes as percepções de que Lula foi eleito por conta de sua popularidade na região, que se tornou seu curral eleitoral por meio do programa Bolsa Família. Crenças acerca de uma suposta inferioridade da região também apareceram.

"Na minha opinião, o progresso nunca vai chegar ao Norte e Nordeste! Basicamente, essas duas regiões servem apenas de válvula de escape para a obtenção de votos, haja vista que o grau de instrução e a escassez de tecnologia são extremamente precários ! Isso certamente facilita a entrada de políticos que só sabem prometer e no final, não tem nenhum projeto concretizado!" (G1, 42 anos, técnica administrativa, PA)

"Perfeita! Ja tivemos uma tentativa para tornar o Sul (santa Catarina, Paraná e rio grande do sul) em república dos pampas. É extremamente injusto que sustentamos outros estados com nossos impostos e não recebemos melhorias" (G1, 34 anos, artesã , SC)

"Concordo super tendo em vista que o Nordeste é uma região onde se mais tem votos , já sabemos pq né ? Bolsa família e etc .. Concordo em tudo em cada palavra que disse !"" (G1, 33 anos, assistente administrativa , SP)

"Concordo com a colega, o progresso nunca vai chegar ao norte e nordeste e que a região só serve para obtenção de votos. Além disso, são regiões que se contentam com o pouco. Eu sei que o bolsa família é a realidade de muitas famílias, mas poderiam oferecer mais dignidade como a possibilidade de qualificar e empregar. É o que todo cidadão precisa para viver e não somente ter uma renda, e é o pouco que essas regiões se contentam. Quando o antigo presidente ofereceu ÁGUA, trouxe água para a região, não vi pessoas dessa região agradecendo, praticamente ignoraram o feito como se não fosse nada." (G1, 48 anos, do lar, SP)

"Minha opinião é a mesma da nossa colega, isso nunca vai sair da mesmisse o nordeste é uma âncora de votos 🗳 por isso o progresso nunca chegará!" (G1, 41 anos, promotor de vendas , RS)

"Eu acho super certo porque os Estados do nordeste ganham muito dinheiro sim e se todos fosse assim o Brasil estava bem melhor e lá sempre é uma região que mais ganha porque o pessoal lá ganham bolsa família e o votos de lá sempre são mais...

Concordo com tudo que ele disse está super certo" (G1, 26 anos, especialista em TI, PR)

Reprovam as falas de Zema

No grupo 02 (bolsonaristas moderados) alguns participantes criticaram as falas de Zema por seus conteúdos separatistas e xenofóbicos, relembrando o passado desigual das regiões.

"Eu como sou cearense,e nordestino de coração acho que o sulista se acham fomos escrachados por eles por termos eleito o presidente que aí está mas temos nossas culturas e economias que ajudam no crescimento desse país , mas se eles acham que são independentes que façam um muro dividindo o país" (G2, 53 anos, fiscal, CE)

"Um comentário totalmente descabido sem pés nem mais. Um discurso recheado de palavras sem sentido incentivando claramente a xenofobia" (G2, 54 anos, gerente senior, PA)

"Hoje o nordeste conta com as maiores lavouras de uva e manga que é distribuído no Brasil e no mundo. Por outro lado os Estados do Sul que tem a maior geração de renda do Brasil e não tem tanto investimento partido do governo. Querer mais investimentos no seu estado é direito de todos mas daí a xenofobia não é legal." (G2, 43 anos, comerciante, TO)

Preferência

Em uma breve pesquisa acerca da preferência dos participantes (entre os dois governadores), como potencial substituto a Jair Bolsonaro, Tarcísio de Freitas foi amplamente preferido, com argumentos de estar mais bem preparado e de ser mais enérgico na tomada de decisões.

"Eu escolheria o que seria o melhor para Brasil Tarcísio está mais preparado pois já está mostrando com seu mandato de governador" (G1, 48 anos, do lar, SP)

"Eu escolheria Tarcísio de Freitas pelo modo enérgico que tem conduzido o governo de São Paulo. Pra mim seria um ótimo substituto de Bolsonaro até pq Bolsonaro esta fora das eleições por ao menos 8 anos" (G1, 47 anos, administrador, GO)

"Eu gosto muito do meu governo Romeu Zema, mas voto no Tarcísio de Freitas por considerar ele mais preparado para o cargo."

(G1, 47 anos, secretária, MG)

"Eu escolho o Tarcísio de Freitas porque ele bem apropriado para esse cargo." (G1, 26 anos, especialista em TI, PR)

"Tarcísio, acho que ele foi o que melhor se colocou com suas falas e atitudes até onde vi, então eu escolhi ele" (G2, 28 anos, autônoma, DF)

"Tarcísio é sem duvidas a minha melhor opção, tem meu respeito pois já demonstrou ser um grande político, além de ser sempre sério e incisivo em suas falas, não deixando dúvidas sobre as convicções que motivam suas ações." (G1, 39 anos, cabeleireira, PE)

Considerações finais

Os grupos do projeto MED foram inteiramente renovados essa semana, ou seja, todos os participantes são estreantes, mas a divisão entre eles continuou obedecendo o mesmo critério, todos eleitores de Bolsonaro em 2022, separados entre aqueles que apoiam os atos de 8 de janeiro (convictos) e aqueles que os rejeitam (moderados).

A truculência no trato da segurança pública mostrou ser elemento de união entre todos os participantes, o que demonstra quão fundamental ela é no bolsonarismo, rompendo inclusive barreiras regionais, de raça e de classe social. Com seus atos, Tarcísio renovou a adesão dos apoiadores de Bolsonaro a sua figura, após um período de rusgas com o ex-presidente.

Houve, inclusive, quem elogiasse abertamente a morte de bandidos e criticasse métodos de lidar com o problema da segurança por meio do respeito aos direitos humanos, associados ao PT. A insensibilidade generalizada em relação às pessoas inocentes mortas nas ações, tratadas como dano colateral, é um dado ainda mais preocupante do ambiente cultural habitado pelos participantes. Alguns poucos se declaram contrários a essa maneira de proceder, a maioria no grupo dos moderados.

Já a postura de Zema foi vista por separatista e rejeitada por alguns moderados, ao passo que apoiada unanimemente pelos convictos. Isso mostra que a vantagem eleitoral que Lula conquistou nessa região funciona também como razão para a estigmatização dos nordestinos por parte dos bolsonaristas, que parecem conectar a preferência pelo PT a um conjunto de preconceitos já nutridos contra aquela região, particularmente por brasileiros das regiões Sudeste e Sul. Mais uma questão que confirma a divisão dos grupos.

As razões de reprovação aos 7 meses da gestão Lula compõem uma lista de testes para o posicionamento dos bolsonaristas, pois suas percepções acerca da economia, educação, saúde, assistência social, etc, são em tese passíveis de ser alteradas por resultados reais produzidos nos próximos meses. Se tais percepções de fato serão alteradas e a intensidade que isso se dará são questões muito dependentes dos padrões de consumo de informação desses cidadãos e, obviamente, da capacidade de o governo produzir avanços nessas áreas.

Por exemplo, o grupo de convictos mostrou-se altamente permeável à percepção de que há uma onda crescente de violência e criminalidade no país, ligada ao tráfico de drogas e à proximidade da Venezuela com o Governo Lula. Essas narrativas, recheadas de desinformação, as pessoas não formulam somente a partir de suas experiências vivenciais. Elas as obtêm de meios de comunicação que as disseminam.

Entre os moderados a pauta do meio ambiente foi usada para criticar Lula, que, segundo alguns dos participantes, não está cumprindo suas promessas de campanha em relação a ela. A companhia constante de Janja também foi vista de maneira negativa por esse grupo, como se o Lula estivesse misturando aspectos de sua vida pessoal ao seu trabalho como presidente.

Os temas da semana demonstraram que o bolsonarismo segue fiel aos alguns de seus pilares básicos: o ódio a Lula e o antipetismo e a violência policial homicida como forma de combate à criminalidade. O segregacionismo, expresso como ódio ao Nordeste, também apareceu mas com menor força.

A avaliação do governo demonstrou que a bolha bolsonarista segue bastante fechada, recebendo narrativas acerca da atual gestão seletivas e recheadas de desinformação, como as de que os preços seguem com tendência de alta, ou que Lula somente viaja e não governa, ou mesmo que não tenha feito nada em 7 meses de mandato.

Como pudemos notar, a renovação dos grupos, com a substituição dos 36 participantes, não produziu uma mudança de perfil geral das respostas, pois os convictos continuaram a ecoar as narrativas bolsonaristas quase sem filtro, enquanto entre os moderados identificamos dissidências e críticas aqui e acolá. Isso mostra que o método de separar os grupos por meio da posição em relação aos eventos de 8 de janeiro foi acertada.

Distribuição de Participação
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Rede Globo, Jair Renan, Casamento Civil Homoafetivo

Desfile da Independência, Operação Lava Jato, Desastre no RS

O silêncio de Jair e Michele, Hábitos de Consumo de Informação, Voto Secreto no STF

Zanin, Faustão e a Taxação das Grandes Fortunas

Relatório #19 MED

ESPECIAL: O CASO DAS JOIAS

Bolsa família, Laicidade do Estado e MST

Taxação de fundos exclusivos, Marielle e Porte de Arma

Escolas Cívico-Militares, Ataque a Moraes e Desenrola

Tarcísio vs. Bolsonaro, Lula no Mercosul e Aprovação de Lula

Condenação, Plano Safra e Inércia Bolsonarista

Julgamento, PIX e Condenação de Bolsonaro

Julgamento, Cid e políticas sociais

Valores: Marcha, Parada e Aborto

Temas: Zanin / substituto de Bolsonaro

Monitor da Extrema Direita

Os temas da semana são: (1) Investigações sobre os depósitos an

As técnicas tradicionalmente utilizadas para investigar a opinião pública são os surveys e os grupos focais. Ambas são muito úteis, mas têm com limitações da ordem prática e orçamentária, particularmente se deseja realizar um monitoramento contínuo.

O Monitor da Extrema Direita (MED) é baseado em uma metodologia inovadora para monitorar de modo dinâmico a opinião pública e suas clivagens no que toca temas, preferências, valores, recepção de notícias etc.

O MED é realizado por meio de grupos focais de operação contínua no WhatsApp, com participantes selecionados e um moderador profissional.

Assim como na metodologia tradicional de grupos focais, os grupos contínuos no WhatsApp do MED permitem que o moderador estimule o aprofundamento de temas sensíveis e difíceis de serem explorados por meio de pesquisas quantitativas ou mesmo pela aplicação de questionários estruturados.

O caráter assíncrono dos grupos do MED, possibilitado pela dinâmica da comunicação no WhatsApp, permite respostas mais refletidas por parte dos participantes, o que é adequado para eleitoral, dado que o voto é também uma decisão que demanda reflexão.

Por sua natureza temporal contínua, grupos focais do MED são propícios para criar situações deliberativas, nas quais as pessoas se sentem compelidas a elaborar suas razões a partir das razões dadas por outros participantes do grupo.

O telefone celular é hoje o meio mais democrático e acessível de comunicação. Assim, a participação nos grupos do MED não requer o uso de computador ou mesmo que os participantes interrompam suas atividades para interagirem entre si.

Equipe MED

Carolina de Paula – Diretora geral

Doutora em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Coordenou o IESP nas Eleições, plataforma multimídia de acompanhamento das eleições 2018. Foi consultora da UNESCO, coordenadora da área qualitativa em instituto de pesquisa de opinião e big data, atuando em diversas campanhas eleitorais e pesquisas de mercado. Realiza consultoria para desenho de pesquisa qualitativa, moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade. Escreve no blog Legis-Ativo do Estadão.

João Feres Jr. – Diretor científico

Mestre em Filosofia Política pela UNICAMP e mestre e doutor em Ciência Política pela City University of New York, Graduate Center. Foi professor do antigo IUPERJ de 2003 a 2010. É, desde 2010, professor de Ciência Política do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP-UERJ). Coordenador do LEMEP, do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA) e do Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB).

Francieli Manginelli – Coordenadora de recrutamento

Cientista Social e mestre em Sociologia pela UFPR, com experiência em relações de consumo e estratégias de comunicação. Possui formação em UX Research e cursos de gestão e monitoramento de redes sociais e estratégias eleitorais, mídias digitais e gerenciamento de redes. Possui experiência em pesquisas de mercado e campanhas políticas. Realiza moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade.

André Felix – Coordenador de TI

Mestre em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Tem experiência em planejamento e desenvolvimento de sistemas computacionais de pequeno e médio porte, manutenção de servidores web e possui especialização em modelagem e implementação de bancos de dados relacionais.