Relatório 16

De 28/07 a 03/08

Temas:

  • Bolsa família, Laicidade do Estado e MST
Realização:
Apoio:
Metodologia

O Monitor da Extrema Direita (MED) se transformou no Monitor do Debate Público (MDP). Na verdade, foi uma expansão do projeto original, que contemplava somente grupos focais contínuos de bolsonaristas convictos e moderados. Tornamos mais complexa a combinação dos critérios de seleção de participantes para produzir quatro categorias de grupos:

G1 – Bolsonaristas Convictos: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, aprovam as invasões de 08/01, acreditam que o ex-presidente é perseguido pelas instituições e não assistem à Rede Globo.

G2 – Bolsonaristas Moderados: votaram em Bolsonaro no segundo turno, desaprovam o atual governo, desaprovam as invasões de 08/01, não há consenso sobre o ex-presidente ser perseguido pelas instituições e não rejeitam a Rede Globo.

G3 – Preferências Flutuantes: votaram Branco/Nulo no segundo turno, mas em outros candidatos no primeiro turno. Os demais critérios são diversos.

G4 – Lulodescontentes: votaram em Lula no segundo turno, mas reprovam a atual gestão. Os demais critérios são diversos.

G5 – Lulistas: votaram em Lula no segundo turno e aprovam sua gestão. Os demais critérios são diversos.

Dessa maneira, o novo Monitor do Debate Público (MDP) será capaz de captar um escopo bem mais amplo da opinião pública e dos fenômenos que regem o comportamento político no Brasil de hoje.

Nossa metodologia permite que os participantes respondam aos temas colocados no tempo que lhes for mais conveniente, liberdade essa inexistente nos grupos focais tradicionais, que são presos à sincronia do roteiro de temas e questões colocados pelo mediador. O instrumento de pesquisa, assim, se acomoda às circunstâncias e comodidades da vida de cada um, reduzindo a artificialidade do processo de coleta de dados e, portanto, produzindo resultados mais próximos das interações reais que os participantes têm na sua vida cotidiana.

É importante salientar que os resultados apresentados são provenientes de metodologia qualitativa, que tem por objetivo avaliar posicionamentos e opiniões. Mesmo quando quantificados, tais resultados não podem ser tomados como dados estatísticos provenientes de amostragem aleatória, ou seja, as totalizações dos posicionamentos de grupos específicos não devem ser entendidas como dotadas de validade estatística mas como dado indicial.

O sigilo dos dados pessoais dos participantes é total e garantido, assim como sua anuência com a divulgação dos resultados da pesquisa.

Síntese dos Principais Resultados

Entre os dias 28 a 03/08 dois grupos foram monitorados a partir de suas opiniões sobre questões do momento. Compõem esses grupos 36 participantes, todos eleitores de Jair Bolsonaro no segundo turno de 2022, divididos entre bolsonaristas convictos (G1) e bolsonaristas moderados (G2) – o critério de seleção é o apoio aos atos de 8 de janeiro.
Cada grupo foi montado de modo a combinar variáveis como sexo, idade, etnia, renda, escolaridade, região de moradia e religião em proporções similares às da população brasileira.
Ao longo da semana, três temas foram abordados: i) a ampliação do Bolsa Família ; ii) as opiniões acerca do Estado laico; iii) as invasões recentes do MST.
Ao todo, foram analisadas 113 interações, que totalizaram 4.746 palavras.

Bolsonaristas Convictos Bolsonaristas Moderados
Bolsa Família A maioria dos participantes aprovava a existência do benefício social, como forma de ofertar auxílio aos mais pobres, porém muitos repetiram falácias acerca das falhas do programa e do caráter de seus beneficiários. Unanimamente o grupo apoia o programa social, listando seus benefícios para a população mais vulnerável. Porém, alguns questionaram a falta de políticas de incentivo à saída do programa, como oferta de qualificação profissional.
Estado laico A maioria do grupo mostrou-se a favor do estado laico, prezando pela liberdade religiosa, mas poucos debateram a separação entre política e religião. O grupo mostrou-se favorável à laicidade do estado, mas alguns avaliaram que a mesma não ocorre no Brasil, numa nítida confusão entre liberdade religiosa e liberdade de expressão.
Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra A maioria do grupo manifestou repudio ao MST por sua forma de atuar, duvidando de sua causa, ao mesmo tempo que criticou Lula por supostamente trair o movimento que usou para ganhar as eleições. O grupo defendeu a posição de Lula dentro do impasse, criticando as invasões e a existência do movimento, com o uso de argumentos que questionavam a idoneidade da luta e causas defendidas pelo MST.
Pergunta 45
Desde março, quando o Bolsa Família foi relançado pelo Governo Federal, 1,3 milhão de famílias foram incluídas no programa. A ação de busca ativa é a grande responsável pelas novas concessões, focando nas pessoas mais vulneráveis que têm direito ao complemento de renda, mas não recebem o benefício. Wellington Dias, ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, disse: "Começamos nesta terça-feira (18.07) o pagamento do Bolsa Família. E uma novidade positiva é que alcançamos 1,3 milhão de famílias que tinham direito ao benefício, muitas delas passando fome, e agora estão recebendo o novo Bolsa Família" O que vocês acham dessa decisão? E de modo geral, como avaliam o Programa Bolsa Família?
Aprovam e apoiam o programa

A maioria dos participantes mostrou-se a favor do programa e das causas defendidas pelo mesmo: auxílio do Estado para erradicação da fome e da miséria.

Porém, muitos fizeram ressalvas acerca da necessidade de maior controle dos beneficiários, para uma suposta distribuição justa e também indicaram desejos para a ampliação do programa em relação à assistência prestada, a fim de que políticas de qualificação e inserção profissional fossem criadas/ampliadas, para dar suporte e independência aos beneficiários.

"Eu acho muito sensacional. Sou nordestina e, embora seja nova, sei que o bolsa família mudou a vida de muita gente no Nordeste, inclusive da minha família, minha mãe nunca deixou de trabalhar, mas mesmo assim a renda do bolsa família sempre foi muito importante" (G1, 39 anos, dona de salão de beleza, BA)

"Gente vou ser sincera, bem antes eu achava que o Bolsa Família acomodava as pessoas e eu era contra a forma de distribuição do bolsa família, hoje vejo que é muito fácil julgar quando não nos colocamos no lugar de uma família de extrema pobreza que vive num sistema de governo que não investe nos próprios programas sociais e principalmente na educação, em cursos profissionalizantes como o antigo Pronatec como forma da pessoa se especializar profissionalmente para receber uma ajuda de custo! Sem mencionar que para tudo tem que ter estudos fundamentados e pelo que vi e entendo os estudos mostraram que o programa ajudou muito a economia do país e evitou parte da miséria e que deve pode melhorar seu alcance melhorar seus critérios." (G1, 39 anos, cabeleireira, PE)

"Eu acho muito bom porque tem gente que precisa muito desse auxílio e vive em situação bem ruim. Eu acho ótimo que vai ajuda muitas famílias que estão passando necessidade que não tem nem o que comer vai poder ter mais um pouco de sustentabilidade na suas casas." (G1, 26 anos, especialista em TI, PR)

"Eu acho um programa muito sério e importante pra nós brasileiros , é uma ajuda muito grande pra família e um programa muito importante pra todos" (G2, 53 anos, fiscal, CE)

"Eu fico feliz por quem recebe, infelizmente é uma burocracia tão grande, mais não vejo nada melhorando, eu avalio que seja regular porque vejo muita gente que não precisa recebendo e vejo pessoas que passam fome e não conseguem receber. Então infelizmente enquanto houver gente que consiga burlar as leis, não acho que vá pra frente." (G2, 28 anos, autônoma, DF)

"É um ótimo programa social do Governo Federal que já pendurar por anos, onde busca ajudar as famílias de baixa renda que passam fome no Brasil. Acredito também que deveria haver políticas de emprego e renda para essas famílias se incluírem no mercado, para que não sejam dependentes 100% desse programa." (G2, 26 anos, administrador , GO)

"Eu acho um programa de grande importância para as pessoas mais vulneráveis,pois é dever do Estado garantir o mínimo para a subsistência das famílias." (G2, 39 anos, administradora, BA)

Preconceitos e desinformação

Embora a maioria dos participantes tenha se afirmado a favor do programa, houve ressalvas acerca da funcionalidade do mesmo e do caráter dos beneficiários.

Enquanto alguns elencaram "apenas" dúvidas sobre os fatos, no grupo 01 (bolsonaristas convictos) as falas foram mais radicais, com acusações mais severas contra o programa, baseadas em depoimentos supostamente pessoais (por vídeos recebidos) de casos de exclusão gerados pela reforma do programa no atual governo, reprodução das narrativas sobre comodismo causado pelo programa ou da histórica crença de mulheres que "se enchem de filhos", e ainda falas acerca da necessidade de controle sobre o uso do valor recebido, com relato do conhecimento de pessoas que recebiam o auxílio para comprar drogas, por exemplo.

"Por um lado acho ótimo pq realmente tem gente que precisa muito e vive em uma situação vulnerável. Mas por outro lado tem mulher que se enche de filho para receber o o bolsa família e não ir trabalhar, viver às custas do Governo .. mas de um modo geral acho regular esse benefício" (G1, 33 anos, assistente administrativa , SP)

"Acho uma baita de uma mentira, porque na verdade foram excluídos do bolsa família mais de 1 milhão de beneficiários. Tenho visto muitos vídeos de pessoas necessitadas que foram excluídas do bolsa família, só pesquisar na internet, esse é o governo da mentira e da vingança, nada que venha desse governo corrupto é pra beneficiar os pobres."" (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)

"Na minha opinião, o Bolsa Família deveria ser disponível para quem faz curso de qualificação, muitas mulheres têm muitos filhos ""fiadas"" em ganhar esse benefício! Não estudam, não trabalham só querem saber de dinheiro fácil, digo isso sobre alguns casos que são assim!"" (G1, 42 anos, técnica administrativa, PA)

"Deveria haver uma visita para comprovação da situação de vulnerabilidade, porque tem pessoas que agem de má fé e mentem para se beneficiar do benefício. Pessoas que compram coisas para benefício próprio e não gastam com o que é necessário, que seria: comida e contas de casa. Além disso, deveria haver uma pesquisa mensal para identificar com o que a pessoa está gastando o dinheiro do benefício, para ter a certeza de que os gastos estão sendo para coisas necessárias e não para coisas supérfluas como celular e outros bens. Assim esse programa seria levado com mais seriedade e teria o propósito certo de beneficiar apenas pessoas que estão nessa situação de vulnerabilidade, que se encontra sem renda." (G1, 48 anos, do lar, SP)

"Mais uma piada desse governo o bolsa família na era lula era de 200,00 no governo Bolsonaro passou para 600,00 e mães solo chegaram a ganhar 1.200,00 nessa nova onda de lula cancelaram milhões de bolsas família. A verdade é que quem realmente precisa as vezes não está recebendo." (G1, 47 anos, secretária, MG)

"Eu achei excelente esta ideia de ajudar as famílias que realmente são necessitadas mas acredito que deveria ter uma melhor investigação para que somente os mais vuneraveis recebam para itens essencias como comidas e etc porque tem pessoas que utilizam para comprar itens supérfluos como por exemplo celular. Este beneficio só pode ser usado para pessoas que não possuem renda e comprovem usar em itens essenciais. O Bolsa Família para mim é uma grande ajuda para as famílias carentes de todo Brasil." (G1, 18 anos, aprendiz, SP)

"Eu creio que esse benefício ajuda e vai ajudar muitas pessoas, mas temos que ter regras tb, além da pessoa buscar qualificação ter um prazo para permanecer recebendo, pois é fácil ficar sentada tendo filho e recebendo um valor todo mês" (G1, 47 anos, microempreendedora , SP)

"O programa é bom mais as pessoas que tem situação vulnerável acomodam e vivem em busca de beneficios para sobreviver" (G1, 43 anos, agente de turismo , GO)

Pergunta 46
Atualmente tem se discutido muito sobre o Estado laico. O que vocês pensam desse assunto?
A favor da diversidade religiosa e da separação

A maioria dos participantes, em ambos os grupos, mostrou-se a favor da laicidade, sobretudo em prol ao respeito pela diversidade das práticas religiosas.

Em ambos os grupos, muitos argumentaram sobre a necessidade dessa separação, contudo, também disseram que a população ainda não estaria preparada para tal, tendo em vista a falta de maturidade do brasileiro para lidar com divergências de opinião.

"Sim, sou a favor do Estado Laico, compreende a prática religiosa independente, ou seja, ninguém poderá interferir... Pessoas de umbanda, budismo e demais religiões serão protegidas pela lei e quaisquer pessoas que forem agredi-las irão responder pelos atos discriminatórios!"(G1, 42 anos, técnica administrativa, PA)

"Eu penso que é muito bom pra todos, pois o Estado Laico é a proteção de todas as religiões é a liberdade de crença e de culto." (G1, 40 anos, pedagoga, RS)

"Na minha opinião, sou totalmente a favor de um Estado laico. A verdade é que não podemos esquecer que o perigo de se misturar política e religião é grande. É importante que as pessoas em geral tenham poder de fala independente de qual seja a sua religião. Muita gente emite "opinião" baseado na ignorância e na falta de capacidade de compreensão. É por isso que a separação do Estado e da Igreja é fundamental, já está na nossa constituição e deve permanecer." (G1, 39 anos, dona de salão de beleza, BA)

"É sou totalmente a favor do estado laico. A religiosidade, empobreceu nossa política." (G1, 39 anos, cabeleireira, PE)

"Acho que tem que ser cada um na sua , política cuida de política , religião cuida de religião" (G2, 53 anos, fiscal, CE)

"Seria muito bom e importante se todos respeitassem e usassem as diretrizes do estado laico. Pois está faltando muito disso para muita pessoa" (G2, 54 anos, gerente senior, PA)

"Não estamos preparados para a prática por várias divergências de posicionamento e pensamento" (G2, 43 anos, agente de turismo , GO)

"Infelizmente o Estado laico está longe de ser uma realidade em nosso país, pudemos observar nos últimos anos o governo buscando favorecer a religião evangélica. O estado laico deve garantir a promoção de todas as religiõesna sociedade cível, mas não dentro da constituição brasileira, acredito que política e religião não devem se misturar. A igreja católica por exemplo: não permite que clérigos sejam candidatos políticos." (G2, 26 anos, administrador , GO)

Divagações e falta de compreensão

Alguns participantes debateram o tema a partir de perspectivas desencaixadas ou limitadas de reflexão.

No grupo 01 (bolsonaristas convictos) alguns participantes criticaram a interferência política na religião quando igrejas foram fechadas durante a pandemia, para mostrar a falta de respeito do sistema político pela religião. Outros defenderam a liberdade, mas sobrepuseram a religião cristã acima das demais. E por fim, narrativas acerca da suposta ameaça de instauração do comunismo apareceram.

No grupo 02 (bolsonaristas moderados) muitos participantes argumentaram pelos princípios da "liberdade de expressão", denunciando valores morais invertidos e perseguição a quem defende o "tradicional". Claramente não houve compreensão sobre o que seria a laicidade, Sequer explicitaram e defenderam valores conservadores substantivos ao longo do debate.

"o Estado tem que ser Laico, respeitar as pessoas e suas crenças, mas o governo quer proibir as pessoas de adorar a Deus. Infelizmente a política quer sobressair as religiões tanto é que na pandemia fecharam igrejas e os ônibus continuaram lotados. Perseguição religiosa" (G1, 47 anos, secretária, MG)

"Mas se não tiver políticos que defendam os direitos das pessoas de ir às igrejas, os comunistas vão fechar todas." (G1, 34 anos, artesã , SC)

"Eu gosto do estado Laico desde que todas as religiões são respeitadas principalmente as Cristã adoradora de Deus verdadeiro" (G1, 48 anos, do lar, SP)

"Kk uma coisa que o Brasil já foi,hoje temos que ter cuidado com o que falamos , ações era pra ter liberdade e respeito num Estado Laico o que hoje o certo tá errado e o errado certo minha opinião" (G2, 50 anos, dona de casa , DF)

"Acredito que Estado laico é uma questão de ética onde deveria ser respeitado. Porém com o "politicamente correto" estamos cada vez mais longe disso." (G2, 43 anos, comerciante, TO)

"Essa politicagem acabou com isso. O que é errado virou certo e o certo virou errado. Todos nós estamos vivenciando isso. O Brasil tá muito longe de ser um país laico" (G2, 44 anos, autônomo , AL)

"O Brasil ta looooooonge de ser estado laico ja foi, de uns 20 anos pra cá não é mais e de 10 anos pra ca se tornou algo insuportável onde nao existe respeito, não existe mais opinião, e ai daquele se falar algo dos "mais afetados" da sociedade rs" (G2, 24 anos, eletrotécnico , GO)

Pergunta 47
Em abril desse ano, foi criada a CPI do MST, que pretende investigar as invasões de terra pelo MST, como seus objetivos e fonte de financiamento. O movimento invadiu nessa segunda (31/07), pela segunda vez, a sede da Embrapa (PE). Os líderes do MST acusam o governo Lula (PT) de descumprir os acordos firmados: de assentar mais de 1500 famílias. O que vocês acham do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra? Nesse impasse, quem está certo, Lula ou o MST?
Críticas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

A maioria dos participantes criticou o MST por suas lutas e reivindicações, fazendo uso de discursos excludentes e fantasiosos, há muito disseminados, como os de que "se tratam de pessoas ricas que depois vendem as terras". As invasões foram massivamente condenadas e muitos participantes apoiavam a extinção do movimento.

Houve quem mencionasse o impasse de interesses criado, uma vez que o movimento havia sido base na campanha de Lula e agora "estaria sendo abandonado", fortalecendo a ideia de que o movimento não teria uma causa real.

As informações que a maioria dos participantes tinha sobre os detalhes da CPI eram, contudo, muito rarefeitas.

"Eu acho o MST uma facção criminosa, porque eles não precisam invadir terra de ninguém porque já são ricos e muitos tem carros de luxo, iPhone e são patrocinados por partidos de esquerda, tinha que prender todos que invadir propriedade privada, porque o proprietário pagou pelas terras pra vir um monte de vagabundos e querer tomar na força. Os que realmente precisam de uma terra pra cultivar são pessoas honestas e honradas que não se prestam a um papelão desse." (G1, 55 anos, gerente de serviços elétricos , RJ)

"Eu não concordo com o MST. Quando essa turma da invasão se julga no " direito" de invadir propriedade alheia, eles passam a ser " os donos" do pedaço. A verdade é que nunca querem terra! Querem, na verdade, é poder político!!!" (G1, 39 anos, dona de salão de beleza, BA)

"O mst na verdade e apenas uma fachada para que grandes latifundiários simplesmente ganhem mais terras a custo de pessoas somente interessadas em ganhar dinheiro. Quem vcs acham que bancam toda a infraestrutura do MST. O lula está mais do que certo. Deveriam era acabar com esse MST" (G2, 54 anos, gerente senior, PA)

"Também concordo com o atual presidente, tem que ter uma fiscalização severa em cima deles e se muda governo e eles nunca estão satisfeito ou continua agindo dessa forma, o problema não ta na presidência e sim da má conduta deles de achar que pode invadir as terras dos outros" (G2, 31 anos, contadora, BA)

"Pra mim deveria esse MST tinha que acabar, só vejo interesse dessas pessoas de cima querendo ganhar mais e mais terras. Por mim já tinha acabado." (G2, 44 anos, autônomo , AL)

"Acho que o Lula está certo, acho que esse tipo de movimento deve ser extinto, infelizmente é algo que só traz muita controvérsias e bagunça, então não traz benefícios nenhum para ninguem" (G2, 28 anos, autônoma, DF)

"Sou contra o MST ,esse é um dos movimentos que devem ser extinto. Lula só fez acordos para ser eleito ." (G2, 34 anos, técnica de enfermagem , AP)

"Sou contra qualquer tipo de invasão do movimento sem terra onde tentam pegar oque não é deles, tentam apropriar de residência a força, pra mim o ladrão de celular e eles são o mesmo tipo de pessoa, o problema é que o governo passa a mão na cabeça desse "tipo" de ladrão ! Os dois tão errados primeiro que eles tão fazendo isso para pegar oque é dos outros, e segundo que se Lula não passasse mão na cabeça deles e não desse liberdade aos mesmos, não iria existir esse tipo de bandidos!" (G2, 24 anos, eletrotécnico , GO)

"Sou contra essas invasões e o presidente atual não está fazendo mais que o trabalho dele de tentar barrar essas invasões. Vale frisar que o MST apoiou a candidatura do presidente atual acho que pensando que teria apoio nas ações deles." (G2, 50 anos, dona de casa , DF)

"Também sou contra invasão e o movimento sem terra já sabemos que aproveitam do benefício para barganhar e invadir outras terras. Lula tá correto." (G2, 43 anos, agente de turismo , GO)

Apoiam a ação do MST

Poucos participantes apoiaram as ações do MST, considerando que se tratava de uma luta por direitos e que Lula não havia cumprido com as promessas que fizera a esse grupo.

"Eu acho que o movimento dos trabalhadores estão querendo apenas que seus direitos sejam cumpridos, e Lula não está nem ai pra eles, acho que o MST está com toda razão."" (G1, 40 anos, pedagoga, RS)

"No fundo eu estou achando a situação interessante, antes o PT e o Lula manobravam o MST como queriam e agora quem era aliado se volta contra rsrs....Eu acho que tem que cobrar mesmo mudanças ...Nosso país tem muitas terras improdutivas nas mãos de grandes latifundiários" (G1, 47 anos, microempreendedora , SP)

"Eu acredito que o movimento dos trabalhadores Sem terra querem que o seu desejo seja cumprido como prometido,estão totalmente decepcionados pois o Lula prometeu muitas coisas para eles e depois de vencer não fez nada do combinado e estou totalmente à favor do MST pois tem que cobrar mesmo." (G1, 18 anos, aprendiz, SP)

"Na minha opinião na essa questão é uma batalha que eles travam a nós os sem terras então se o atual governo prometeu tem que cumprir é um impasse ruim que fica se prolongando. Se prometeu o.minimo botar a promessa em dia sem argumentos pra mais." (G2, 38 anos, vendedor, RS)

Considerações finais

É digna de nota a legitimidade adquirida pelo programa Bolsa Família desde sua criação, a ponto de ser hoje apoiado inclusive por bolsonaristas, inclusive convictos. É certo que preconceitos e desinformação ainda campeiam, como mulheres que fazem inúmeros filhos para se beneficiarem do programa, que as pessoas que não procuram mais emprego para viver da renda, etc. É também importante notar que foi entre os bolsonaristas moderados que surgiu a preocupação com o “plano de saída” da política, típica de uma postura mais neoliberal de restrição do investimento em políticas públicas. Poucos participantes mostraram-se mais informados acerca das características e resultados do programa ao longo dos anos.

A laicidade do Estado foi defendida pela maioria, particularmente se entendida como respeito universal a todas as religiões. É importante, contudo, voltarmos ao tema ao longo da pesquisa pois em momentos anteriores a moralidade religiosa foi bastante defendida, inclusive sua influência sobre políticas públicas, como é o caso do aborto. Alguns bolsonaristas moderados conectaram a defesa do Estado laico com uma defesa radical da liberdade de expressão, mais uma evidência de sua forte inclinação libertária conservadora.

A pergunta sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra unificou os grupos em sua rejeição. A imagem do MST como um bando de invasores e arruaceiros que prejudicam o país apareceu repetidamente. Ironicamente houve quem aproveitasse o tema para criticar Lula, por supostamente ter abandonado as promessas feitas ao movimento.

Embora os bolsonaristas convictos sejam mais propensos a reprodução de notícias falsas, recentes e antigas, e os bolsonaristas moderados sejam mais comedidos, nos três temas da semana houve concordância mais intensa entre os grupos, evidenciando que o fenômeno da ascensão da direita ultraconservadora no âmbito da opinião pública está longe de ter desaparecido. Outro dado importante é a contínua conexão dos bolsonaristas, particularmente os convictos, com fontes de informação que lhes provém narrativas e justificativas frescas para seu posicionamento acerca de temas do momento. Mesmo pessoas muito pouco informadas sobre os detalhes de cada tema tendem a aderir a narrativas simples recebidas por canais que não sabemos exatamente como ora funcionam.

Distribuição da Participação
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Caso Marielle; Comissão de mortos e desaparecidos; Percepções sobre a ditadura

Taxação dos super ricos; Fraude na carteira de vacinção; Áudios de Cid

Segurança Pública em SP; Nikolas na Comissão de Educação; 60 anos da Ditadura

#Diário Gal Heleno #Economia #Pautas para Mulheres

Manifestação pró-Bolsonaro; Isenção tributária a entidades religiosas; iii) Mudanças nos mandatos

Guerra do Iraque; Vacinação da Dengue; Vídeo de Bolsonaro

#Investigações do Golpe #Fuga dos Detentos de Mossoró

#Aproximação entre Lula e Tarcísio de Freitas #Avaliação de Bolsonaro #Avaliação de Lula

Abin e Alexandre Ramagem; Carlos Bolsonaro e espionagem; Erros no ENEM

Percepções sobre a vida atual, Eleições municipais, Programa

Janones, Declarações de Lula sobre Dino, Indulto de Natal

Falas de Michele, Auxílio a Caminhoneiros e Taxistas, Apoios de Criminosos

#Dados do desemprego no Brasil #Colapso ambiental em Maceió #Disputa entre Venezuela e Guiana

Fim das Decisões Monocráticas, Morte de Clériston Pereira, Dino no STF

#Pronunciamento de Janja #Redução dos custos das Passagens Aéreas #Redução dos custos dos Combustíveis

Militares na Política, Privatizações, Dama do Tráfico no Planalto

#Déficit Zero na Economia #Gabinete do Ódio #Redação do ENEM

Desvio de Armas, Jair Renan na Política, 2a. Condenação de Bolsonaro

Veto dos EUA, Milei, Violência no Rio de Janeiro

GUERRA: Crianças, Resgate de Brasileiros, Conselho de Segurança

Violência no RJ, Fake News da Vacina, Oriente Médio

Inclusão de Pessoas Trans, Grampos de Moro, Conselho Tutelar

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Monitor da Extrema Direita

Os temas da semana são: (1) Investigações sobre os depósitos an

As técnicas tradicionalmente utilizadas para investigar a opinião pública são os surveys e os grupos focais. Ambas são muito úteis, mas têm com limitações da ordem prática e orçamentária, particularmente se deseja realizar um monitoramento contínuo.

O Monitor do Debate Público (MDP) é baseado em uma metodologia inovadora para monitorar de modo dinâmico a opinião pública e suas clivagens no que toca temas, preferências, valores, recepção de notícias etc.

O MDP é realizado por meio de grupos focais de operação contínua no WhatsApp, com participantes selecionados e um moderador profissional.

Assim como na metodologia tradicional de grupos focais, os grupos contínuos no WhatsApp do MDP permitem que o moderador estimule o aprofundamento de temas sensíveis e difíceis de serem explorados por meio de pesquisas quantitativas ou mesmo pela aplicação de questionários estruturados.

O caráter assíncrono dos grupos do MDP, possibilitado pela dinâmica da comunicação no WhatsApp, permite respostas mais refletidas por parte dos participantes, o que é adequado para eleitoral, dado que o voto é também uma decisão que demanda reflexão.

Por sua natureza temporal contínua, grupos focais do MDP são propícios para criar situações deliberativas, nas quais as pessoas se sentem compelidas a elaborar suas razões a partir das razões dadas por outros participantes do grupo.

O telefone celular é hoje o meio mais democrático e acessível de comunicação. Assim, a participação nos grupos do MDP não requer o uso de computador ou mesmo que os participantes interrompam suas atividades para interagirem entre si.

Equipe MDP

Carolina de Paula – Diretora geral

Doutora em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Coordenou o IESP nas Eleições, plataforma multimídia de acompanhamento das eleições 2018. Foi consultora da UNESCO, coordenadora da área qualitativa em instituto de pesquisa de opinião e big data, atuando em diversas campanhas eleitorais e pesquisas de mercado. Realiza consultoria para desenho de pesquisa qualitativa, moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade. Escreve no blog Legis-Ativo do Estadão.

João Feres Jr. – Diretor científico

Mestre em Filosofia Política pela UNICAMP e mestre e doutor em Ciência Política pela City University of New York, Graduate Center. Foi professor do antigo IUPERJ de 2003 a 2010. É, desde 2010, professor de Ciência Política do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP-UERJ). Coordenador do LEMEP, do Grupo de Estudos Multidisciplinares da Ação Afirmativa (GEMAA) e do Observatório do Legislativo Brasileiro (OLB).

Francieli Manginelli – Coordenadora de recrutamento

Cientista Social e mestre em Sociologia pela UFPR, com experiência em relações de consumo e estratégias de comunicação. Possui formação em UX Research e cursos de gestão e monitoramento de redes sociais e estratégias eleitorais, mídias digitais e gerenciamento de redes. Possui experiência em pesquisas de mercado e campanhas políticas. Realiza moderações e análises de grupos focais e entrevistas em profundidade.

André Felix – Coordenador de TI

Mestre em Ciência Política pelo IESP-UERJ. Tem experiência em planejamento e desenvolvimento de sistemas computacionais de pequeno e médio porte, manutenção de servidores web e possui especialização em modelagem e implementação de bancos de dados relacionais.